Capítulo XXVIII

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Engfa

Entro no escritório com a arma em punho, percebo que há um sujeito tentando sem sucesso acessar algum local atrás da grande estante de livros que há em seu escritório, sem nem pensar miro em sua cabeça e atiro naquele infeliz, seu corpo cai sem vida no chão imediatamente. Vou na direção onde ele estava, mas não noto nada ali e não consigo escutar nenhum sinal de Charlotte, também não vejo nenhum sinal de porta ou qualquer entrada.

- Charlotte!! Sou eu, Engfa, onde você está?! – grito desesperada.

Assim que termino de falar uma pequena parte da estante de livros vem para frente, revelando uma pequena porta secreta, por onde Charlotte se abaixa para passar e vem correndo ao meu encontro, me abraçando tão forte que quase perdi o equilíbrio.

- Engfa! – ela funga, enquanto me abraça forte.

- Está tudo bem, baby. Já acabou – eu tento tranquilizá-la a abraçando de novo, rapidamente a afasto, tentando analisá-la – Você está machucada? Alguém encostou em você?

- Não – ela me responde chorosa e gruda em mim de novo – Eu tive muito medo Engfa – ela ainda está chorando, eu continuo a abraçando, tentando a acalmar, mas somos interrompidas.

- Engfa! Temos que sair daqui agora! – Faye aparece na porta e grita nos tirando daquele momento – Mais homens estão chegando, já solicitei remoção pelo telhado, o helicóptero chega em quatro minutos, vamos! - ela diz rapidamente, nos chamando parada na porta.

- Baby, consegue andar? – me afasto e seguro o rosto de Charlotte em minhas mãos delicadamente.

- Acho que sim – ela me responde ainda incerta e confusa.

Seguro em sua mão e com a outra ainda mantenho a arma, pronta para reagir a qualquer momento, caso necessário. Chegamos até a porta, Faye vai em nossa frente, quando estamos de volta na recepção, Mew está ajudando Rina a andar e todos caminhamos para o elevador.

Dentro do elevador, olho para Charlotte e percebo em seu olhar que ela claramente está em pânico e tremendo muito.

- Faye, as médicas já estão no local seguro de prontidão? – pergunto agoniada.

- Sim, já está tudo pronto e organizado – seu celular toca e vejo que ela não gosta do que escuta do outro lado.

- Faye?! – pergunto altiva.

- Há um atirador no telhado, um sniper, o helicóptero ainda não pode pousar – ela me diz em claro descontentamento.

- Que porra Faye!! – grito e bato com a arma na lateral do elevador, fazendo um barulho intenso, noto que Charlotte se assusta e aperta mais minha mão – Quem são esses filhos da puta?!

- Estou buscando a informação de quem está por trás deste atentado, mas ao que parece é a Tríade – ela responde fazendo um sinal para aguardamos no elevador - A equipe de apoio chegou, irão neutralizar as ameaças no telhado e nos dar cobertura – Faye diz colocando seu comunicador de volta no ouvido.

- Tríade? O que a máfia chinesa quer com Charlotte? – questiono Faye completamente irritada e noto uma mudança na expressão dela, ela olha rapidamente de Charlotte para mim e então eu entendo – Ok, mais tarde falaremos sobre isso.

- O helicóptero está pronto – Faye diz e finalmente saímos do elevador, mas Mew e Rina ficam – Mew a equipe virá ajudar no atendimento de Rina, fique com ela e somente quando for autorizado você vira ao nosso encontro, entendeu?!

- Sim, senhora – ele diz e Faye retorna, tomando a frente, eu e Charlotte vamos a seguindo.

Andamos por dois corredores e subimos uma escada, onde Faye abriu uma porta pesada de ferro, imediatamente o barulho ensurdecedor do helicóptero podia ser escutado. Eu entrego a arma que estava em minha mão para Faye e seguro Charlotte pelos ombros a guiando para dentro do helicóptero.

Assim que já estamos dentro, coloco os fones de proteção gentilmente em suas orelhas, ela continua em completo silêncio e não consigo decifrar qual a sua reação pelos sinais que vejo em seu rosto neste momento.

Decido deixá-la em seu espaço momentaneamente, foram muitos acontecimentos em um curto período de tempo, nossa viagem de helicóptero dura um pouco mais de uma hora, estamos na costa, em uma ilha particular e isolada que tem o espaço aéreo controlado pela máfia.

Ajudo Charlotte a descer do helicóptero e a entrar na casa, rapidamente a guio para o andar de cima em um dos quartos, Faye está nos seguindo de perto. Assim que abro a porta entro com Charlotte e Faye fica somente à espreita na soleira da porta.

- A médica está subindo para examiná-la - ela me informa, enquanto isso sento com Charlotte na cama.

- Baby, sei que é muita coisa para processar, mas preciso saber se está bem? - questiono preocupada segurando em suas mãos. Ela me encara e aperta minhas mãos nas suas.

- Eu podia ter morrido - ela diz de forma meio catatônica.

- Eu jamais deixaria isso acontecer - lhe garanto e ela se joga novamente em meus braços, me abraçando forte e escondendo o rosto em meu pescoço.

Cerca de dez minutos depois a médica chega, eu tento me afastar de Charlotte, mas ela insiste para que eu fique ao seu lado segurando sua mão. A análise da médica dura poucos minutos, Charlotte não possuí nenhum trauma físico, mas para ajudá-la a relaxar, a doutora lhe da um calmante e logo sai do quarto.

- Engfa, pode ficar comigo até que eu consiga dormir? – Charlotte me pede quase como uma súplica.

- Claro, baby – digo e ela se deita na cama, dando espaço para que eu possa deitar ao seu lado, assim que me aconchego, ela deita sobre meu peito e me abraça novamente.

Eu queria muito que estivéssemos em outras circunstâncias, que ela não estivesse tão assustada e toda aquela merda não tivesse acontecido na empresa dela, para que pudéssemos aproveitar esse tempo juntas.

- Engfa, como vai ficar minha empresa depois disso tudo? O que vai sair na mídia, um tiroteio dentro de uma empresa de cosméticos? - ela levanta a cabeça por um instante e me pergunta preocupada.

- Não se preocupe com isso, Faye já acionou a equipe de limpeza e todas as medidas serão tomadas, ninguém além de nós saberá o que aconteceu em sua empresa está noite – a tranquilizo, ela solta a respiração em alívio e volta a se aconchegar em mim novamente.

Após alguns minutos sinto sua respiração pesada, com cuidado saio da cama, a cubro com o lençol, dou um leve beijo em sua cabeça e saio do quarto deixando somente as luzes do abajur acessas. Faye estava esperando no corredor de frente para a porta.

- Quero saber de tudo, imediatamente – falo sem conseguir controlar a raiva em minha voz – E quero alguém de confiança de vigilância na porta deste quarto vinte e quatro horas por dia.

- Sim, senhora – Faye diz e noto que ela está com raiva também – Estou aguardando a chegada de Mew, no momento é o segurança mais confiável que tenho a disposição.

- Ótimo, me avise quando ele chegar, para que possamos ir ao escritório discutir sobre toda essa merda! – digo e volto para dentro do quarto sem fazer muito barulho.

Ajusto uma poltrona para que possa me sentar de frente para a cama e ficar observado Charlotte dormir. Neste momento ela parece tão em paz, tão relaxada. Será que eu estava sendo egoísta demais? A arrastando para tudo isso, colocando sua vida em perigo dessa forma? Penso que talvez, há chegado o momento de eu ser menos egoísta. Ela poderia ter morrido hoje e se isso tivesse acontecido, eu jamais me perdoaria.

Como ela mesma sempre me dizia, acho que chegou o momento de eu parar de ser uma arrogante, egoísta e egocêntrica e deixá-la viver sua vida em paz. Mas será que eu, neste momento, consigo fazer esse sacrifício e me tornar uma pessoa melhor, a deixando ir?

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Desejo um Feliz Natal para todos os meus queridos leitores e leitoras.
Prometo que retorno ainda esse ano com mais emoções  ♥

A Herdeira da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora