Capítulo 56

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Maratona 5/5

Rui

A sala de reuniões estava silenciosa exceto pelo zumbido suave do ar-condicionado. As paredes eram de vidro dando vista para o skyline imponente da cidade enquanto a luz do sol se refletia no mármore da mesa longa e polida. Eu sentava na ponta a e lo meu lado repousava um copo de uísque seu líquido dourado girando devagar enquanto eu o inclinava de leve entre os dedos. O brilho da bebida refletia o poder que eu exercia ali.

Ao redor executivos se esforçavam para manter a compostura. A maioria era composta de homens que já conheciam a pressão de trabalhar comigo mas sempre havia os novos. Eles achavam que sabiam o que fazer até sentir o peso do meu olhar e a frieza da minha voz. À minha frente Rodolfo o gerente responsável pelo projeto em Dubai ajustava o nó da gravata pela terceira vez desde que a reunião começou.

-Estamos com tudo pronto para o início das obras.
Disse ele sua voz quase firme mas hesitante o suficiente para me irritar.
-Contudo ainda há... algumas licenças locais que precisam de aprovação.
Falou eu não interrompi de imediato apenas levei o copo aos lábios degustando o uísque sentindo o calor da bebida descer pela garganta. O som do gelo estalando no copo ecoou na sala silenciosa todos prendendo a respiração. Eu queria que sentissem a tensão. Quando terminei de beber coloquei o copo sobre a mesa com calma o barulho seco ampliando o desconforto.

-Licenças pendentes...
Repeti minha voz baixa quase um sussurro mas o suficiente para fazer com que Rodolfo se remexesse na cadeira.
-Você acha que isso é um problema que eu deveria ouvir Rodolfo?
Perguntei por isso ele não respondeu os emails de ontem!

O suor começava a aparecer na testa dele. Ele tentou limpar discretamente com a manga do paletó.

-Não senhor Fortunato eu só quis dizer que...
Falou.

-Eu ouvi o que você disse.
Interrompi agora cruzando os braços observando-o como um predador estudando sua presa.
-O que eu quero ouvir agora é a solução. Você sabe o que eu penso sobre quem vem até mim com problemas não sabe?
Falei irritado encarando-o ele hesitou os olhos fugindo dos meus por um segundo. Era esse o problema com os novos. Achavam que o simples fato de mencionar um desafio os tornava competentes. Não havia espaço para incompetência no meu negócio. Ergui uma sobrancelha esperando pela resposta.

-Sim senhor... claro que sim.
Gaguejou ele finalmente entendendo o peso da situação.
-Estamos já em contato com as autoridades locais. Acredito que em uma semana teremos tudo resolvido.
Falou e eu continuei encarando ele fixamente. 

A sala ficou ainda mais silenciosa todos esperando minha reação. Levei a mão ao copo novamente virando o que restava de uísque antes de colocar o copo de volta dessa vez com mais força. O som do vidro batendo na mesa fez com que alguns à mesa se sobressaltassem.

-Uma semana.
Minha voz saiu fria e firme.
-Você tem uma semana Henrique. Nem um dia a mais.
Falei irritado uma semana não parece ser muita coisa mais para os meus negócios são tempo é dinheiro.

-Sim senhor.
Ele murmurou com uma voz que parecia diminuir a cada palavra e assentindo rapidamente.

Meus olhos se moveram lentamente pela mesa observando cada um dos rostos tensos ao meu redor. Eu podia sentir o medo ali e isso era bom. Eles sabiam que se Rodolfo falhasse o próximo na linha de fogo seria o que estivesse mais perto.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora