Felizes Para Sempre

O Sacrifício da Inocência

Anos atrás, na Floresta Encantada, a manhã estava clara e fresca, com a névoa ainda pairando sobre a lagoa mágica. O rei Eric, um homem de porte altivo e olhos penetrantes, passeava pelo local, sentindo-se atraído pela paz que a floresta lhe proporcionava - uma pausa bem-vinda das responsabilidades de governar o reino.

Ao se aproximar da lagoa, Eric notou algo brilhando entre as rochas. Com curiosidade, ele se agachou e, ao afastar as pedras, encontrou um espelho reluzente. À primeira vista, o espelho parecia ordinário, mas logo uma voz mística emanou de dentro dele.

- Saudações, grande rei - disse a voz, profunda e reverberante. - Eu sou o Espelho Mágico. Estou aqui para servir e guiar quem me possui. Diga-me, o que deseja e anseia?

Eric, surpreso, rapidamente se recompôs.

- O que você pode fazer por mim? - perguntou ele, levantando o espelho para examiná-lo melhor.

- Posso responder suas questões, encontrar o perdido e dar conselhos precisos. Serei seu conselheiro, excelso e conciso - respondeu o espelho.

Eric, percebendo o potencial dessa descoberta, sorriu.

- Muito bem, Espelho Mágico. Você será levado ao castelo e servirá a Rainha Regina. Ela é uma mulher de grande beleza e bondade, e certamente saberá como utilizar seus poderes.

O rei envolveu cuidadosamente o espelho em seu manto e o carregou de volta ao castelo. Ao entrar na majestosa sala do trono, suas botas ressoando contra o chão de mármore, ele encontrou Regina sentada em seu trono. Sua beleza era arrebatadora, com cabelos negros como a noite e olhos tão profundos quanto um lago misterioso. Seu sorriso iluminou a sala ao ver seu marido entrar.

- Eric, meu querido - disse Regina, levantando-se graciosamente. - O que você tem aí?

- Um presente para você, minha rainha - disse Eric, revelando o espelho. - Encontrei este espelho na lagoa encantada. Ele é mágico e promete ser um conselheiro fiel.

Regina pegou o espelho, seus olhos brilhando de curiosidade.

- Espelho Mágico - ela murmurou, passando os dedos pela moldura intricada. - O que você pode me mostrar?

A voz do espelho soou novamente, agora direcionada a Regina.

- Minha rainha, posso responder suas questões, guiar suas decisões. Serei seu conselheiro em todas as situações.

Regina sorriu, satisfeita.

- Isso é maravilhoso, Eric. Este espelho será uma adição valiosa ao nosso reino. Obrigada, meu amor.

Ao agradecer seu marido, ela se inclinou para beijá-lo carinhosamente. Eric retribuiu o beijo com ternura e, logo depois, se retirou para atender outras responsabilidades reais.

Assim que ficou sozinha na sala do trono, Regina segurou o espelho e começou a recitar um feitiço de crescimento. O espelho pequeno começou a crescer, sua moldura se expandindo até ocupar a parede inteira.

Regina olhou para o reflexo ampliado e, com um brilho de malícia nos olhos, indagou.

- Fala, Mágico Espelho meu, quem eras tu antes de te tornares um fantasma dentro deste espelho?

A superfície do espelho ondulou levemente antes que a voz ressoasse novamente.

- Não lembro exatamente, mas sei que fui um homem, antes deste ato.

Regina soltou uma risada fria e amarga.

- Ah, mas eu lembro muito bem. Eras meu pai, o Moleiro. Um homem cruel que quase causou minha morte. Como punição, eu te aprisionei neste espelho, condenado a obedecer às ordens de quem te possuir.