Então, do meio dessa agonia crescente, uma voz distante surgiu. Era grave, profunda, mas não vinha de uma única boca. Era como se mil vozes ecoassem ao mesmo tempo, sussurrando pelo vento da floresta, dominando o espaço ao redor.
- Ele já está a caminho... - sussurrou a voz ancestral, cortante como o ar gélido da noite. - Um sangue novo quebrará a maldição!
***.
Com a dor latejando em todas as partes do seu corpo, Vegeta se esforçou para manter o rosto inabalável, obrigando-se a sufocar o sofrimento que o invadia a cada instante. Seus olhos se voltaram para Bulma, e ele tentou esconder qualquer vestígio de arrependimento ou emoção. Sua mente gritava por ele a impedi-la de acreditar em tudo o que estava vendo. Ele precisava parecer frio, distante, como se realmente ela fosse mais uma conquista passageira. Isso era o único jeito de protegê-la.
"Ela não pode saber. Eu preciso mantê-la protegida". A dor de ter que vê-la ali, desolada, com os olhos cheios de tristeza, quase o fez perder o controle. Mas ele resistiu. Ele não podia deixar que ali, naquele momento, Bulma percebesse o quanto ele a amava. "Eu amo você... Não posso te perder, mas isso é pelo seu bem, a baronesa é uma mulher perigosa, capaz de mata-la!" ㅡ pensou ele enquanto mantinha a máscara de indiferença.
Lazuli, ao lado dele, não percebeu o turbilhão dentro de Vegeta, continuando com suas carícias, totalmente alheia à dor que a cena causava. Ela estava perdida no desejo de dominar e seduzir, sem perceber que estava apenas servindo como um distrativo em um jogo que ela nem mesmo compreendia.
Ainda com os olhos fixos no belo homem a sua frente, Bulma deu um passo para trás, em choque, quase incapaz de respirar. Ela não sabia o que dizer. Sua mente estava girando, e o único som que ela conseguia ouvir era o batimento acelerado de seu próprio coração, quebrado e destroçado.
Sentindo as pernas tremerem, quase como se perdessem a capacidade de sustentá-la, Bulma lutou para reunir forças e se afastar da porta. Toda fibra de seu corpo queria cair no chão e se deixar levar pela dor, mas algo dentro dela, uma força primitiva de sobrevivência, a fez se mover, mesmo que de forma lenta e trêmula. Ela precisava sair dali. Não podia suportar mais aquela cena. No entanto, mesmo se retirando, não conseguiu ir muito longe. Havia algo que a prendia naquele lugar, como se alguma parte de si esperasse que tudo fosse um terrível engano. Por isso, ela permaneceu por perto, escondida nas sombras da casa simples, com o coração batendo forte de angústia.
Vegeta sabia que ela ainda estava ali. Um dos dons de sua maldição, o alertava da presença dela nas proximidades. Cada batida de seu coração ressoava nos ouvidos dele, aumentando sua própria dor interna. Mas ele não podia parar agora. Ele tinha que manipular a baronesa.
Lazuli, por sua vez, estreitou os olhos, sentindo algo de estranho no ar. Ela era astuta, e sua intuição lhe dizia que algo estava fora do comum.
- Pode me dizer o que essa pirralha está fazendo aqui? De madrugada? - ela questionou com o olhar cheio de ciúmes, afastando-se de Vegeta, usando um tom de voz cheio de perversidade. - Aposto que minha amiga Panchy não sabe disso. E você, pode me explicar? Conhecendo bem você, deve estar comendo ela... - continuou Lazuli, sendo fria, enquanto seus olhos se estreitavam de forma perigosa.
Percebendo que tinha que agir rapidamente, Vegeta forçou um sorriso sarcástico e adotou um tom arrogante, aquele que sabia que Lazuli respeitava.
- Ora, Lazuli, não vai me dizer que está com ciúmes? O que acha? Você, todo esse tempo longe de mim, eu tive que me distrair com alguém. Você me conhece e sabe que não sou de ferro! - Vegeta respondeu, com sua voz penetrante como um golpe certeiro. Ele manteve sua postura firme, mesmo sabendo que aquelas palavras estavam dilacerando o coração de Bulma, que ouvia tudo escondida atrás da parede.
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A Maldição - Uma Herança Selvagem
FanficEm um recanto remoto do condado de Brasov, no antigo reino de Valáquia, uma ancestral maldição recai sobre uma linhagem familiar a cada quinta geração. Esta lenda trágica é tecida em torno de um homem cujas mãos mancharam-se com o sangue de um jovem...