A Herdeira da Máfia

Capítulo XXX

Charlotte

Acordo e levo um tempo para me situar onde estou, olho ao redor e lembro que estou em um quarto na casa onde Engfa nos trouxe as pressas. Me levanto e vou até a janela que tem do lado da cama, olho a paisagem e só vejo o mar em sua imensidão escura e a lua brilhante refletindo ali.

Paro para pensar em tudo que aconteceu essa noite, foi uma completa loucura, entraram na minha empresa e armaram uma emboscada, pensei verdadeiramente que iria morrer. Ainda bem que meu pai sempre orientou tanto eu quanto Heidi a ter um "quarto" do pânico escondido em nossos escritórios. Assim que percebi a tentativa de alguém entrando no meu escritório corri para lá e me escondi, só senti o alívio quando escutei Engfa chamando por mim.

Por falar em Engfa, espero que ela descubra quem fez isso e resolva tudo de uma vez, provavelmente agora deve estar cuidando disso. Mas uma urgência em vê-la grita dentro de mim, pensar nela me fez querer sua presença de volta. Com este pensamento vou até a porta para tentar sair á sua procura, mas dou de cara com um dos seguranças.

- Boa noite senhorita Austin, posso lhe ajudar em algo? – ele me questiona completamente educado.

- Sim, por favor, eu gostaria de ver a senhorita Waraha. Pode me levar até ela? – lhe respondo de forma igualmente educada.

- Vou avisa-la imediatamente que a senhorita solicita a presença dela – ele diz já pegando o celular do bolso de seu terno.

- Ok... – digo um pouco intrigada – Vou esperar dentro do quarto então – digo e em seguida volto para dentro do quarto, indo me sentar em uma poltrona que há de frente para a cama.

Não demora mais do que alguns minutos para que eu escute uma leve batida na porta do quarto, tenho certeza de que é Engfa.

- Entre! – falo um pouco mais alto para que ela possa escutar.

Ela entra e para do lado oposto da poltrona, me pergunta como estou e neste momento eu sou sincera, ainda não me sinto completamente bem, assim que respondo ela se senta na cama e agora está de frente para mim. Percebo em seu olhar um tom de decepção e tristeza e quando ela termina de falar sobre a ideia de adiar o casamento, fico imediatamente furiosa e a questiono.

Não acho justo, depois de tudo o que passei e de tudo o que ela tem feito para me convencer a ir adiante com este casamento, que simplesmente agora ela queira dar o braço a torcer e temer algum inimigo.

- Você sabe quem é o seu avô materno? – assim que ela me faz essa pergunta eu fico preocupada e tensa.

Respondo Engfa e quando ela me explica de volta que isso pode ter a ver com meu possível avô materno e que ela iria ao seu encontro sozinha, fico com mais raiva ainda e tomo uma decisão.

- Se toda essa história tem algo a ver com uma parte da minha família, você não vai sozinha, se precisar ir até lá, eu vou junto – digo determinada e convicta da minha decisão.

- Não vai mesmo, não é seguro – ela diz com raiva e se levantando da cama de imediato.

- O que aconteceu Engfa?! – pergunto furiosa indo em sua direção e ficando muito próxima a ela – Primeiro você vem me dizer que quer adiar o nosso casamento, depois está tentando ir rumo a uma emboscada sozinha. O que não está me contando?! Está com medo do que?! – a encaro muito perto, a milímetros de distância de sua boca – Onde foi parar a grande arrogante e destemida herdeira Waraha?! – questiono lhe desafiando.

- A grande arrogante e destemida, antes não tinha nada o que perder ou com o que se importar de verdade! – ela diz de uma vez devolvendo meu olhar furioso – Se eu perder você, nada mais faz sentido, se você não estiver respirando, eu também não quero estar!