Capítulo 53 Lagrimas no quarto

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Após algumas horas desde que deixaram o planeta, Darwin já havia tomado um banho e estava descansando no sofá.

- Onde está a Even? - perguntou Darwin, notando sua ausência.

- Desde que entrou na nave, não saiu do quarto - respondeu Samantha.

Era compreensível que Even quisesse ficar no quarto após o que aconteceu no Abyss, especialmente na parte mais profunda. Aquela experiência certamente deixaria marcas difíceis de serem esquecidas.

Diego, notando que todos pareciam descansados e tranquilos, decidiu que era o momento certo para compartilhar algo que havia notado e que poderia ser importante para entender melhor a situação de Even.

- Gente, acho que precisamos conversar - chamou ele, reunindo o grupo de energionitas na sala onde costumavam se reunir para discutir assuntos importantes.

- Sobre o que você quer falar, Diego? - perguntou Magnus, fechando a porta para garantir privacidade.

- Vocês lembram daquele dia em que vimos o histórico médico da Even? Quando eles a chamavam de 001? - começou Diego, vendo os outros acenarem em confirmação.

Diego respirou fundo, sentindo um peso nos ombros ao trazer à tona o que havia descoberto.

- Eu vi esse número... em forma de tatuagem no... pulso da Even - revelou ele, olhando para o grupo com expressão séria, consciente da gravidade da informação.

☆☆☆

Even estava no aconchego de sua cama, envolta nos cobertores macios que a protegiam das memórias sombrias do Abyss. Ela olhou para a sua mão, onde as marcas das miçangas eram visíveis, impressas na pele devido ao aperto constante na pulseira quebrada que ainda segurava .

Sentindo a necessidade de se acalmar, Even levantou-se lentamente e caminhou até o banheiro. O frio das cerâmicas sob seus pés descalços a fez estremecer, mas também a manteve presente, afastando um pouco as sombras que a perseguiam. Ao acender a luz, o reflexo no espelho devolveu um rosto que parecia um estranho. Os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, as feições marcadas pelo cansaço e pela dor.

Ela suspirou, um som suave e trêmulo que parecia ecoar pela pequena sala. Com dedos trêmulos, começou a tirar a roupa, peça por peça, sentindo o peso de cada movimento como se fosse uma liberação lenta de sua carga emocional. Quando finalmente entrou debaixo do chuveiro, a água quente caindo sobre sua pele foi como um abraço caloroso, lavando as lágrimas e as lembranças dolorosas.

Even fechou os olhos, deixando a água escorrer pelo rosto e pelo corpo, tentando se perder na sensação de limpeza e renovação. Ela desejava que a água pudesse levar consigo todas as cicatrizes invisíveis que carregava, apagando as marcas de um passado que a assombrava.

Enquanto a água continuava a cair, ela se lembrou de algo que Bills lhe dissera uma vez, algo que tentava se agarrar em momentos como este: “Mesmo nas trevas mais profundas, sempre haverá uma luz esperando para ser encontrada.” Era uma lembrança reconfortante, uma pequena chama de esperança em meio à escuridão.

Após algum tempo, Even desligou o chuveiro e se enrolou em uma toalha vermelha com detalhes dourados, sentindo o tecido macio contra sua pele. O calor do banho ainda a envolvia, proporcionando um breve alívio do frio emocional que a perseguia. Com cuidado, escolheu roupas confortáveis para vestir: uma camiseta de algodão azul claro com mangas compridas, macia e um pouco larga, acompanhada de calça de moletom cinza.

Ainda faltava pentear o cabelo. Even abriu o armário do banheiro, aquele com um espelho na porta, e tirou um pente. Quando fechou o armário, seu coração quase parou. No reflexo do espelho, ela viu a outra versão de si mesma.

A estrela ocultaOnde histórias criam vida. Descubra agora