Capítulo XVI

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Engfa

- O que mais precisa ser dito em relação a Charlotte?! Acho que tudo o que fez no jantar já foi suficiente, não? - questiono irritada.

- Você realmente não entendeu o que eu fiz? – ele me questiona e fico confusa – Engfa, eu tinha quase certeza de que você havia entendido.

- Eu entendi, você claramente não apoia minha escolha.

- Claro que não Engfa, eu já sabia que você tinha todos os outros votos, mas precisava mostrar a todos que o chefe da máfia não iria simplesmente acatar a decisão de sua filhinha. Fiz isso para te deixar mais forte antes do seu casamento e de sua posse. Agora todos enxergam com clareza que você não precisa de mim para nada dentro da organização – ele finaliza sua explicação e fico ainda mais confusa.

- Acho que tivemos percepções diferentes, pois não enxerguei essa reação nos outros.

- Pois eu lhe garanto, minha filha, a minha percepção estava certa e digo mais, você ainda terá que enfrentar uma grande resistência com sua escolhida. Após meu discurso, recebi muitos telefonemas de idiotas que não pensam tão grande e disseram que os negócios de sua futura esposa irão atrapalhar a organização – ele fez uma pausa para tomar um gole de seu café – Mas eu sei o que você pensou a respeito dessa empresa e achei uma grande ideia, e sua futura esposa, realmente não tem medo e sim muita coragem. O jeito que ela me olhou depois que votei contra vocês – ele fala lançando um sorriso quase imperceptível em minha direção – Você terá muito trabalho pela frente, mas com certeza terá alguém forte ao seu lado, não perca isso – ele finaliza com um tom de aviso.

- Sinceramente, não sei nem o que dizer para o senhor – digo o encarando completamente surpresa – Confesso que estava tão ocupada conseguindo os outros votos e não prestei atenção nos detalhes a minha volta e agradeço pelo que fez.

- Não precisa me agradecer, só estou fazendo o mínimo para lhe ajudar, apesar de que claramente você não precisa mais de minha ajuda. Enfim, o conselheiro viria aqui lhe importunar sobre sua futura esposa e a empresa dela, por hoje nos livramos dos discursos entediantes – ele diz começando a comer seus ovos mexidos no prato a sua frente.

- Se são tão entediantes, por que escuta tanto esse conselheiro? – pergunto honestamente intrigada com essa situação toda.

- Minha menina, você vai perceber muito em breve que tem coisas que nos fingimos escutar e fazer, mas por trás, nos bastidores, temos que fazer as coisas de acordo com nossas próprias convicções. Infelizmente há tradições, como ter um conselheiro por exemplo, questões necessárias em um ponto e completamente descartáveis em outros.

- Conselho registrado, senhor – digo sorrindo de leve para ele – Agora, se me permite, preciso terminar de planejar a invasão das boates e depois tenho um almoço com minha noiva – digo me levantando.

- Sei que não precisa, mas lhe desejo boa sorte.

- Não querendo ser pretenciosa, mas já sendo, não preciso de sorte, a invasão será perfeitamente bem calculada e executada – digo convicta para ele já na porta da sala de jantar, prestes a sair.

- Não lhe desejei boa sorte para isso e sim para seu almoço – ele diz e posso jurar que vi outro sorriso surgir brevemente em seu rosto.

- Ok, se me der licença, estou indo – digo rapidamente, faço uma breve reverência para ele e saio dali.

Era só o que me faltava, até meu pai rindo na minha cara por causa de Charlotte. E quem diria, ele também fez tudo de caso pensando no jantar, por isso eu não esperava, mas agora já sei que vou precisar conversar sobre isso com Charlotte também. Vou rumo ao meu escritório no segundo andar e Faye já me espera por lá, passamos boas horas ali, definindo os últimos detalhes sobre aquelas invasões, que agora eu teria que adiar para após o jantar de ensaio do casamento.

A Herdeira da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora