Capítulo 29

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Rui

A noite se aproximava, e as luzes de Angra se tornavam apenas pontos brilhantes no horizonte enquanto o helicóptero cortava o céu em direção a São Paulo. Yanka estava sentada ao meu lado em um silêncio que dizia mais do que qualquer palavra.
Passei o dia no escritório revendo relatórios e planejamentos e ela ficou o dia inteiro trancada no quarto. Eu sabia que tinha acontecido alguma briga entre o José e a Yanka mais o Sr Rodrigues que entrou no meu escritório com uma desculpa de me levar um café na hora do almoço pois eu tinha falado que não iria almoçar e ele me contou o que aconteceu na verdade o Jose está sumido desde de manhã que foi com o Iate para a Marina em Angra e não voltou mais e a Yanka acordou a noite e viu que ele não estava mais lá e surtou bom eu não tenho nada haver com o sumiço dele mais que não volte mais porque se ele voltar vai ter que lidar comigo que suma de vez então.

O silêncio entre nós era quase palpável cortado apenas pelo som constante das hélices e pelas interferências do rádio do piloto. Olhei de soslaio para Yanka e vi uma lágrima solitária começar a descer pelo seu rosto. Ela rapidamente a limpou com o dorso da mão tentando disfarçar mas eu percebi. Decidi não dizer nada. Em vez disso voltei meu olhar para o céu de São Paulo que começava a surgir à frente coberto de nuvens escuras e ameaçadoras.

O piloto falou pelo fone que estava garoando na cidade. Suspirei profundamente o ar carregado pela ansiedade que eu não costumava sentir. Deixei a equipe de segurança em Angra com Vinícius e Israel e agora provavelmente estavam jantando com o tal  João.

O helicóptero pousou suavemente no heliponto do prédio da empresa. E assim que saímos o vento úmido trouxe o cheiro de chuva e eu podia ver o brilho das ruas molhadas lá embaixo. Yanka andava ao meu lado ainda sem dizer nada.

-Yanka.
Falei quebrando o silêncio quando entramos dentro da empresa e ela se virou olhando para mim com o rosto sério e olhar distante.

-Direto para casa entendeu?
Falei e ela virou sem dizer uma palavra e começou a andar.

E eu virei em direção oposta da dela e comecei a andar pelos corredores até a chegar no corredor da minha sala e a primeira coisa que notei foi a secretária se ajeitando rapidamente na cadeira ao me ver. Algo na mesa dela chamou minha atenção: cesta enorme com dois vinhos chocolates. Me aproximei e ela rapidamente explicou.

-A senhorita Mariana enviou isso, senhor.
A Simone falou e eu  analisei a cesta ela me mandou um cesta?

-Pode ficar para você faça bom proveito.
Falei e ela sorriu animada olhando para a cesta.

- Tem um cartão senhor.
Ela levantou e estendeu o cartão.

Peguei o cartão com uma mão enquanto abria a porta da minha sala com a outra. Ao entrar o peso do dia começou a se assentar sobre mim. Me joguei na poltrona e coloquei o cartão da Mariana na minha mesa o que ela está pensando em me mandar uma cesta? Revirei meus olhos e foquei na tela do computador da empresa e comecei a focar no trabalho.

O projeto de Manaus estava praticamente finalizado mas ainda havia papeladas para revisar e aprovar antes de dar tudo por encerrado. A sala estava mergulhada em silêncio o único som era o raspar da caneta sobre o papel enquanto eu assinava os documentos.

O silêncio foi interrompido pelo toque do telefone em minha mesa. O número na tela indicava que era um dos seguranças olhei para o relógio no meu pulso e indicava ser 1 da manhã olhei no canto da tela do computador que confirmou o horário a empresa deve estar vazia só aqui os seguranças me ligando a esse horário é raramente um bom sinal. Respirei fundo antes de atender.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora