capítulo 23: Entre lágrimas e silêncio

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Narrador

- Aqui está o seu diagnóstico - disse o médico, entregando o papel para o Lucas.

Lucas recebeu o papel, uma lágrima escorrendo pelo seu rosto, que ele rapidamente enxugou para evitar preocupar o médico.

- Obrigado, doutor - respondeu, se levantando e saindo prontamente do local.

Era uma noite chuvosa. Ele deixou o hospital e começou a caminhar, chorando discretamente, já que ninguém poderia distinguir se era a chuva ou suas lágrimas.

Ele passou a mão nos cabelos e encontrou alguns fios soltos, suspirando enquanto limpava a mão na calça.

A chuva continuava, molhando as ruas vazias. Lucas pegou um táxi para casa. No carro, ele olhou novamente para o papel que segurava. "Câncer terminal" - as palavras pareciam zombar dele.

"Por que isso está acontecendo comigo?", pensou Lucas, enquanto as lágrimas caíam. Ele se sentia como se estivesse em uma tempestade sem fim, sem qualquer esperança de ver o sol novamente.

Enquanto isso, a tempestade lá fora aumentava. Pessoas corriam para fechar suas lojas e mercadorias, mais preocupadas em não se molhar do que serem atropelados.

Lucas apenas observava tudo, pensando em como a situação combinava com a tristeza que estava sentindo. Tempos de chuva combinam com momentos sombrios, pois a água da chuva disfarça as lágrimas e o barulho da chuva e dos trovões disfarça o soluço.

A chuva sempre passa, assim como os problemas da vida. Eles nos deixam mais fortes, maduros e nos ensinam a nos colocar no lugar dos outros. Eles também nos fazem entender a dor e o sofrimento dos outros, porque já passamos por situações semelhantes.

Ao chegar em casa, Lucas sentou-se em silêncio na sala escura. Ele pensou em Kelly. Não fazia ideia de como iria contar a ela sobre o diagnóstico. Ela estava tão animada com a ideia do casamento. Agora, tudo parecia incerto.

E agora, Lucas não sabia quantos dias ainda lhe restavam.

°°°

Ele ligou o chuveiro e deixou a água quente cair sobre seu corpo, como se pudesse lavar a dor e a incerteza que sentia. Observou seus reflexos distorcidos nas gotas de água que escorriam pelo vidro do box e não reconheceu o homem que via.

Todos os dias, ele vivia com medo e dúvidas. Seus sentimentos eram como uma montanha-russa, cheia de altos e baixos.

Mesmo assim, ele tentava agir como se tudo estivesse normal. Continuava indo ao trabalho, mantendo sua rotina diária. Mas por dentro, ele estava se desfazendo.

A mãe de Lucas teve câncer. Os médicos descobriram que ela possuía uma mutação genética específica que aumentava o risco de desenvolver certos tipos de câncer. Essa mutação pode ser passada de pais para filhos, e Lucas herdou essa mutação.

Quando Lucas foi diagnosticado, o câncer já estava em um estágio avançado. Isso significa que o câncer havia se espalhado para outras partes do corpo e não podia mais ser curado. Por isso, o câncer de Lucas foi classificado como "terminal".

Hannah, já sabia da situação, mas não diria nada a Kelly para evitar preocupá-la. Ela observava seu irmão lutando para manter uma fachada de normalidade e isso a deixava de coração partido.

As semanas passavam e a saúde de Lucas estava deteriorando. Ele parecia mais fraco e seus olhos, antes brilhantes com vida, agora pareciam cansados. No entanto, ele continuava a sorrir, tentando ocultar a dor física e emocional.

Hannah observava Lucas todos os dias, desejando poder ajudar, mas sem saber como. Ela sabia que ele deveria contar a Kelly, mas entendia o medo que ele tinha de arruinar a felicidade dela e estava esperando o Lucas contar pra ela.

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