Lilly Part.02

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Está chovendo na nossa volta para casa. A chuva que bate no para-brisa é o único som neste momento, pois nós dois estamos em silêncio. Não dissemos nada um ao outro desde que saímos da casa que ele estava construindo. Quando ele chega ao estacionamento, tem uma energia mal resolvida oscilando entre nós. Às vezes, ao me deixar em casa, ele nem desliga o motor da picape. Hoje, contudo, ele o desliga, tira a chave e o cinto, pega um guarda-chuva e sai do carro. Ele demora apenas alguns segundos para chegar ao lado do passageiro, mas, nesse meio-tempo, decido que prefiro que ele não me acompanhe até lá em cima. Posso subir sozinha. É melhor assim. Ele abre minha porta, e eu estendo o braço para pegar o guarda-chuva, mas ele o afasta.

"O que está fazendo?"

"Me dê o guarda-chuva. Posso subir sozinha."
Ele recua um passo para que eu possa sair da picape.

" Não. Vou subir também."

"Não sei se você deveria fazer isso."

"Eu não deveria fazer isso de jeito nenhum." diz ele.

Mas continua andando. Continua segurando o guarda-chuva sobre a minha cabeça.
Começo a ficar ofegante antes mesmo de chegarmos ao topo da escada. Tiro minhas chaves da bolsa, sem saber se ele está esperando entrar ou se vai apenas me dar boa-noite. As duas alternativas me deixam nervosa. Ambas são demais. Dá no mesmo.
Ele fecha o guarda-chuva quando chegamos à minha porta e fica esperando que eu a destranque. Antes de abri-la, eu me viro para ele como se ele fosse deixar que eu me despedisse sem convidá-lo para entrar.
Ele aponta para a porta, mas não diz nada.
Inspiro em silêncio e abro a porta do meu apartamento. Ele entra comigo e a fecha após entrar. Ele está agindo com muita determinação. É o completo oposto do que estou sentindo. Bucky está parado perto do balcão. Passo por ele e abro a geladeira.

" Quer tomar alguma coisa? Tem água, chá, leite. " - Pego uma caixa de suco quase vazia.
" Um gole de suco de maçã."

"Não estou com sede."

Eu também não, mas tomo o resto do suco direto da caixa só para prevenir, pois parece que estou prestes a sentir uma sede enorme só de ver ele parado desse jeito no meu apartamento. Sua presença já é o suficiente para deixar minha garganta seca.
É diferente quando estamos trabalhando. Tem outras pessoas por perto que impedem minha mente de seguir o rumo que está seguindo agora. Entretanto, quando somos apenas nós dois no meu apartamento, só consigo pensar no quanto estamos perto um do outro e em quantas vezes meu coração vai bater antes de ele se aproximar e me beijar.
Ponho a caixa vazia de suco no balcão e seco a boca.

"É por isso que você tem gosto de maçã."

Olho bem para ele depois disso. É algo íntimo de se dizer admitir em voz alta que você conhece o gosto de alguém. Me sinto como uma adolescente inexperiente e deslumbrada diante do seu olhar, então passo a encarar meus pés, pois não olhar para ele é menos fatigante.

"O que você quer, Bucky? Seja honesto!"

Ele se encosta calmamente no balcão. Estamos a apenas meio metro um do outro quando ele responde:

"Quero fazer sexo com você."

Eu não estava esperando que ele dissesse isso, então é óbvio que lanço um olhar em sua direção e logo me arrependo, pois ele está perto demais de mim.

" Eu não vou dar para você. Você não me permite ver a minha filha. " - Me afasto do balcão.

Ele engole a seco, como se tivesse engolido minha resposta. Ficamos encarando um ao outro enquanto espero ansiosamente seu próximo movimento. Mas ele fica em silêncio.

Ultraviolence - Bucky Barnes +🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora