Capítulo 23

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Bella

Caminhei pela areia sentindo a tensão subir pelo meu corpo como uma onda prestes a quebrar. O sol estava forte mas não era o calor que fazia minha pele queimar. Era a raiva a decepção. Eu estava me segurando para não explodir para não transformar a praia em um espetáculo. José e Luana. As palavras ecoavam na minha cabeça enquanto meus olhos vasculhavam o mar de gente. Onde eles estavam?

A cada passo o desconforto aumentava. Yanka... Ela não merecia isso. Ninguém merece ser traída! E o José como pode mais como eu ainda posso acreditar no que um homem fala? Eu mesma já passei por isso um homem dizia que eu era a mulher da vida dela e me traiu os homens são assim. Rui nunca gostou José e eu defendendo o relacionamento falando o quanto o Jose parecia gostar muito da Yanka que ele a tratava bem que eles eram felizes juntos. Como eu poderia ter me enganado tanto?!

Finalmente avistei os dois. Eles estavam praticamente se comendo no meu da praia! Seus corpos estavam colados e a cena fez meu estômago revirar. Não podia acreditar no que estava vendo. O José que sempre se mostrava tão dedicado à Yanka traindo-a ali na minha frente com a Luana. A cunhada da minha irmã. Como eles podiam ser tão descarados?!

Me aproximei tentando manter a calma. Eles ainda não tinham me visto completamente imersos um no outro. Quando finalmente José levantou a cabeça seus olhos encontraram os meus e ele congelou. Luana se afastou rapidamente mas eu não estava interessada nela. Minhas palavras eram para o José. Só para ele.

    -José.
Minha voz saiu mais fria do que eu esperava. Ele engoliu em seco claramente tentando processar o que estava acontecendo.
   
-Bella eu...
Abriu a boca pensando no que falar.

    -Não quero explicações.
Cortei, erguendo a mão para interrompê-lo. Eu estava tremendo mas mantive a voz firme.
-Não quero saber se isso foi um erro um momento de fraqueza ou qualquer outra desculpa que você esteja inventando na sua cabeça. Só quero uma coisa de você.
Falei bem seria e ele me olhou sem palavras. Luana estava ao lado ainda mais desconfortável mas eu nem a olhei. Não tenho nada para dizer a ela.
    -Você vai falar com a Yanka.
Continuei dando um passo à frente.
- E vai contar para ela o que você fez. Porque se você não fizer isso eu vou.
Eu terminei de falar e o choque em seus olhos era evidente mas eu não sentia pena. Não depois do que ele fez.

    -Bella por favor...
Ele tentou de novo mas eu balancei a cabeça interrompendo-o novamente.
   
-Eu disse que não quero ouvir nada.
Minha voz estava cortante.
- Não quero saber o que você estava pensando ou como você chegou a esse ponto. A única coisa que me importa é a Yanka. E ela precisa saber a verdade. Então ou você tem a decência de contar para ela, ou eu farei isso por você. Entendeu?
Falei olhando no fundo dos olhos e e ele ficou em silêncio o olhar perdido como se tentasse encontrar uma saída para o que eu estava exigindo. Mas não havia saída. Não dessa vez.

    -Bella...
Ele começou mas eu já estava de costas pronta para ir embora.

    -Não me faça repetir.
Lancei por sobre o ombro, sem dar a ele a chance de continuar. Dei alguns passos na direção oposta sentindo a raiva ainda fervendo em mim mas satisfeita por ter sido clara. Ele não tinha mais escolha.

Enquanto me afastava o rosto da Yanka passou pela minha mente. Ela não merecia isso. E eu faria o que fosse preciso para garantir que ela soubesse a verdade por mais dolorosa que fosse.

O vento soprou forte e eu respirei fundo tentando acalmar meu coração acelerado.

Voltei para o quiosque, sentindo a areia quente nos pés e o peso de mais um problema nas costas. A cada passo minha mente rodava em círculos tentando processar tudo o que havia acabado de acontecer. José e Luana. Aquela cena ainda estava gravada na minha mente como uma tatuagem. Como eu tinha conseguido manter a calma? Talvez fosse o choque ou a necessidade de proteger a Yanka. O importante era que ele contaria a verdade para ela ou eu mesma faria isso.

Quando cheguei ao quiosque avistei todo mundo lá a Nanda o Guilherme Alice minha mãe e Jorge. A Alice foi a primeira a me ver e seus olhos se arregalaram me observando.

Me aproximei dela com passos firmes tentando manter a compostura. Ela precisava saber que eu tinha resolvido a situação. Não dava para deixar esse peso sobre nossos ombros por muito tempo.

-Já está resolvido. Eu conversei com ele. Agora só resta esperar.
Falei quando cheguei perto dela.

Alice deu um leve aceno com a cabeça ainda tensa mas sem fazer perguntas. Seu olhar estava carregado de preocupação mas agora não era o momento de discutir isso em público.

-Onde você foi, Bella?
Guilherme perguntou interrompendo o silêncio que pairava entre nós.

Eu virei para ele tentando soar o mais casual possível. Minha cabeça estava a mil mas não podia deixar isso transparecer.

-Ah fui dar uma voltinha sozinha, só para pensar um pouco. Nada demais.
Falei e forcei um sorriso sentindo o olhar de Alice em mim como se ela estivesse esperando que eu desmoronasse a qualquer segundo.

Minha mãe olhou para mim com um semblante curioso mas logo se virou para Jorge engatando em alguma conversa trivial sobre o tempo e como estava bom para um mergulho. Nanda por outro lado estava deitada na cadeira de praia de olhos fechados parecendo completamente à vontade. A leveza dela contrastava com o peso que eu e Alice carregávamos.

-O que pensou nessa caminhada hein?
Jorge perguntou rindo enquanto tomava um gole de sua bebida.

-Ah sabe como é... só refletindo sobre a vida.
Respondi e a minha reflexão do dia é que tem que pisar em ovos para confiar em um homem! Será que eu posso confiar no Rui? Será que o Rui está jogando comigo? Eu tentei... Eu queria jogar com ele no início. Será que ele está brincando comigo? Ele falou que queria me conquistar mais será que ele falou isso só para me ter controle? Porque até agora ele não procurou para conversar...

Minha cabeça está uma loucura criando várias neuroses de um jeito eu sei que me afastei dele nesse viagem até porque eu não que ele se aproxime do Jorge não é justo não é certo.

Eles começaram a falar sobre coisas aleatórias como o próximo feriado e planos de viagem, mas eu mal conseguia acompanhar a conversa. Minha menta não para é como se os problemas estivessem se acumulando em uma montanha impossível de escalar.

-Estou cheia de problemas.
Pensei tentando organizar minha mente. O Rui já não gostava do José, e agora isso... Se ele descobrir o que José tinha fez eu não sei o que ele é capaz!

Alice ao meu lado estava quieta tentando esconder a tensão. De vez em quando nossos olhares se cruzavam e era como se uma conversa silenciosa estivesse acontecendo entre nós.

Foi então que a Nanda se levantou esticando os braços preguiçosamente.

-Bom pessoal foi um dia longo para mim. Acho que vou dar uma descansada no hotel. Amanhã preciso estar renovada e bronzeada para voltar para São Paulo. Adorei passar a tarde com vocês.
Ela falou sorrindo animada como se o mundo estivesse leve bem ao contrário de mim.

Minha mãe acenou para ela com carinho.

-Vai descansar mesmo menina.
Minha mãe falou e a Nanda foi abraçar ela deu um beijo no rosto da minha mãe e se despediu do grupo abraçando um por um.

Alice olhou para Nanda com um sorriso leve tentando disfarçar a tensão que ainda pairava entre nós duas. Mesmo que a situação entre José e Luana estivesse sob controle por agora, o incômodo ainda estava ali. Era como se a qualquer momento tudo pudesse explodir de novo.

-Nanda precisamos marcar algo em São Paulo.
Disse a Alice tentando soar casual enquanto dava um abraço na Nanda.

-Com certeza Ali! Só me manda uma mensagem.
Nanda respondeu animada.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora