Capítulo 55

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Maratona 4/5

Júlia

Levantei cedo como sempre sentindo o frescor da manhã me invadir. O estábulo me chamava e eu precisava da companhia dos meus cavalos a única coisa que me trazia um pouco de paz. Após um passeio revigorante voltei para casa já pensando no café da manhã. Mas ao abrir a porta da sala de jantar a cena foi diferente do que eu esperava.

Leonel estava lá sentado à mesa com a nova namorada ao seu lado. Seus olhos estavam fechados, mordendo o lábio gemendo baixo e ele sorria para ela de um jeito que eu conhecia bem querendo dar o máximo de prazer era o que ele se divertia em fazer. O olhar dele encontrou o meu e um frio percorreu minha espinha quando ele me lançou aquele sorriso de lado. Meu estômago se revirou misturando raiva e desejo em um só movimento.

Fui tomada por uma sensação avassaladora. Meu coração acelerou e uma onda de emoções incontroláveis tomou conta de mim. Tentei desviar o olhar mas a cena ficou gravada em minha mente. Em vez de enfrentar aquilo virei-me e subi as escadas rapidamente cada passo ecoando como um grito silencioso na casa vazia.

- Leva um cappuccino ao meu quarto.
Pedi ao empregado minha voz estava mais baixa do que eu pretendia quase um sussurro. Assim que a porta se fechou atrás de mim, o peso da cena me atingiu como um golpe. Sentei-me na poltrona tentando encontrar um pouco de tranquilidade.

Assim que o cappuccino chegou peguei o copo quente nas mãos. Acendi um charuto e a fumaça subiu em espiral me envolvendo em uma falsa calma. Fechei os olhos e a imagem de Leonel voltou com força. Ele e aquela garota o sorriso dele tudo aquilo me lembrava do que havia sido e do que nunca mais seria.

Traguei o charuto, sentindo o amargo do tabaco misturado ao gosto forte do café. Lembrei-me do passado e do que perdemos como se o cheiro do charuto fosse um lembrete do que eu tinha deixado para trás. A fumaça dançava no ar e por um momento deixei que o passado me consumisse sentindo o doce amargo da dor que se tornara parte de mim.

Fechei os olhos e deixei os pensamentos tomarem conta de mim. O que vi pela manhã na sala de jantar ainda queimava em minha mente. A imagem de Leonel com aquela garota não era apenas uma lembrança era um convite involuntário para um desejo reprimido que eu não sentia há anos.

Os anos se passaram sem eu me permitisse sentir nada além de dor é obrigação. Mas naquela manhã algo se agitou dentro de mim. O calor do cappuccino em minhas mãos contrastava com o frio que invadia meu coração. Inspirei profundamente tentando abafar o formigamento que começava a percorrer meu corpo.

Lembrei-me de como Leonel sempre soube como me tocar como me fazer sentir viva. A maneira como ele me olhava me desejava tudo isso parecia tão distante agora. Aquela cena me despertou algo que eu pensava ter esquecido. Os gemidos baixos da namorada dele ecoavam na minha mente e não pude evitar que o desejo ardente começasse a crescer dentro de mim fazendo meu corpo responder de maneira involuntária.

Meu coração acelerou mais uma vez mas agora não era só raiva que me consumia havia uma chama um calor crescente que se espalhava pelo meu corpo. Eu queria sentir aquele prazer novamente com desejo insaciável. A lembrança do toque dele ainda pulsava em minha pele como se o calor que ele deixava atrás de si ainda estivesse ali.

Eu ali estava eu sozinha em meu quarto com a fumaça do charuto misturando-se aparece e a realidade da minha solidão me atingindo como um gole. Era uma mistura estranha de dor e excitação e meu corpo inteiro começou a formigar. Eu estava consciente de cada parte de mim de cada impulso que ansiava por liberdade.

Respirei fundo tentando me controlar mas a respiração se tornava mais rápida como se o desejo estivesse me dominando.
Lembrei-me de quantos anos se passaram sem que eu me tocasse sem que eu permitisse explorar o que realmente sentia.
O desejo estava ali pulsando como um tambor dentro de mim e eu não podia ignorá-lo. A mente queria esquecer mas o corpo se lembrava.

Naquele momento me vi desejando não só Leonel mas a sensação de ser desejada amada. Um desejo que não se limitava a ele mas que se expandia... A intensidade do pensamento me fez abrir os olhos e eu me perguntei: quando foi a última vez que eu realmente me senti viva?

A fumaça do charuto envolvia meu rosto como um véu e eu me permiti sentir. A mistura do prazer e da dor do amor e a da traição dançava em meu peito. Era uma tempestade emoções que não podia mais ignorar. E assim mergulhei nesse turbilhão permitindo que o desejo fluísse mesmo que apenas por um momento como se minha alma estivesse finalmente despertando após anos de dormência.

A sensação de estar viva, mesmo que por meio de lembranças me envolvia como uma névoa. O cheiro do charuto e do café misturava-se ao ar criando um ambiente propício para que eu me permitisse explorar a intensidade do que sentia. Cada batida do meu coração parecia ecoar em meu corpo, ressoando com a lembrança do que Leonel e eu já havíamos compartilhado.

Voltei a pensar em como ele me olhava em como seus toques me faziam sentir como se o mundo inteiro tivesse desaparecido. O desejo que sentia era uma chama que se recusava a se apagar mesmo após tantos anos de negação. Eu havia me prometido que não sentiria isso novamente mas agora a lembrança daquela cena me fazia desejar mais do que apenas um toque eu queria a conexão a paixão que parecia tão distante.

Enquanto a fumaça do charuto se dissipava percebi que não poderia continuar assim enclausurada em uma vida de obrigações e promessas de castigo. Meus pensamentos eram um turbilhão e não pude evitar que meu corpo começasse a reagir. A respiração acelerou e cada fibra do meu ser parecia pulsar em resposta à chama que ardia dentro de mim. O formigamento não era apenas nas extremidades era uma onda que subia pelas minhas pernas, corria pela minha coluna e chegava até a minha mente clareando tudo ao meu redor.

Eu me permiti lembrar do último toque de Leonel da maneira como ele costumava deslizar os dedos pela minha pele como se quisesse traçar um mapa dos meus desejos. A memória era intensa e uma onda de calor se espalhou pelo meu corpo. O impulso de me tocar era quase incontrolável. Eu queria sentir explorar redescobrir a mulher que havia ficado dormente sob o peso da dor e da traição.

Levantei-me da poltrona decidida a quebrar o ciclo. Meus pés se moveram em direção à janela onde a luz do sol filtrava-se banhando meu corpo em um calor suave. Eu precisava me reconectar comigo mesma e essa conexão começava ali naquele instante olhando para o mundo lá fora.

A brisa suave acariciava meu rosto e eu fechei os olhos novamente permitindo que as sensações me envolvessem. Respirei fundo absorvendo o aroma da natureza que entrava pela janela. O desejo pulsava em minhas veias e eu sabia que precisava me libertar.

Afastei-me da janela e caminhei até o espelho. Olhei para o meu reflexo admirando a mulher que eu era, cheia de complexidade e emoções. Era hora de me libertar das correntes do passado. Em vez de me envergonhar do desejo que despertara decidi aceitá-lo. Com determinação comecei a me despir das camadas que havia usado como escudo. Cada peça de roupa que caía ao chão era como uma barreira sendo quebrada um símbolo de liberdade.

Fiquei ali nua diante de mim mesma sentindo o ar fresco tocar minha pele e a onda de desejo que brotava de dentro. O formigamento agora se tornava palpável como se meu corpo estivesse se lembrando de como era sentir prazer. Fechei os olhos e deixei que a sensação tomasse conta de mim cada toque da brisa cada suspiro que escapava dos meus lábios.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora