Sua verdadeira essência

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— Então, você nunca se atreveu a usar sua verdadeira força comigo? — Bulma perguntou, olhando para as mãos poderosas dele.

— Se eu usar toda a força que tenho em você, certamente acabaria com a sua vida.

***                                   

Bulma sentia o chão desaparecer sob seus pés. O que antes parecia lenda ou pesadelo estava agora diante dos seus olhos, desafiando tudo em que um dia acreditara. Ali, à luz da lua cheia, a criatura se erguia, imponente, com suas quatro patas fortes cravando-se no solo com uma força assustadora. O olhar rubro do lobisomem reluziu com uma fúria primal, e, por um instante, ele pareceu tomar impulso, arranhando o chão como se estivesse prestes a avançar, pronto para caçá-la como mais uma de suas presas.

Ela engoliu em seco. As lágrimas ainda escorriam por seu rosto, e a ideia de correr passou rapidamente pela sua mente. Mas ela sabia que seria inútil. Aquele monstro... era Vegeta. O homem que amava. O homem com quem havia trocado promessas eternas. Por trás da fera, ele ainda estava ali, preso em sua própria maldição.

O rosnado gutural do lobisomem rompeu com uma força avassaladora, e, de repente, ele começou a correr feito um trem desgovernado em sua direção. Cada parte do seu ser gritava para que ela fugisse, mas em vez disso, Bulma abriu os braços, entregando-se àquele momento.

Enquanto ele corria em sua direção, flashes de memórias arrebatadoras inundaram a mente dela. As cenas dos bois, cavalos e porcos de seu pai, brutalmente abatidos no pátio, a noite fatídica em que chegou à propriedade e os uivos que a encheram de terror voltaram com força. Era ele! O mesmo que a observava da sacada com aquele olhar penetrante e as sobrancelhas franzidas, que fizeram seu coração disparar desde o primeiro dia em que o viu montado a cavalo.

Ela se lembrou da noite em que se perdeu na floresta, cercada por lobos, e Vegeta emergiu das sombras como um alfa, fazendo com que as feras se curvassem à sua vontade. Outra lembrança perturbadora veio à tona: quando um lince selvagem tentou atacá-la, e apenas com sua presença, ele fez o animal recuar. Os bichos sabiam! Sentiam! E a morte violenta de Videl, a criada com quem ele se envolvera, ainda retumbava em sua mente, como um aviso sombrio.

O vendaval de sensações parecia engolir tudo ao redor, até que ele ficou a poucos milímetros de seu rosto. Ela encarou os olhos vermelho-púrpura de Vegeta, que queimavam com uma combinação de fúria e desespero, como se espelhassem sua batalha interna. Aquele olhar era uma tempestade, feroz e doloroso, e, mesmo assim, havia algo inegavelmente familiar que a atraía.

Os olhos dela, tremendo entre o amor e a hesitação, não desviaram. Então, inesperadamente, num sussurro suave, ela disse:

— Eu te amo... mesmo assim.

Naquele momento, não havia medo no coração de Bulma, apenas um amor desesperado se fazia presente. Vegeta, ou o que restava dele, estava diante dela, imóvel, com o olhar feroz cravado nos seus olhos. Seria um teste? Um desafio para ver até onde ela iria por ele?

As palavras dela o tocaram profundamente, e isso ficou evidente no olhar dele, que piscou lentamente antes de fixar-se novamente nela.

— Eu sou um monstro! — sua voz ecoou como mil lamentos dentro daquele ser.

— Você é o homem da minha vida! — respondeu ela, movendo as mãos lentamente, quase como se quisesse tocá-lo, como se sua presença pudesse diminuir a fera que o habitava.

— Não faça isso... Afaste-se! Não posso me controlar por muito tempo! Agora preciso de carne e sangue fresco!

— Vá! Eu permanecerei aqui! Até você voltar... — declarou Bulma, sem hesitar, revelando sua coragem.

A Maldição - Uma Herança SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora