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James começou a se agitar sob os efeitos da poção. Ele estava revivendo memórias - algumas nítidas como cristal e outras envoltas em névoa. O que era claro, no entanto, era a sensação de traição e amor negado que ele começava a relembrar. Severus permaneceu ao lado dele, aplicando feitiços suaves para aliviar o desconforto físico e mental.

Enquanto observava, Severus murmurou para si mesmo, suas próprias emoções misturadas.

- James, eu fiz o que pude. Agora está em suas mãos relembrar e enfrentar tudo. - disse Severus, acariciando levemente o cabelo do rei adormecido.

As horas se passaram rapidamente, e Severus estava cada vez mais nervoso. O frasco de sua poção pesava em seu bolso, como se indicasse que ele a tomasse. Levou o frasco até os lábios e, com um suspiro, engoliu o líquido amargo. Sentindo uma tontura, conjurou uma cama e se deitou, entregando-se à inconsciência.

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Um suspiro escapou dos lábios de Hadrian ao ver suas malas sendo carregadas pelos empregados. Ele seguiu até a sala do trono, onde Tom, Dumbledore e Lilian estavam.

- É realmente necessário. O rei está desaparecido e não temos pistas. O professor Flitwick se ofereceu para mapear o rastro de magia do rei. Ele é um ótimo profissional. - disse Dumbledore, sorrindo.

- Certo, quando ele chega? - perguntou Tom, precisando de tempo para apagar os rastros de James.

- Em três dias. Ele vem direto de Ravenclaw para nos ajudar nesse momento tão difícil. - Lilian respondeu com falsa melancolia.

- Marido, as cartas de Hufflepuff chegaram. - Hadrian andou até Tom. - Precisas voltar para Slytherin com urgência. Vá e eu ficarei.

- Nunca, meu ômega. Você vai comigo.

- Preciso ficar aqui. Podemos achar meu pai a qualquer momento... - disse trêmulo.

Tom sentiu uma pontada no coração. Hadrian era um ótimo ator.

- Não vou repetir, ômega. - respondeu friamente. - A carruagem está pronta?

- Sim, marido! - Hadrian se curvou.

- Vamos. Foi um prazer passar esse período aqui. Agradecemos a hospitalidade! - Riddle disse antes de sair com Hadrian em seu enlaço.

- O que o imperador fez com o pirralho? - sussurrou Lilian.

- Não sei, mas ele está delicioso nesse vestido. - Dumbledore riu, e Lilian o olhou feio.

O sangue de Riddle ferveu ao ouvir as palavras do velho. Ele gostaria de cortar-lhe o pescoço e arrancar-lhe os olhos. Ao entrar na carruagem, Tom olhou para Hadrian com diversão.

- Você é um ótimo mentiroso! - disse, fazendo o ômega rir.

- Não tão bom quanto você, Tommy!

O casal seguiu viagem em um clima descontraído e leve. Tom escutou atentamente Hadrian falando sobre todos os livros que havia lido e como as histórias eram boas e intrigantes.

Assim que os portões do castelo foram ultrapassados, Hadrian correu até a ala médica e encontrou James andando de um lado para o outro. O alfa mais velho roía as unhas e batia os pés ansioso enquanto velava o sono de Snape.

- Por que ele não acorda? - perguntou preocupado.

- É um efeito colateral da poção. É mais comum do que parece.

Um leve cheiro de café tomou o local, e o ômega desacordado gemeu, sentando-se.

- Céus, minha cabeça!

- Pai! - Hadrian sorriu, indo até o homem. - Você está bem?

- Hadrian... Quando você nasceu, eu estava com tanto medo... perdido. Mas eu te amo mais do que tudo! - chorou, abraçando o garoto. - James...

Quando os olhares se encontraram, o rei perdeu todo autocontrole e atacou a boca de Snape com um beijo afoito e cheio de sentimentos. Os olhos de Severus se arregalaram ao sentir seus lábios sendo pressionados contra os do alfa. Seu lobo uivou em festa por ser tocado por seu companheiro.

Tom sorriu, tirando Harry do quarto. Aquele casal tinha muito o que conversar.

- Severus... - começou James. - Eu não sei como deixei isso acontecer, como fui capaz de tirar Hadrian de você quando ele era tão novo. Como fui capaz de deixá-lo ser abusado naquele castelo... Eu acho que não mereço o título de pai... - soluçou, abraçando seu próprio corpo. - Ela... Me obrigou a dormir com ela. Foi horrível. Ela me obrigava a dar parte do dinheiro do povo para ela e exigiu que eu expulsasse a família dela do reino porque ela não queria...

Severus se afastou ligeiramente, estendendo a mão para tocar suavemente o rosto de James enquanto este derramava suas lágrimas, a dor evidente em seus olhos.

- James, eu... Eu já sabia - admitiu Severus, a voz grave e consoladora. - Sempre soube que havia algo errado, que você não agia por vontade própria. Pode ser difícil acreditar, mas nunca parei de te amar, mesmo sabendo que você estava sob a influência dela.

James absorveu aquelas palavras, seus ombros tremendo com um choro silencioso. Ele nunca pensou que algum dia ouviria aquelas palavras de aceitação e compreensão.

- Severus, eu preciso fazer as coisas certas. Preciso recuperar tudo o que perdemos. - Ele respirou fundo, tentando recuperar a compostura. - Não posso deixar que Hadrian sofra mais por causa das minhas falhas.

Severus segurou os ombros de James firmemente e olhou profundamente em seus olhos.

- Ele não vai sofrer, James. - Falou com firmeza, os olhos negros brilhando com uma determinação feroz. - Nós vamos lutar juntos. Vamos recuperar nosso reino e garantir que nosso filho tenha o futuro que merece.

James olhou para Severus, a esperança renascendo em seu coração. Ele sabia que o caminho à frente seria árduo, que enfrentariam muitos obstáculos, mas com Severus ao seu lado, sentia-se mais forte, mais capaz.

- Começamos hoje, Severus. - James declarou, o fogo retornando aos seus olhos. - Vamos recuperar tudo.

Severus apenas assentiu, sentindo a conexão renovada entre eles, um vínculo mais forte do que nunca. E naquela quietude momentânea, ambos sabiam que estavam prontos para enfrentar o que viesse, juntos.

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Enquanto isso, as notícias da chegada iminente do professor Flitwick se espalhavam pelo reino, causando uma agitação entre os habitantes e alertando os traidores que ansiavam pelo controle.

Lilian e Dumbledore, apesar de suas cumplicidades, mantinham a aparência de preocupação e desesperança, enquanto secretamente conspiravam novas formas de manter o poder e silenciar os seus inimigos.

Porém, não sabiam que Hadrian estava mais determinado do que nunca. A cumplicidade dele com Tom era inesperada e poderosa, um casal que podia desafiar todas as regras estabelecidas. Hadrian, com suas habilidades afiadas e conhecimento vasto, e Tom, com seu poder e astúcia, formavam uma união que poderia virar o jogo contra os opressores.

O homem metade-goblin logo percebeu a estratégia do rei ao ver os rastros de magia ancestral na ala médica. Pelo que tudo indicava, o rei havia feito um teste de purificação, e ao vasculhar os lixos, encontrou uma agulha com o sangue do rei, uma purificação sanguínea. Bem, talvez o rei tenha descoberto algo que não gostou e fugiu; no entanto, isso não era problema de Flitwick.

- Eu infelizmente não consegui encontrar nenhum rastro, sinto muito. - Disse o homem baixinho.

- Muito obrigado, senhor Flitwick - Dumbledore respondeu.

- Bem, devo ir andando então. - se virou e saiu rapidamente do palácio.

Quando pegou em sua pousada, Filtwick escreveu uma carta a Hadrian e a mandou por sua coruja.

𝐇𝐮𝐬𝐛𝐚𝐧𝐝 𝐎𝐟 𝐀 𝐁𝐞𝐚𝐬𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora