A vida deu uma reviravolta após eu ter perdido meu emprego por supostamente não ser "educada" com os clientes. Apesar dos obstáculos, consegui um trabalho numa lanchonete, que, embora fosse simples, era suficiente para pagar as contas e cuidar de mim e do bebê que estava a caminho.
Foi um período de mudanças significativas. A gravidez e o novo emprego eram apenas parte dessas transformações. Além disso, eu estava sozinha. Minha mãe estava mais interessada em seu novo namorado do que em mim. Conversávamos raramente e isso me machucava, mas eu estava aprendendo a lidar com a situação.
Foi nessa fase que decidi cuidar mais da minha saúde. Comecei a consultar um nutricionista e a focar em emagrecer. Pesava sessenta e sete quilos, mas minha mãe ainda me chamava de gorda. Eu estava determinada a mudar isso.
Durante os primeiros meses na lanchonete, tive que equilibrar a rotina de trabalho com as consultas pré-natais e a nova dieta. Acordava cedo todos os dias, preparava uma refeição saudável e saía para trabalhar. Após o expediente, voltava para casa, preparava outra refeição e me entregava à exaustão. Apesar do cansaço, sabia que tinha uma pequena vida dependendo de mim.
Com o passar do tempo, sentia uma conexão cada vez mais forte com o bebê. A situação não era a ideal, mas era a minha realidade. Estava determinada a proteger e cuidar do meu filho.
Na lanchonete, fiz amigos que desconheciam a maior parte da minha história, mas eram solidários e me deram esperança. Em particular, uma colega de trabalho tornou-se uma amiga próxima.
Os dias se transformaram em semanas e as semanas em meses. A cada dia que passava, meu corpo mudava e o bebê crescia. Com ele, crescia também a minha força. Eu estava me tornando uma mulher diferente, mais resiliente e mais forte.
Seis meses depois...
Um dia, durante um intervalo no trabalho, me sentei com minha amiga na lanchonete, ela tinha um copo de café em suas mãos.
- Como você está se sentindo? - ela perguntou, olhando para a minha barriga que começava a se destacar.
- Estou bem... um pouco cansada, mas bem - respondi. - e um pouco assustada - admiti, olhando para minhas mãos que estavam juntas.
Ela assentiu, entendendo.
- Isso é normal, você sabe. Você está passando por muita coisa agora.
- Eu sei Hannah - disse, suspirando - Só que às vezes parece que é muita coisa para uma pessoa só.
- Você não está sozinha, você sabe disso, certo? Você tem a mim - ela disse colocando a mão sobre a minha - e você vai ser uma ótima mãe. Você é forte e cuidadosa. E, além disso, você não tem medo de trabalhar duro. Essas são todas as coisas que uma boa mãe precisa ser.
Eu olhei para ela, sentindo um nó se formar na minha garganta.
- Obrigada - eu disse, a gratidão enchendo minha voz - Eu realmente precisava ouvir isso.
Ela sorriu.
- É para isso que servem as amigas.
Hannah sorriu, apertando minha mão em conforto. Depois de um momento ela soltou minhas mãos e pegou seu café.
- Sabe, amanhã é sábado - disse ela, olhando para mim com um brilho nos olhos - Bem, eu estava pensando... talvez você pudesse vir à minha casa. Seria bom para relaxar e se distrair um pouco de tudo.
- Eu adoraria - respondi, sorrindo - Isso parece ser exatamente o que eu preciso.
Hannah sorriu de volta, parecendo aliviada.
°°°
No dia seguinte...Levantei-me, tomei o café e vi que Hannah estava me bombardeando de mensagens, ansiosa para saber se eu realmente estava indo. Para não alimentar mais sua ansiedade, me aprontei e desci as escadas, encontrando minha mãe na sala.
- Kelly, onde você vai? - ela perguntou, me analisando de cima a baixo com curiosidade.
- Vou visitar uma amiga hoje - respondi, continuando a andar em direção à porta.
- Não era para você estar descansando? Afinal, seu bebê pode nascer a qualquer momento - ela retorquiu, com um tom de preocupação forçada.
- E desde quando você se importa? - perguntei, levantando uma sobrancelha em desafio.
- Apesar de tudo, ainda sou sua mãe - ela disse, virando-se para abrir a geladeira.
- Seu papel de mãe na minha vida tem sido péssimo.
- Você tem razão - ela admitiu, pegando uma cerveja da geladeira - Agora vá, meu namorado está quase chegando.
Sai dali, batendo a porta atrás de mim. A casa de Hannah não era muito longe, então eu conseguia ir a pé.
°°°
Chegando ao endereço, fiquei parada por um instante, observando a casa. Antes que eu pudesse bater na porta, um homem alto de cabelos castanhos a abriu. Ele estava vestindo um terno elegante e parecia ter acabado de sair de uma revista de moda.
O homem tinha olhos de um tom castanho suave e uma postura imponente. Seus cabelos castanhos estavam cuidadosamente penteados e o brilho do sol dava a eles um brilho dourado. Ele me olhou com uma expressão confusa, enquanto eu permanecia parada, sem jeito, na porta.
- E-eu acho que me deram o endereço errado - eu disse, tentando não parecer nervosa, mas a surpresa me fez gaguejar um pouco.
Ele sorriu, revelando uma fileira de dentes perfeitamente brancos.
- Acho que não é o endereço errado - disse ele, estendendo a mão em um gesto amigável - Você deve ser a amiga da Hannah, certo?
Balancei a cabeça, concordando, enquanto colocava minha mão na dele. Ele tinha um aperto firme e caloroso, que de alguma forma me fez sentir mais à vontade.
Eu sou Lucas, o irmão dela. E, pela sua reação, acho que ela não falou sobre mim. Uma pena, porque acho que ela deveria se gabar do irmão perfeito que ela tem - ele disse, o tom de sua voz carregado de sarcasmo.
- É uma pena mesmo - respondi, soltando a mão dele e dando um pequeno sorriso.
- Pode entrar, eu já estava de saída - disse Lucas, dando um passo para o lado para me dar passagem.
Assim que entrei, Hannah veio até mim, usando um avental e parecendo ter passado algum tempo cozinhando.
- Vejo que você conheceu meu irmão, Lucas - disse ela, me conduzindo para dentro enquanto Lucas saía.
- Sim, por que ele estava tão arrumado? - perguntei, ainda curiosa.
Hannah riu, dando de ombros enquanto me levava para o sofá.
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AS LÁGRIMAS NUNCA VÃO PARAR DE CAIR
Fiksi RemajaEm meio a adversidades, essa é a história de superação de uma mulher. Sofrendo abusos na infância e marcada pela obesidade, ela desafia as circunstâncias e constrói uma nova vida. Ela encontra o amor verdadeiro e juntos, eles criam um lar feliz e am...