Capítulo 47

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Marcelinho

Estava em Goiânia e o Rui mandou mensagem ontem falando para eu ir para Ponta Porã e fiz como ele mandou. Estou gostando de ficar em Goiana é bem melhor do que ficar em casa só com a Júlia. Ela não gosta nem um pouco de mim e odeia a minha mãe fez de tudo para a minha mãe largar o meu pai ela não gosta de nenhuma mulher que meu pai se relaciona apesar de umas serem peculiares.

Mais o que ela gosta é do privilégio de ser a única nora do meu avô ela pode não sair de casa mais todo luxo chega para ela as lojas levam até ela.

Esses meses a Yanka e o Rui andam ficando muito para São Paulo apesar da casa de Ponta Porã ser da família toda sempre foi mais do meu tio do que meu pai ate porque meu pai não é um homem que tem casa ele mora em hotéis.

Então depois de passar a noite com uns amigos que já tinha combinado para assistir a liberta juntos e enche o caneco de cerveja acordei "cedo" e embarquei no helicóptero seguindo as ordens não era o que eu tinha planejado para o dia mas não costumo questionar quando ele manda. A viagem foi tranquila o barulho das hélices preenchendo o silêncio dos meus pensamentos.

O que será que está acontecendo com certeza Rui vai fazer uma reunião familiar comunicar alguma coisa sobre os negócios eu queria participar mais ativamente e ajudar o Rui mais o Rui sempre quis me deixar fora ele fala para eu curtir esse privilégio...  E entendo sei que ele trabalha dia e noite para as coisas andarem no trilho e cair dinheiro limpo em nossas contas do banco.

A visão da casa de Ponta Porã começou a aparecer no horizonte, as árvores ao redor balançando com o vento. Quando o helicóptero pousou, notei duas figuras na varanda. Yanka e... Mariana. Meu coração deu uma leve acelerada. Interessante. Mariana está aqui.

Yanka acenava animada, como sempre fazia, mas foi Mariana que prendeu meus olhos por mais tempo. Seu aceno era mais sutil, quase tímido, mas aquilo só me deixou mais intrigado. Desci do helicóptero, acenei de volta e caminhei em direção a elas. O vento jogava o cabelo da Mariana de lado, e por um segundo, ela olhou para baixo, com aquele jeito dela que me atraía, meio reservado, mas ao mesmo tempo cheio de intenções.

-Vem logo Marcelinho!
Yanka gritou como sempre cheia de energia e eu sorri me aproximando.

Quando cheguei na varanda cumprimentei as duas com beijos na bochecha primeiro a Yanka e depois Mariana sentindo o leve perfume dela quando nossos rostos se tocaram. Me virei para a Mariana mordendo levemente os lábios antes de falar.

-Então temos convidada hein?
Falei em um tom provocativo sem tirar os olhos dela mas ante que ela responder a Yanka caiu na risada.

-A Mari não é a única convidada!
Yanka disse não disfarçando a diversão. Olhei para ela esperando a continuação.
-Seu pai está aqui... Com uma loira.
Falou e não me surpreende meu pai ainda sumido a um tempinho sempre que fico sem muitas notícias dele depois acontece a notícia bomba.
-Eu ainda não vi mais a Mari viu e falou pra mim que deve ter a nossa idade.
Falou eu neguei com a cabeça ele é assim nunca uma mulher com a mesa idade que ele.

-Vai lá Marcelinho conhecer a sua nova madrasta.
Mariana falou irônica e a Yanka deu risada neguei com a cabeça.

-Tô fora. Já fui assediado por uma quero ficar bem longe dessas mulheres que meu pai inventa de chamar de namorada.
Yanka soltou uma gargalhada.
-Teve uma Italiana que ele namorou... Que a tirou a roupa do nada na minha frente e do Rui.
Continuei e a Mariana negou com a cabeça.

-Eu falei que ele adora contar essa história.
A Yanka falou olhando para a Mariana.

-Não é que eu adoro é que a mulher tirou a roupa do nada.
Falei gesticulando e as duas caíram na risada.

Ainda rindo Mariana se aproximou um pouco mais os olhos brilhando de curiosidade.

-Mas e aí, Marcelinho? Vai continuar fugindo das "madrastas" ou vai descer para o jantar hoje?
Ela perguntou com um meio sorriso nos lábios.

Eu cruzei os braços e olhei para o horizonte tentando ignorar a provocação. Por mais que ela estivesse brincando a ideia de enfrentar mais uma das namoradas relâmpago do meu pai não me atraía nem um pouco.

-Que tal nos dois sairmos para jantar hoje?
Perguntei e ela sorriu mais a Yanka revirou os olhos.

-E eu vou ficar nessa casa sem vocês? Nem pensar e até parece que o Rui vai liberar os pombinhos para saírem só ele pode sair.
Falou toda bravinha e Mariana soltou uma risada.

O sol ainda iluminava o fim da tarde, e o som suave das folhas movendo-se era o único barulho que preenchia o ambiente. Eu estava distraído ouvindo Yanka e Mariana rirem de algo que eu tinha acabado de falar quando ouvi passos ao longe aproximando-se lentamente.

Não era qualquer um chegando. A casa era grande o suficiente para que qualquer som reverberasse pelos corredores, mas esses passos eram firmes e reconhecíveis. Ergui a cabeça e lá o Rui com aquele ar sério de sempre e ao seu lado... Bella.

Eles se aproximaram em silêncio e pude sentir o peso do momento assim que pararam diante de nós. Bella me cumprimentou primeiro mantendo uma distância respeitosa.

-Olá.
Falou com a voz suave dando um sorriso sem mostrar os dentes.

-Olá.
Respondi educado mas seco sem muita emoção. Acho que é apenas a terceira vez que a via. Não tínhamos intimidade e sua presença ali ao lado do Rui me pegou de surpresa.

Olhei rapidamente para Yanka e Mariana surpreso com a sobrancelha erguida Yanka simplesmente ignorava a presença dos dois como se fossem invisíveis. Fiquei ali, tentando processar o que estava acontecendo enquanto Rui e Bella permaneciam em pé, trocando poucas palavras.

Então o silêncio se quebrou. Rui me olhou com aquele olhar sombrio o peso do que estava por vir nítido em seu semblante.

-Precisamos conversar sobre algumas decisões importantes.
Ele começou com a voz baixa mas firme.
-As coisas estão mudando Marcelinho. E você vai precisar se envolver mais quer queira ou não.
Falou e aquelas palavras me pegaram de surpresa.

Por anos Rui sempre fez questão de me manter à margem dos negócios dizendo que eu deveria aproveitar a vida sem me preocupar com o que estava acontecendo nas entrelinhas. Mais a última vez que nos vimos ele disse que as coisas iriam ser diferentes...

Senti um peso cair sobre meus ombros. Sabia que meu pai tinha pisado na bola mais achei que o Rui iria mudar de ideia. A ideia de me envolver de verdade nos negócios da família me dava um frio na barriga. Não era só questão de responsabilidade mas também de risco.

-E o que exatamente está acontecendo?
Perguntei tentando esconder minha preocupação.

Rui olhou de relance para a Mariana antes de voltar o olhar para mim.

-Não aqui. Vamos entrar e conversar lá dentro.
Ele falou e se virou já esperando que eu o seguisse.

Mariana e Yanka trocaram olhares como se estivessem alheias ao peso daquela conversa. Enquanto caminhávamos para dentro da casa o som das risadas e da leveza da varanda foi substituído por um silêncio tenso. Eu sabia que o que quer que estivesse por vir mudaria tudo.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora