Capítulo 20

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Nanda

Acordei com um sobressalto o corpo pesado e a mente nebulosa. O sol entrava pelas cortinas criando padrões quentes na parede. Ao abrir os olhos percebi que estava vestida apenas com calcinha e sutiã e coberta por um lençol fino. Um choque imediato me envolveu e meu coração começou a bater acelerado.

Sentei-me na cama rapidamente puxando o lençol para me cobrir enquanto tentava entender a situação. O quarto era luxuoso mas havia um frio no ambiente que contrastava com o calor que eu ainda sentia. O cheiro de perfume masculino e o leve aroma de bebida pairavam no ar misturados com o meu próprio cheiro.

Olhei para o lado da cama e lá estava Jota o cantor de trap que eu sempre achei um dos caras mais gostosos do Brasil. Ele estava adormecido ao meu lado com a cabeça repousando em um travesseiro. O choque foi instantâneo e eu me senti ainda mais constrangida ao perceber como havia sido a noite.

Antes que eu pudesse me levantar Jota se mexeu e despertou. Seus olhos se abriram e ele me observou com um sorriso ligeiramente cansado mas direto.

-Bom dia estava saindo sem nem mesmo me agradecer?
Disse ele com um tom despreocupado falam mesmo que esses cantores tem uma autoestima elevada ele quer que eu agradeça o que eu dormi com ele e nem me lembro da nossa transa.

Eu tentei me levantar mas ele levantou a cabeça e me observou com um olhar um pouco mais atento e eu fiquei morrendo de vergonha me cobro na hora sem deixar ele ver minha calcinha e meu sutiã.

-Olha não vai pensar que rolou alguma coisa porque ontem a noite tá mais para castigo não tenho nada haver com o fato de você estar assim acho que você deve ter tirado a minha camiseta que vesti em você. Você estava impossível.
Falou e eu fiquei morrendo de vergonha

-Impossível?
Repeti sua e o olhei perplexa.

-É.
Disse ele com uma expressão que misturava um certo divertimento com cansaço.
-Você vomitou em mim e estava gritando o tempo todo e xingando um tal de Gael. Levei você para tomar um banho de roupa mesmo e fica tentando ficar pelada toda hora e de repente começou a chorar como criança e me molhou inteiro também no banheiro e eu tive que lidar com isso. Quem é esse Gael, afinal.
Enquanto ele falava sentia a vergonha subir no meu rosto tenho certeza que estou vermelha e quando ele falou que eu mencionei o Gael foi como fosse a última pá de terra que ele jogou em meu enterro.

-Gael é... era meu ex.
Murmurei o rosto queimando.

Jota piscou olhando para mim com um olhar de compreensão misturado com uma pitada de divertimento.

-Parece que ele realmente deixou uma marca. Bom, pelo menos você não está com ressaca agora né?
Falou querendo dar uma risada.

-Bom é a galera que eu tava ontem o que aconteceu? Como eu vim parar aqui com você?
Perguntei a última coisa que eu lembro é do produtor dele amigo do José me dando o trago da boa.

-Bom o José e a Yanka ralaram as 4 da manhã e eu te trouxe aqui logo depois você não me falava de jeito nenhum o hotel para eu te deixar a Yanka tava doidona o José eu tava doido também mais perto de vocês todos eu era o menos pior.
Falou me explicando eu passei não no meu cabelo nervosa que vergonha.

-Eu não acredito que causei tudo isso. Me desculpa por tudo.
Falei eu estou mortificada ele deu de ombros.

-Olha foi uma noite interessante. Mas relaxa tá tudo bem agora.
Falou ainda com o sorriso no rosto de forma charmosa e um tanto provocativa eu me senti um pouco aliviada mais ainda morrendo de vergonhas.

-Eu... realmente agradeço por ter cuidado de mim. E desculpa por todo o drama.
Falei agradecida que noite ainda bem que não me lembro. Mais o que será que eu falei sobre o Gael?! Meu Deus. Passei a mão no meu rosto tensa.

Jota se levantou esticando os braços para cima revelando o físico definido que eu já tinha visto nas redes sociais e shows. Ele caminhou até o minibar e pegou uma garrafa de água e se aproximou de onde eu estava encolhida na cama sentada.

-Quer um pouco? Você vai precisar se hidratar depois de ontem.
Ofereceu para mim.

Peguei a garrafa ainda me sentindo perdida. Tomei um gole e respirei fundo tentando acalmar os nervos. Ele parecia tão à vontade tão despreocupado enquanto eu estava ali uma bagunça de emoções e vergonha.

-Então qual é o plano agora?
Ele perguntou, quebrando o silêncio enquanto eu bebia a água.
-Quer que eu te leve pra casa? Ou talvez queira ficar aqui mais um pouco até se sentir melhor?
Falou me analisando talvez ele queira que eu vá embora deve ter compromissos eu já dei muito trabalho para esse homem.

Eu hesitei não sabendo ao certo o que responder. Parte de mim queria sair correndo e esquecer que isso aconteceu mas outra parte sabia que precisava enfrentar a situação com maturidade.

-Acho que vou precisar de um tempo para me recompor.
Falei  finalmente tentando soar mais confiante do que me sentia.
-Vou para o meu hotel... Só não sei exatamente onde deixei minhas coisas...
Falei preocupada e tensa onde está meu celular minha bolsa com meu documento.

-Estão ali. Você pode tomar um banho se quiser. Deve se sentir melhor depois disso.
Jota apontou para uma cadeira no canto do quarto onde minhas roupas estavam jogadas, junto com uma pequena bolsa.

Eu assenti agradecida pela gentileza inesperada. Levantei-me da cama ainda segurando o lençol, e fui até a cadeira pegar minhas coisas. Senti o olhar dele em mim enquanto caminhava o que só aumentava minha sensação de vulnerabilidade. Peguei minhas roupas e entrei no banheiro fechando a porta atrás de mim com um suspiro de alívio.

Enquanto a água quente caía sobre mim eu tentava processar tudo o que havia acontecido. A noite anterior era um borrão e saber que ele tinha me visto no meu pior momento era humilhante. Mas ao mesmo tempo ele tinha sido surpreendentemente gentil ainda que com aquele toque provocador e confiante. Não tinha tirado proveito da situação apenas me ajudou quando eu estava completamente fora de controle.

Quando terminei o banho me vesti rapidamente e saí do banheiro sentindo-me um pouco mais composta. Jota estava sentado na cama mexendo no celular. Ele olhou para cima quando me viu e sorriu.

-Pronta para ir?
Perguntou se levantando.

-Não precisa me levar sério.
Falei mexendo no meu cabelo e ele me olhou de um jeito engraçado.

-Vou perguntar de novo pronta para ir?
Perguntou e eu assenti pegando minha bolsa.

-Sim acho que sim.
Respondi e ele levantou e se aproximou de mim com um olhar sério pela primeira vez.

-Olha não precisa se sentir mal por ontem. Acontece. Todo mundo já teve uma noite ruim.
Falou sendo muito gentil e eu agradeci com um sorriso tímido. Ele estava certo claro mas isso não fazia a vergonha desaparecer. Saímos do quarto e Jota e tinha uma van esperando a gente. O caminho foi silencioso mas não desconfortável. Quando o carro parou em frente do hotel  ele me olhou de lado.

-Se cuida tá? E vê se não arruma mais encrenca.
Disse com um sorriso divertido.

-Vou tentar. Obrigada por tudo Jota.
Eu sorri de volta meio sem jeito.

Ele acenou e ficou observando enquanto eu saía da van até eu entrar no hotel. Ao fechar a porta atrás de mim finalmente soltei o ar que estava prendendo. Foi uma noite louca mas ao menos estava terminada. Agora era hora de enfrentar as consequências e seguir em frente esperando que a próxima vez que encontrasse Jota fosse sob circunstâncias bem diferentes.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora