Capítulo 17 Alguns dias para o caos

27 6 50
                                    

Era uma e meia da madrugada, a véspera de Natal. Mesmo sabendo do significado dessa data, algo que aprendera na instalação, Even estava longe de sentir qualquer conforto. Ela conhecia a história por trás do Natal, uma celebração que remonta ao século IV d.C., marcada pelo nascimento de Jesus Cristo e oficialmente estabelecida pela Igreja Católica no dia 25 de dezembro. Porém, esse conhecimento não a impedia de sentir-se inquieta.

Mesmo tendo convencido Emma e Lake de que conseguiria dormir, a realidade era outra. Deitada na cama, envolta por um lençol vermelho, seus olhos fixos no teto, ela sentia o tempo se arrastar. Na mesa ao lado, seu moletom, o que usava frequentemente, chamava sua atenção. Com um simples movimento, ela o trouxe flutuando até si, usando telecinese.

"Vamos ter que lavar ele escondido"

O moletom estava manchado de sangue por dentro, resultado de acontecimentos recentes .

"E costurar"

Enquanto refletia sobre essas coisas, algo interrompeu seus pensamentos. Uma sensação forte e desconfortável surgiu, vinda de fora do quarto: medo, desespero, várias emoções negativas que inundaram sua mente, mas entre elas, havia um fio de esperança.

Curiosa e cautelosa, Even saiu da cama e se aproximou da janela, levantando levemente a cortina que possuía delicados bordados de rosas. Lá fora, um adolescente, com um moletom de caveira e capuz cobrindo a cabeça, a encarava. Seu cabelo castanho despontava sob o capuz, e seus olhos verdes fixaram-se nos dela por alguns segundos.

Me deixa entrar!—disse o adolescente, sua voz baixa para não acordar os outros, enquanto batia suavemente no vidro da janela.

"A gente abre?"

"E eu sei lá, olha a alma dele"

Even focou na alma do rapaz, que se revelou azul, sem qualquer escuridão—a prova de que ele não tinha más intenções. Confiando em sua intuição, ela destrancou a janela e a abriu, permitindo que o adolescente pulasse para dentro do quarto.

—A Joyse ainda tá dormindo, né? Tá meio tarde— comentou o rapaz assim que entrou, lançando um olhar para o relógio. Foi então que Even notou uma fina linha de sangue na testa dele.

—Você tá sangrando— apontou Even, gesticulando para o machucado. Sem pensar duas vezes, abriu a gaveta e tirou de lá uma caixa de curativos que havia pegado do mercado, oferecendo um a ele.

—Obrigado. A propósito, você é a Even, a garota com amnésia de quem a Joyse me falou?— perguntou o adolescente enquanto colocava o curativo na testa.

—Sou—respondeu Even, ainda um pouco desconfiada.

—Meu nome é Marco, sou o namorado dela. Será que posso ficar essa noite no seu quarto? Eu durmo no chão mesmo—disse Marco, agora com um tom de urgência, como se estivesse com medo de algo lá fora.

"Ele tá com medo de alguma coisa"

—Tudo bem, agora me responda uma pergunta: o que você veio fazer aqui nesse horário?—perguntou Even, sem desviar os olhos de Marco.

—É que meu pai meio que me trancou do lado de fora de casa, então vim aqui ver se a Joyse me deixava dormir aqui. Mas bati na janela dela e nada... Foi aí que já ia embora quando eu te vi— explicou Marco, mas algo não parecia certo.

Vermelho:"Ele tá mentindo"

Azul:"A gente questiona?"

Antes que Even pudesse continuar, Marco já estava se deitando no chão. —Bem, já vou dormir. Boa noite!—disse ele, fechando os olhos rapidamente.

A estrela ocultaOnde histórias criam vida. Descubra agora