A Fuga

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A adrenalina corria forte nas veias... Nunca o caminho para fora da casa parecia ser tão distante, cada segundo que passava aumentava ainda mais a tensão em seu peito.

Tudo estava em completo silêncio. O som dos disparos das armas dos criados já havia cessado, e a escuridão da madrugada impedia que qualquer coisa fosse vista pela janela. O Sr. Briefs, tenso como um arco, permanecia imóvel, segurando firme o rifle nas mãos, pronto para atirar em qualquer coisa que se movesse à sua frente. Ficou assim por um longo tempo na entrada da casa, com os músculos rígidos e os sentidos aguçados, até que os primeiros raios de sol começaram a iluminar lentamente sua propriedade.

À medida que a neblina matinal se dissipava, o cenário de horror começava a se revelar diante de seus olhos. Um vento súbito soprou em sua direção, trazendo consigo um cheiro forte e nauseante de sangue. O pátio e o jardim da propriedade, outrora cobertos de grama verde e flores silvestres, agora estavam manchados de vermelho. Grandes poças de sangue espalhavam-se pelo terreno, formando trilhas que levavam aos corpos mutilados dos animais.

O patriarca saiu devagar de onde estava e começou a caminhar, descendo as escadarias até chegar ao pátio aberto. Cada passo que ele dava era acompanhado pelo som pegajoso de suas botas afundando na mistura de terra e sangue. Animais estavam por toda parte: porcos, cães de guarda e algumas cabeças de gado. Muitos estavam decapitados, com suas cabeças separadas dos corpos em um ato de violência brutal. Os olhos vazios dos animais pareciam olhar para o nada, refletindo a monstruosidade da noite anterior.

As cercas de madeira dos estábulos estavam quebradas e manchadas de vermelho, como se a fera tivesse arrancado as tábuas com uma força descomunal. Pelo chão, pedaços de carne e vísceras espalhavam-se, misturando-se com a lama formada pelo orvalho e pelo sangue. Pássaros começavam a se agitar nas árvores, atraídos pelo cheiro, mas hesitavam em se aproximar.

O celeiro, que antes era um lugar de refúgio e trabalho árduo, agora parecia um cenário de pesadelo. O cheiro de ferro e morte era sufocante. O Sr. Briefs, com o rosto pálido e uma expressão de puro terror, caminhava entre os destroços, tentando compreender a magnitude da tragédia.

- Maldito! Esse demônio destruiu quase tudo! - esbravejou Sr Briefs, ao ver um grupo de criados se aproximando lentamente.

O sol continuava a subir, iluminando cada detalhe grotesco da cena.

- Vocês! Não conseguiram matar essa criatura? - gritou ele, apontando em direção à floresta.

- Perseguimos a besta, senhor, mas ele é incrivelmente ágil e parecia conhecer a área como a palma da mão. Nós o avistamos em um dos corredores externos da propriedade. Avançou sobre nós. Atiramos até esgotar nossas munições - explicou Kakaroto, gesticulando com o rifle nas mãos.

- Ele é extremamente perigoso! Acabou com metade dos animais! Infelizmente, não conseguimos pegá-lo - acrescentou o capataz, visivelmente frustrado.

- Encontrem esse monstro! Matem-no antes que ele nos mate! Não vou tolerar falhas da próxima vez! - ordenou Sr. Briefs, completamente alterado.

Os criados, visivelmente abalados, acenaram com a cabeça em concordância.

Enquanto isso, no palácio, Bulma e sua mãe estavam acomodadas juntas em um dos quartos. Tomadas pelo medo, permaneceram sob a proteção do mordomo, que, exausto, cochilava sentado encostado na porta, segurando desajeitadamente o rifle em suas mãos. A claridade matinal atingiu o rosto de Bulma, fazendo-a remexer as pálpebras antes de abrir os olhos lentamente, fitando a vidraçaria das janelas embaçadas pelo vapor da noite.

Cautelosamente, ela se ergueu do sofá para não acordar a mãe e começou a caminhar até as janelas. Passou as mãos pelo vidro, limpando a condensação, e deparou-se com a destruição do lado de fora.

A Maldição - Uma Herança SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora