Capítulo III

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Engfa

Estava terminando de me arrumar para o jantar de hoje, optei por uma camisa branca com alguns botões abertos onde minha tatuagem no pescoço ficasse a mostra propositalmente e um conjunto de terninho vermelho. Me olhei no espelho do meu closet e fiquei satisfeita com o resultado, já havia feito uma maquiagem mais leve, não estava a fim de grandes produções hoje.

 Me olhei no espelho do meu closet e fiquei satisfeita com o resultado, já havia feito uma maquiagem mais leve, não estava a fim de grandes produções hoje

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(Imaginem a tatuagem da Engfa no pescoço, infelizmente sou pessíma com edição de fotos)

Um dos requisitos e tradições da organização para que meu pai pudesse me passar a "coroa" era o casamento, nenhum líder de qualquer gangue que fizesse parte da organização poderia assumir o posto sem estar em um matrimônio oficializado e além de tudo, autorizado pelo conselho da organização. Um grande saco, mas eu não ia brigar por mais essa questão, quando a muito contragosto e depois de inúmeras provas durante esses últimos dez anos que precisei fornecer para os velhos babacas do conselho, aceitassem que eu estava mais do que pronta para assumir o lugar do meu pai como chefe de toda a organização.

Estava saindo do meu closet quando fui surpreendida por batidas na minha porta.

- Entre!

Me surpreendendo de uma forma completamente inesperada, meu pai passa pela porta, já vestido em seu terno azul marinho, totalmente alinhado. Automaticamente enrijeço minha postura e o cumprimento.

- Boa noite senhor – digo fazendo uma singela reverência a ele, em sinal de respeito.

- Boa noite minha filha – ele diz indo em direção a uma das poltronas viradas para as janelas do meu quarto – Vem, sente – se aqui do meu lado – diz apontando para a poltrona vaga ao seu lado.

O obedeço, me sentando ainda mais rígida, se fosse me lembrar de fato, acho que fazia mais de sete anos que não falava com meu pai cara a cara. A última vez que isso aconteceu, preferia nem lembrar, foi em mais uma das provas que precisei "dar" ao conselho de minhas competências para ser chefe.

- Sei que tenho sido completamente omisso como pai, mas quero que saiba que sempre estive ciente de cada passo, cada suspiro, cada movimento seu, sempre – ele diz me encarando profundamente nos olhos – Você não tem culpa de nada e nem nunca teve, mas após perder sua mãe por incompetência minha, achei melhor me afastar e tentar não criar um vínculo afetivo que pudesse ser analisado como fraqueza para nossos inimigos tentarem novamente me atingir no meu ponto mais fraco – respira profundamente – Nunca falei diretamente com você sobre isso, mas respeito totalmente sua decisão de escolher uma esposa e não um marido, quero que saiba que sua sexualidade nunca foi um problema para mim ou o motivo para me manter afastado e distante.

Conforme meu pai falava, eu até entendia seu ponto, mas isso jamais iria apagar a ausência instantânea de uma família que tive logo após perder minha mãe. Por mais que eu tentasse e compreendesse todo esse afastamento, ainda sim me criou lacunas complicadas durante esse tempo em que tive a ausência de uma família e seu apoio.

A Herdeira da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora