Lilly

170 19 0
                                    

Estou com a cabeça encostada no vidro do passageiro da picape, observando- o ir até a barraquinha e pedir duas raspadinhas arco-íris. Por que ele tem que fazer essas gentilezas que o tornam tão atraente? Mandei mensagem para Bucky pedindo carona só por causa de Steve.
Ele me encontrou na sala de reuniões prestes a ter um ataque de pânico e perguntou o que aconteceu. Não consegui lhe contar que Bucky tinha solicitado uma medida protetiva contra mim. Em vez disso, falei a verdade: que às vezes tenho ataques de pânico, mas que passariam. Pedi desculpa e depois pateticamente implorei para que ele não contasse a ninguém . Ele pareceu ficar muito triste por mim, mas também riu.

"Por que é que eu contaria para alguém ? E daí que você teve um ataque de pânico? Não foi nada de mais."

Ele me convenceu a arranjar uma carona para casa, pois não queria que eu dirigisse naquele estado. Então mandei uma mensagem para Bucky mais para tranquilizá-lo, mostrando que eu não ficaria só. Foi uma sensação boa ver que alguém se preocupava comigo. Bucky volta para a picape com nossas raspadinhas. Tem granulado na minha, e sei que é só um detalhe, mas eu reparo. Se eu reconhecer todas as coisas boas, por menores que sejam, quem sabe elas não terminem se juntando e tornando o lado ruim da minha vida menos doloroso?

"Você traz Marjorie aqui?" — pergunto.

Com a colher, ele aponta para a rua.

" O estúdio de dança fica a uma quadra naquela direção." — diz ele. " Quando eu a busco ela sempre quer raspadinha. É difícil dizer não para ela, então já virei freguês daqui. "

Ele põe a colher na boca, abre a carteira e tira um cartão de fidelidade, onde vejo os desenhos de pequenas raspadinhas carimbadas.

" Estou quase ganhando uma de brinde." — diz ele, guardando-o de volta na carteira.

Dou uma risada.

"Que impressionante."

Queria ter ido fazer o pedido com ele só para poder vê-lo entregar o cartão de fidelidade das raspadinhas.

" Banana e limonada." — Ele me olha depois de tomar um pouco. " É a combinação preferida dela. "

Sorrio.

" Amarelo é a cor preferida dela?"

Ele faz que sim.
Lambo a parte amarela da minha raspadinha e dou uma mordida. Esses detalhes que ele me conta são mais um motivo para sentir gratidão. São partes minúsculas de um todo, e, talvez, se ele me der uma boa quantidade delas, eu não sofra tanto. Tento pensar em outro assunto para conversarmos que não envolva Marjorie. A casa que Clint disse que ele estava construindo. Mas parou porque estava decidido a vender e se mudar de cidade.

"Como é a casa que você estava construindo? Clint disse que você estava construindo uma casa."

Bucky pega o telefone, confere a hora e
dá marcha a ré.

"Vou te levar lá para ver. "

Levo outra colher à boca e não digo nada, mas acho que ele não sabe o quanto a sua disposição de me mostrar essa casa significa para mim.
Quando estamos a pelo menos uns 25 quilômetros afastados da cidade, viramos numa área com uma grande entrada de madeira, e começamos a subir por uma estrada sinuosa. As árvores cobrem a estrada como se a abraçassem. Nas laterais do caminho, vejo uma caixa de correio a cada meio quilômetro ou quilômetro inteiro. Da estrada não se vê nenhuma casa. As caixas de correio são as únicas pistas de que pessoas moram aqui, pois a mata é muito densa. É um lugar tranquilo e isolado. Consigo entender por que ele escolheu esta área. Chegamos a uma propriedade com tantas árvores que, da estrada, mal dá para ver a casa. Tem uma estaca no chão onde imagino que vá ser instalada a caixa de correio. Há colunas que parecem que depois vão ser transformadas em um portão.

Ultraviolence - Bucky Barnes +🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora