Capítulo V

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Engfa

- Me diga – o senhor Austin diz pigarreando – Qual seria esse pedido?

- Vim pedir sua benção para que eu possa propor a Charlotte em casamento – digo finalizando meu uísque em um gole só.

Assim que coloco o copo sobre a mesa, subo o olhar para encará-lo, vejo nitidamente uma pontada de raiva em seu olhar.

- Senhora Waraha, não me interprete mal, mas o porquê dessa mudança repentina? – questiona claramente confuso.

- A que mudança exatamente o senhor se refere? – lhe devolve o questionamento igualmente confusa.

- Digo isso porque todos, inclusive eu, estavam certos de que hoje seria a Pich quem a senhora pediria em casamento – ele esclarece e eu solto o ar de forma cansada.

- Senhor Austin, vamos esclarecer alguns pontos. Primeiro lhe dou total e devida permissão para me chamar apenas de Engfa, essa formalidade toda de senhora ainda não me pertence, segundo eu estive sim envolvida com a senhorita Pich e não me orgulho disso, mas posso lhe garantir que jamais fiz promessa alguma a ela de casamento, isso ela tirou das próprias conclusões – finalizo tentando esclarecer essa história de uma vez por todas.

- Entendo – ele diz e abaixa a cabeça pensativo – Engfa, me permite lhe fazer mais uma pergunta? – ele levanta os olhos para os meus me encarando seriamente mais uma vez.

- Com toda certeza – lhe respondo com firmeza, não poderia errar em minha postura em um momento como esse.

- Porque a Charlotte? Qual a razão da sua escolha? – quando me faz esse questionamento, percebo que seu tom de voz começa a ter um tom de decepção.

- Sendo completamente honesta com o senhor, e espero que esta conversa permaneça somente entre nós entre essas paredes – lhe digo com o tom um pouco ameaçador – Como o senhor bem sabe, a família Austin foi a escolhida pelo conselho da organização para que essa aliança fosse selada, há algum tempo venho analisando toda a família Austin e eu estaria mentindo se lhe dissesse que Charlotte não chamou minha atenção instantaneamente, ela é uma mulher extraordinariamente bonita, tem técnicas de luta avançada, habilidades com segurança computacional invejáveis e extremamente destemida, não a vi durante todo esse tempo em que a analisei ter medo de nada e ninguém – digo parecendo uma tola apaixonada, mas não me importando, neste momento precisava ganhar a confiança do senhor Austin e algumas mentiras eram necessárias – Por essas razões tão claras, tenho a certeza de que ela será uma excelente primeira dama e ninguém irá questionar sua posição – digo afirmando com firmeza.

- Entendo... – diz agora mais apreensivo e inquieto mexendo nas próprias mãos – Mas nesta situação toda, temos um grande problema Engfa – ele diz se levantando e pegando nossos copos para colocar outra dose.

- E que problema seria esse? – questiono começando a ficar impaciente.

- Eu conheço muito bem minhas filhas e sei que Heidi tem sua sexualidade bem definida e não tenho problema algum em relação a suas escolhas, porém nunca vi Charlotte se envolver com mulher alguma, seus relacionamentos, apesar de raros, até aqui foram somente com homens – diz retornando a sua cadeira e colocando o copo com outra dose a minha frente.

- Entendo, porém não vejo o problema nesta questão – digo tomando o primeiro gole.

- Como não? Acredite, sei que a vida não é um conto de fadas, também tive um casamento arranjado, porém sei que assim como eu, seu pai também teve sucesso no casamento arranjado e encontramos o amor após um tempo. Agora te pergunto se minha filha optar por não se envolver com você de forma romântica em hipótese alguma, ela será infeliz até o dia de sua morte? – ele me questiona perdendo um pouco de sua paciência e demonstrando sua insatisfação.

A Herdeira da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora