- Por que não posso ter um cavalo?
- Lauren, já conversamos sobre isso - Clint, o capitão de patrulha, respondeu enquanto escovava os pelos de sua égua com atenção.
- Mas quase todos os guardas que patrulham longe daqui possuem cavalo - disse indignada. - Menos eu!
- Se você não tivesse perdido um dos melhores cavalos que tínhamos nesse estabulo, não estaria reclamando - disse, apontando a escova em sua direção enquanto se dirigia para o balde de água.
- Aquilo não era um cavalo, era um demônio. Ele mal me deixava montar, comia toda a comida que eu levava para passar os dias na floresta e mastigava meu cabelo quando eu dormia -Ela argumentou, contando nos dedos. - Acho que ele deu graças aos espíritos da floresta quando o deixei desamarrado sem querer.
- Não fale assim dele - Tampou as orelhas da égua como se contasse um segredo. - Ele era o pai da minha querida Faísca.
Lauren revirou os olhos, dando risada. Clint tratava aquela égua como se fosse uma filha de sangue e era engraçado como a mimava tanto. Clint era um homem careca, usava a típica armadura do reino, mas com cores diferentes por ser o capitão. Era super alto e forte, com uma presença imponente.
- Não sei onde eu estava com a cabeça quando o dei para você. Nós poderíamos estar com vários potrinhos novos nesse exato momento. Ele era um garanhão - disse, se lembrando do cavalo negro e forte. - Você chegou a dar um nome a ele?
- Não deu tempo. Ele decidiu que sua liberdade era mais importante que um nome de sua dona - respondeu, acariciando Faísca, que, ao contrário do demônio de seu pai, era calma e carinhosa.- Vai me dar um cavalo ou não? - insistiu novamente, num último fio de esperança.
- Não - respondeu Clint, simples e direto. - Ainda não.
Ela bufou enquanto se afastava, apoiando os braços no cercado, observando enquanto os guerreiros cuidavam de seus cavalos com atenção. Ela fez um biquinho de frustração em sua tentativa falha.
- A clareira é um pouco longe. Se eu tivesse um cavalo, seria mais fácil - disse, enquanto fazia círculos na madeira com os dedos.
- Posso mudar seu lugar de patrulha para mais próximo, se quiser.
Lauren arregalou os olhos em desespero com a proposta e se virou novamente na direção de Clint.
- Sabe, senhor, eu adoro caminhadas. Me sinto viva andando enquanto patrulho, e correr na floresta é maravilhoso. Nem preciso de cavalo - disse nervosamente, tentando passar confiança. - Mas se quiser me dar um, não vou reclamar - completou.
Clint balançou a cabeça em negação, achando a cena engraçada. Ele não daria um cavalo a ela tão cedo.
- Não era para você estar aproveitando seu dia de descanso, Lauren?
- Vim em busca de um milagre, mas aparentemente não deu certo.
Os dois trocaram mais algumas palavras e logo Lauren se dirigiu para o centro da vila. O dia estava nublado, e o sol não deu as caras naquela manhã. Ainda bem que ela não estava em patrulha, pois tomaria uma chuva no dia seguinte. Lauren vestia roupas leves e confortáveis, ainda parte do uniforme dos guerreiros, mas feitas de tecido e coladas ao corpo, deixando seu corpo modelado.
Ela andava despreocupada, indo em direção ao templo dos anciões, pretendendo obter algumas informações aquele dia. O templo era um local sagrado e importante, onde muitas decisões e consultas eram feitas. Lauren queria aproveitar seu dia de folga para tentar descobrir algo útil.
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Between Two Crowns (Carmen)
FantastikApós descobrir uma passagem secreta entre seu reino e a floresta proibida, Camila se vê em um novo mundo onde o que ela julgava ser apenas um conto de fadas se torna realidade. Em meio a criaturas mágicas e mistérios ancestrais, ela precisa lidar co...