Capítulo 92 Recordações

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Even piscou, tentando entender o que havia acontecido. Quando recobrou a consciência, percebeu que estava sentada, com algemas nos pulsos. Não eram algemas comuns; eram feitas com a flor da morte, uma planta capaz de sugar a energia de um energionita. Nesse caso, as algemas a deixavam fraca e incapaz de usar suas habilidades.

Ela olhou ao redor, observando o ambiente. Estava em uma sala pequena com duas paredes, uma porta e uma janela de vidro que cobria toda a parede, mostrando algumas estrelas do lado de fora. A realidade era clara: ela tinha sido capturada.

Enquanto assimilava a situação, ouviu passos se aproximando. A porta se abriu, revelando Cronos. Ele a observou com um sorriso de satisfação.

— Parece que acordou, finalmente — disse Cronos, com um tom de sarcasmo. — Você foi uma presa difícil, Even, mas finalmente está nas minhas mãos.

Ele entrou na sala, aproximando-se dela com calma, seus olhos analisando cada detalhe de sua expressão.

— Essas algemas são especiais, feitas com a flor da morte. Aposto que já sentiu seus efeitos, não? — Ele sorriu. — Elas garantem que você não vai usar suas habilidades contra mim.

Even tentou manter a calma, mas a frustração e a raiva borbulhavam dentro dela. Sabia que precisava encontrar uma forma de escapar, mas as algemas tornavam isso  impossível.

Cronos deu uma última olhada em Even antes de se virar para sair.

— Aproveite a viagem, Even. Vamos encontrar Rex, e ele vai pagar um bom preço por você. — Com isso, ele saiu da sala, fechando a porta atrás dele.

Even ficou ali sentada, observando a nebulosa que a nave atravessava, as cores vibrantes dançando no espaço. A beleza do cenário contrastava fortemente com sua situação atual, e ela não pôde evitar se perder em suas memórias.

Lembrou-se de uma noite em particular em que não conseguia dormir. Estava perturbada por pesadelos e a inquietação não a deixava em paz. Naquela noite, ela andou pela nave, vagando sem rumo até parar diante de uma grande janela. O espaço do lado de fora oferecia uma tranquilidade que parecia inalcançável.

Enquanto observava as estrelas, ouviu passos leves se aproximando. Virou-se e viu Max. Ele hesitou por um momento, claramente nervoso, antes de se aproximar. Naquela época, Max ainda era tímido em conversar com ela, mas, mesmo assim, tentou puxar assunto.

— Não consegue dormir? — perguntou ele, a voz suave e hesitante.

Even sorriu levemente, tentando esconder o turbilhão de emoções dentro dela.

— É, algo assim. — Ela voltou a olhar para as estrelas. — Às vezes, a vastidão do espaço ajuda a acalmar minha mente.

Max assentiu, ficando ao lado dela. Ele parecia querer dizer algo, mas as palavras não saíam. O silêncio entre eles era confortável, porém carregado de emoções não ditas. Max sempre fora uma presença tranquila, alguém que a fazia sentir segura mesmo nos momentos mais difíceis.

— Sabe, Even, eu... — Max começou, mas sua voz falhou. Ele tomou um fôlego profundo e tentou novamente. — Eu sei que você carrega muito peso nos ombros. Só queria que soubesse que não está sozinha.

Ela virou-se para ele, surpresa pela profundidade em suas palavras. O olhar de Max era sincero, cheio de preocupação e algo mais que ela não conseguia decifrar completamente.

— Obrigada, Max. — disse ela, tocando levemente o braço dele. — Isso significa muito para mim.

Max sorriu, um sorriso tímido, mas cheio de afeto. Eles ficaram ali por mais alguns minutos, apenas observando as estrelas, compartilhando um momento de paz em meio ao caos de suas vidas.

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