Capítulo 43

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Bella

A manhã começou com um silêncio quase perturbador. Rui e eu praticamente não trocamos uma palavra desde que acordamos. Ele estava ausente mesmo estando aqui. Quando abri os olhos ele já não estava no quarto troquei de roupa rápido e viemos direto para o hospital eu iria vir sozinha mais ele fez questão de me trazer.

Durante o caminho o silêncio predominou eu queria perguntar mais também quero que ele me fala ele que voltou tarde ontem à noite e não me disse onde esteve! O que foi de tão urgente?
O silêncio entre nós parecia pesado demais carregado com perguntas que eu não sabia se queria ouvir as respostas.

Agora dentro do quarto do hospital o clima era ainda mais sufocante. Natália estava ao meu lado segurando as lágrimas com toda a força que tinha. Ela não queria desmoronar na frente de Bahati que descansava tranquila alheia ao turbilhão que se formava ao redor. Os resultados dos exames não foram bons. Bahati precisaria de um transplante de medula e o caminho até a cura parecia mais longo do que qualquer um de nós queria imaginar.

Eu me sentia impotente. Queria fazer mais por Natália queria estar mais presente mas havia algo entre Rui e eu que eu não conseguia ignorar. A distância entre nós parecia aumentar a cada minuto. Ele estava ali fisicamente perto mas a sensação era de que ele estava a quilômetros de distância, perdido em pensamentos que não compartilhou comigo.

O celular do Rui tocou interrompendo o silêncio. Ele saiu do quarto para atender. Respirei fundo e coloquei minha mão no ombro da Nat tentando me concentrar em oferecer o máximo de apoio possível e tentando pensar em como vou poder ajudar...

-Bella eu sinceramente não sei o que fazer nem casa para vender eu tenho eu sempre vivi de aluguel.
Ela falou olhando para mim com os olhos lagrimejados e como um sussurro.

Respirei fundo tentando processar o desespero na voz de Natália. Ela estava se sentindo completamente perdida e eu podia ver o peso da situação estampado em seu rosto. Ela se agarrou na mão que estava em seu ombro com uma força inesperada como se buscar ajuda fosse a única âncora em meio ao caos que estava vivendo.

-Nat.
Falei com calma.
-Vamos encontrar uma solução. Não precisa enfrentar isso sozinha. Talvez possamos procurar ajuda de organizações que possam oferecer suporte para casos como o de Bahati. Vamos conversar com o hospital ver o que eles podem recomendar.
Falei e ela balançou a cabeça lentamente, sua expressão carregada de dor e exaustão.

-Eu só não sei se vou conseguir arcar com tudo isso. É uma soma tão grande.
Falou respirando fundo segurando o choro.

E enquanto eu  tentava oferecer palavras de conforto e possíveis soluções o tempo parecia se arrastar. Eu olhei novamente para o relógio na parede observando os segundos passar com uma sensação crescente de frustração e preocupação. Rui havia saído há alguns minutos e eu me perguntava o que estava ocupando tanto seu tempo. A ansiedade crescente estava se tornando quase insuportável.

Finalmente a porta se abriu e Rui entrou de volta no quarto. Seu rosto estava fechado e ele segurava o celular na mão como se o peso da situação tivesse se materializado no aparelho. Ele parecia estar carregando uma carga adicional de tensão que eu não conseguia identificar mas que era palpável. Rui caminhou até onde estávamos, ainda com o celular na mão.

Ele parou ao lado da cama onde Natália estava sentada ainda segurando a mão de Bahati. O ambiente parecia congelar com a presença dele e até mesmo Natália, que manteve sua postura firme, parecia desconfortável. Rui olhou de relance para mim e então focou em Natália.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora