capítulo 21: No traço de um lápis

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Kelly

O cabelo de Nathan estava tão longo que finalmente chegou o dia em que tive que cortá-lo. Foi uma tarefa que consumiu horas, já que ele tinha medo de tesouras e barbearias. Nathan tinha sobrancelhas um pouco grossas e cílios duplos, traços que algumas pessoas diziam que o faziam parecer uma garota. No entanto, nunca me importei com esses comentários. Para mim, ele era perfeito do jeito que era.

Os cabelos de Nathan eram de um preto profundo e seus olhos castanhos escuros, quase da mesma cor. Ele era uma criança cheia de energia, mas quando estava perto de pessoas desconhecidas, se transformava em um menino tímido até se familiarizar com elas.

°°°

Uma noite, enquanto Nathan e eu estávamos sentados na sala de estar, seus pequenos dedos conduzindo lápis coloridos, em um caderno de esboços. Decidi conversar com ele.

- Nathan - comecei, quebrando o silêncio que preenchia a sala - você sabe Lucas, não é?

Nathan parou de desenhar e olhou para mim, seus olhos castanhos arregalados com interesse.

- Sim, eu gosto do Lucas. Ele é legal.

Eu sorri, lembrando do sorriso de Nathan quando Lucas brincava com ele.

- isso mesmo. Bem, Lucas e eu... nós ficamos muito mais próximos.

Houve um breve silêncio, e então Nathan perguntou:

- Isso significa que o Lucas vai vir mais aqui em casa?

Assenti.

- Isso mesmo, Nathan. Lucas vai nos visitar mais vezes.

Depois de um tempo em silêncio, ele voltou a falar:

- Mãe... - ele começou, os olhos fixos no desenho que tinha feito. - Eu gostaria que o Lucas fosse meu pai.

Peguei o desenho de suas mãos. Era uma imagem simples de Nathan e Lucas, jogando bola juntos. Senti um nó na garganta.

- Este desenho está lindo, Nathan - comentei, tentando ganhar tempo para processar suas palavras. - E, bem... quem sabe? Talvez, um dia, Lucas possa se tornar algo parecido com um pai para você.

Nathan pareceu pensar por um instante.

- O que eu preciso fazer para o Lucas ser meu pai?

Ri, balançando a cabeça.

- Não precisa fazer nada, Nathan - respondi. - Mas, quem sabe, se Lucas e eu decidirmos nos casar...

Ele me interrompeu.

- Então casa com ele, ué!

A simplicidade da sugestão me fez rir.

- Não é tão simples assim, Nathan - expliquei. - Mas o importante é que Lucas gosta muito de você. E eu também.

Nathan assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. Eu o abracei, sentindo gratidão por sua compreensão e maturidade. E, naquele momento, prometi a mim mesma que faria tudo ao meu alcance para protegê-lo e garantir sua felicidade.

AS LÁGRIMAS NUNCA VÃO PARAR DE CAIR Onde histórias criam vida. Descubra agora