Na segunda-feira, minha mãe teve que me acompanhar à escola. Tivemos uma reunião na diretoria, onde estava a garota loira.
A diretora nos conduziu até uma poltrona, onde eu e minha mãe sentamos lado a lado. A menina estava ao lado da diretora, parecendo tão tranquila.
A diretora conversou comigo, resultando em uma advertência no meu histórico escolar. A pior parte, no entanto, foi ter que pedir desculpas à garota que me causava tanto desconforto.
Quando finalmente pude voltar para a sala de aula, era hora da aula de educação física. Todos os alunos estavam saindo para trocar seus uniformes, mas eu decidi não ir. Nunca gostei de educação física.
Passei uma hora sozinha na sala, aguardando a próxima matéria de sociologia. Outra aula que eu não gostava. Na verdade, eu não gostava de estudar. Detestava ter que sair de casa para ir à escola.
Sempre que saía de casa, sentia como se todos estivessem me observando ou rindo de mim. E mesmo que eu não tivesse aulas, minha mãe sempre arranjava uma desculpa para eu sair, fosse para fazer compras no mercado ou qualquer outra coisa. Ela nunca parecia me deixar em paz, sempre procurando algo para me manter ocupada.
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Cheguei em casa e minha mãe não estava lá, acho que ela foi trabalhar, eu não sabia com o que minha mãe trabalhava até descobrir que ela se prostituia, quando descobri isso não fiquei surpresa até porque isso é bem a cara dela.A maioria dos homens que ela trazia aqui eram os seus clientes, agora que ela tem namorado deve ter achado um emprego.
Cheguei em casa cansada depois da escola. Tirei meus sapatos, mochila e fui direto pro banheiro.
O banheiro era pequeno, com azulejos quebrados e um chuveiro enferrujado. A janela é pequena e suja, não entrava muita luz.
Entrei no chuveiro e a água tava fria, mas eu nem liguei. Passei sabão no meu corpo e lavei meu cabelo cacheado embaraçado.
No chuveiro, eu me sentia melhor. A água relaxou meus músculos e me fez esquecer dos problemas. Comecei a cantar baixinho pra mim mesma.
Depois de um tempo, desliguei o chuveiro e me enrolei numa toalha. Saí do banheiro e me olhei no espelho. Eu ainda era gorda e pobre, e isso me deixava triste.
Então, eu apenas suspirei e me vesti. Coloquei uma camiseta velha e folgada e um shortinho. Calcei meus chinelos velhos e saí do quarto.
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Estava pensando em preparar algo para comer quando vi o namorado da minha mãe entrando em casa acompanhado de outra mulher. Fiquei chocada e resolvi confrontá-lo.- Você não pode trazer outra mulher para cá, vou contar tudo para minha mãe - ameacei.
A mulher, ruiva, tatuada e com uma aparência artificial, me olhou com incredulidade e perguntou:
- Quem é essa garota, Miguel?
- Depois eu explico, por que você não espera lá em cima enquanto eu converso com ela? - ele sugeriu, e a mulher subiu as escadas.
Ele então se voltou para mim e disse:
- Se você contar isso para sua mãe, ela não vai acreditar. E por que não faz uma macarronada para mim e minha acompanhante?
- Eu não sou sua empregada - retruquei.
- Sua mãe disse que você poderia cozinhar para mim sempre que voltasse da escola. Ela não vai gostar se souber que está me desobedecendo - ele respondeu, entrando no quarto com a tal mulher.
Não sabia quem era pior, ele ou minha mãe. Mas acabei cedendo e fiz a maldita macarronada.
Quando terminei, carreguei os pratos em uma bandeja, tentando ser o mais educada possível. A última coisa que eu queria era levar uma surra da minha mãe. No entanto, decidi ficar na porta do quarto tentando ouvir a conversa deles.
- Nunca conheci uma prostituta tão ingênua. Não precisei fazer esforço nenhum para que essa velha se apaixonasse por mim tão rapidamente. Bastou um dia para me convidar a morar na casa dela.
- Não se preocupe, querido. Só preciso de mais alguns meses para o velho rico com quem me casei morrer. Já troquei os remédios dele por veneno. Assim, poderemos viver juntos novamente - a mulher riu, concordando com Miguel.
- Estava cansado de pagar aluguel. Ainda bem que essa velha me ofereceu um lugar para morar. Ela ainda acha que estou apaixonado por ela. Nem o nome dela eu sei...
Não consegui ouvir o resto da conversa porque percebi que havia esquecido os talheres. Quando voltei, eles já estavam se beijando. Antes que a situação se tornasse ainda mais constrangedora, abri a porta sem pensar duas vezes.
Ao abrir a porta sem cerimônia, por um momento, o quarto ficou em silêncio. Miguel e a mulher se separaram rapidamente, olhando para mim com expressões de surpresa.
- O que pensa que está fazendo, entrando assim sem bater? - Miguel rosnou, sua surpresa rapidamente dando lugar à raiva.
- Eu... eu trouxe a comida - gaguejei, segurando a bandeja de macarronada.
Miguel olhou para a bandeja e depois para mim, seus olhos estreitando-se em irritação. Ele se levantou, vestindo a camisa que estava jogada na cama.
- Sua mãe me disse que você era educada. Parece que ela estava errada - ele disse, aproximando-se de mim. A mulher ruiva apenas observava a cena, um sorriso satisfeito nos lábios.
- Eu só estava tentando... - comecei, mas ele me interrompeu.
- Não me interessa o que você estava tentando fazer. Da próxima vez, bata antes de entrar. Agora, saia - ele ordenou, apontando para a porta.
Com um nó na garganta, assenti e deixei o quarto, fechando a porta atrás de mim. Eu podia ouvir suas risadas enquanto descia as escadas, a bandeja de macarronada ainda nas mãos.
Naquela noite, quando minha mãe voltou para casa, não consegui contar a ela sobre Miguel e a mulher ruiva. Mas eu sabia que, de alguma forma, precisava fazer algo. Não podia deixar que minha mãe continuasse a ser enganada por aquele homem.
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AS LÁGRIMAS NUNCA VÃO PARAR DE CAIR
Teen FictionEm meio a adversidades, essa é a história de superação de uma mulher. Sofrendo abusos na infância e marcada pela obesidade, ela desafia as circunstâncias e constrói uma nova vida. Ela encontra o amor verdadeiro e juntos, eles criam um lar feliz e am...