Capítulo 51

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Marcelinho

Tive a conversa com o Rui e está oficializado. Vou participar dos negócios da família mesmo que apenas uma pequena parte. Engraçado né? Logo eu advogado criminalista alguém que deveria lutar contra a criminalidade estou entrando de cabeça na maior lavanderia de dinheiro que conheço. E o mais irônico de tudo é que o meu próprio primo Rui que sempre quis me proteger disso acabou cedendo.

O Rui claramente não está confortável em me colocar no meio disso mais não foi uma descida só dele teve dedo do meu avô. Depois do que aconteceu em Manaus... E agora com meu pai trazendo outra novidade acho que ele achou melhor já colocar o meu pai de escanteio... Por enquanto. Como se isso fosse suficiente para manter o controle da situação.

Rui já me deu algumas informações. Nada muito detalhado claro mas o suficiente para saber que alguém está de olho no nosso lugar. Alguém descobriu quem somos de verdade e está vindo atrás de nós. Ele quer que fiquemos em casa longe de problemas porque esse ano já foram escândalos demais. Até que o Israel trazer boas notícias.

Depois de ver a mensagem da Mari resolvi fazer algo simples: pedi para os empregados trazerem um pouco de comida e champanhe para o meu quarto. Enquanto eu tomava um banho já começava a planejar o que viria a seguir. Mari claro viria até aqui. Acho que essa noite vai ser longa.

Saí do banho com a toalha enrolada na cintura, ainda sentindo o vapor quente grudado na minha pele. A água escorria pelas costas enquanto eu caminhava até o quarto. A luz suave e as velas acesas pelos empregados deixavam o ambiente mais calmo quase íntimo. Peguei o celular na cômoda abri a mensagem da Mari.

Mari

Vem pro meu quarto.

Enviei. Joguei o celular na cama deixando-o cair em meio aos lençóis desarrumados. Suspirei fundo tentando ignorar o caos na minha cabeça. Caminhei até o espelho e encarei meu reflexo por um segundo. Passei as mãos pelos cabelos ainda molhados e abri a gaveta da cômoda pegando meu perfume favorito. Três borrifadas no pescoço e no pulso do jeito que eu sempre faço.

Enquanto terminava de me vestir ouvi um barulho leve. Uma batida na porta. Caminhei até lá meio distraído e quando abri lá estava ela. Mari com aquele sorriso nervoso que ela tentava esconder mordendo o lábio. Ela entrou no quarto rápido como se estivesse fugindo de algo.

-E aí vamos sair?
Ela perguntou olhando ao redor e depois para mim. -Vamos pra onde? Não quis falar pra não deixar provas?
Falou e riu de um jeito meio culpado mas divertido.
-Tô me sentindo uma adolescente...
Disse passando a mão pelo cabelo e me encarando.

Apontei com a cabeça para a mesa cheia de comidas champanhe e as velas que tremeluzem na penumbra.

-A gente não vai sair...
Respondi.

Ela seguiu meu olhar e viu a mesa cheia com champanhe e as velas que balançavam levemente com o vento que entrava pela janela entreaberta. Mari sorriu mas dessa vez o sorriso dela era mais contido curioso. Ela caminhou até a mesa pegou uma das taças e a levantou no ar virando-se de novo para mim.

-Você realmente não brinca em serviço hein?
Falou com uma sobrancelha arqueada enquanto girava a taça entre os dedos.

Caminhei devagar até ela pegando a garrafa de champanhe na mesa. O estalo da rolha ecoou pelo quarto e o líquido borbulhante preencheu as taças que já estavam ali. Entreguei uma a ela e tomei um gole da minha sentindo o gosto fresco e ácido na língua.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora