Maratona 1/5
Alicia
Esses meses estão sendo de descobertas passei um mês dentro de uma penitenciárias acusada por crimes que não cometi mais que minha assinatura estavam envolvidas. As descobertas foram que eu achava que meu pai não suportavam meu marido mais na verdade os dois eram sócios de um esquema grande de lavagem de dinheiro.
E invés dele admitir isso e assumir a responsabilidade e contar tudo o que sabe e de sua participação ele me implorou para eu ficar em silêncio após contar a verdade para mim. E assim eu fiz fiquei e estou em silêncio e agora estou em prisão domiciliar já uns meses.
Meu pai me falou que tem uma pessoa muito maior sendo a cabeça de todo o esquema de lavagem de dinheiro em postos de gasolina e se meu pai fosse preso de algum jeito o outro iriam chegar nessa pessoa e aí se chegassem nessa pessoa ela poderia até cair mais com certeza iria tirar a vida de toda a nossa família.
Então aceitei ficar em silêncio e minha mãe sem saber de nada e achando que eu sou uma criminosa eu vejo a decepção em seu olhar mais ao mesmo tempo tentando ser meu apoio e culpando o Alan. Até eu o culpo como ele pode guardar tantos segredos de mim eu sinto a sua falta mais me dói tanto se ele me escondia isso o que será que ele me esconde mais e o meu pai eu fico atormentada de pensar na dupla personalidade dos dois.
Eu nunca imaginei que algum dia iria parar em um presídio comum ainda mais da forma como tudo aconteceu. Desde criança sempre fui a princesinha da família cercada de luxos e mimos. E de repente lá estava eu jogada em uma cela apertada com outras dez mulheres. O chão de concreto frio era minha cama e o cheiro era insuportável uma mistura de suor mofo e desespero. As noites eram longas intermináveis. Não havia travesseiro não havia colchão. Nada. Só um cobertor fino e sujo para me aquecer enquanto eu tentava dormir no canto encolhida com medo de fechar os olhos.
As outras mulheres não perdoavam. Algumas estavam lá por furtos outras por tráfico. Mas todas tinham algo em comum: não havia espaço para fraqueza. No meu primeiro dia, logo percebi que ser "patricinha" não iria me ajudar. Muito pelo contrário. Era como se cada olhar me atravessasse buscando uma oportunidade para me devorar. E elas tentaram.
Lembro daquela noite. Fazia frio e o som dos gritos de uma briga em outra cela ecoava pelos corredores. Eu estava deitada tentando não chamar atenção, quando senti uma presença ao meu lado. Abri os olhos e vi uma das prisioneiras uma mulher com olhos vazios e um sorriso cruel se abaixando ao meu lado.
Ela colocou a mão na minha perna e foi subindo,l tentando abrir minha calça. O pânico tomou conta de mim e eu paralisei sem saber o que fazer. Foi então que ouvi uma voz firme ecoar pela cela.
-Ela é minha.
Foi então que ouvi uma voz firme ecoar pela cela.Uma mulher que eu nem conhecia até então alta e imponente se colocou entre nós. Seu nome era Juliana e a partir daquele momento ela me "adotou". Juliana fingiu ser minha namorada para que as outras me deixassem em paz. Não havia escolha. Eu sabia que sem a proteção dela as coisas teriam ficado muito piores. Juliana era respeitada ali dentro uma criminosa que já tinha seu espaço. Ela tinha matado o marido segundo o que me contaram. Mas apesar de tudo entre aquelas paredes sujas foi ela quem me deu o mínimo de segurança.
Eu ainda não sei se chamaria aquilo de amizade mas Juliana foi a única pessoa que estendeu a mão para mim naquele inferno. Com o tempo começamos a conversar e ela me contava histórias da vida dela. Sempre duras sempre pesadas. E eu... bom eu fingia que estava bem que aquilo tudo iria acabar logo. Mas a verdade é que por dentro eu estava morrendo.
Depois de um mês consegui prisão domiciliar. Meu advogado finalmente conseguiu provar que eu não tinha envolvimento direto com os crimes. Na verdade, ele soube mexer os pauzinhos certos, e me tiraram de lá. Mas o preço foi alto. Ficar em silêncio. Não dizer uma palavra sobre o que eu sabia sobre o que meu pai e Alan estavam envolvidos.
Agora estou em casa. Minha mãe e eu voltamos para Florianópolis tentando retomar uma vida normal mas nada é mais normal para mim. Ela tenta ser meu apoio e eu vejo o esforço nos olhos dela mesmo sem saber a verdade. Ela acha que eu fui presa injustamente por causa de Alan e não faz ideia do que realmente está acontecendo. O meu pai ficou em São Paulo. Ele diz que está resolvendo negócios mas eu não quero nem pensar no que esses "negócios" podem ser. Ele aparece em casa cada vez menos e a cada vez que ele vem sinto que ele está mais distante mais frio.
Minha mãe está sendo uma verdadeira companheira. Ela tem me ajudado a manter a cabeça erguida mas mal sabe ela que todo esse tempo eu carrego um segredo que pode destruir nossa família. Quando ela olha para mim com carinho eu só sinto culpa. Não posso contar a verdade. Nem por mim nem por ela. E isso me corrói mais a cada dia.
O som da campainha ecoou pela casa e eu ergui a mão lentamente olhando para minha mãe do outro lado da sala.
-Chegaram.
Ela disse animada enquanto me levantava do sofá.Estávamos esperando as manicures como sempre. Desde que voltei para casa tem sido assim. Por mais que eu tenha a liberdade de andar com a tornozeleira em alguns metros prefiro evitar os olhares. O constrangimento o julgamento. Então tudo tem vindo até nós as manicures o cabeleireiro e até as lojas. O que for necessário para eu não precisar encarar o mundo lá fora.
Minha mãe saiu apressada para atender a porta. Eu me ajeitei no sofá esperando as meninas entrarem para começarmos o dia de cuidados mas então ouvi a voz dela.
-Olha só Alicia a surpresa!
A voz da minha mãe soou mais animada.Quando olhei para a porta meu coração parou por um segundo. Era ele. Meu pai. E com ele Jessica. Meu corpo ficou tenso e imediatamente senti o estômago se revirar. Era como se cada vez que ele aparecia todo o peso do que eu sabia voltasse à tona.
Jessica foi a primeira a falar, com aquele tom doce, forçado que eu sempre odiei.
-Alicia, querida! Como tem passado? A Maitê está doida para vir te visitar mas este semestre está sendo tão puxado na faculdade.
Falou com o aquele sorriso vazio quase falso.Eu forcei um sorriso de volta mas sem mostrar os dentes. Minha cabeça estava a mi mas por fora eu tentava manter a compostura.
-Eu estou... sobrevivendo.
As palavras saíram quase como um sussurro.Enquanto Jessica continuava falando sobre coisas irrelevantes minha mente vagou. Maitê. Faz quanto tempo que não ouço falar dela? Faz quanto tempo que ela não me manda uma mensagem sequer? Meu peito se apertou ao pensar em como a nossa amizade que costumava ser tão forte tinha simplesmente desaparecido no ar. Agora parece que o mundo ao meu redor continua e eu estou parada, observando tudo de longe. Excluída da minha própria vida.
Sorri de novo sem vontade enquanto fingia prestar atenção. Mas por dentro a única coisa que eu sentia era a distância crescente entre quem eu era e quem eu sou agora.
Penso no mundo lá fora e em como tudo mudou desde que entrei nessa espiral de mentiras e segredos. Será que vou conseguir encarar meu pai de novo sem me sentir traída? Será que vou confiar em alguém outra vez? Ou será que essa nova "liberdade" vai ser apenas uma nova forma de me sentir presa?
Daqui a duas semanas quando tirarem essa tornozeleira será que algo realmente vai mudar? Ou eu vou continuar sendo uma prisioneira da minha própria vida?
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Você Não Ama Ninguém - Volume III
FanfictionVocê não ama ninguém será que agora amando?