❚18 - a organização L.T.C.N

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Sentada no aeroporto, eu observava as pessoas ao meu redor. Elas pareciam tão calmas, tão alheias ao que estava prestes a acontecer. Já eu, estava uma pilha de nervos. Do meu lado, Iphicles parecia relaxado, como se tudo fosse uma rotina para ele. E realmente era. Ele foi quem me buscou e me introduziu a este mundo. Olhei para ele, cheia de perguntas, mas meus pensamentos voltaram ao Isaac.

Ele nos abraçou com tanta força, como se fosse uma despedida definitiva. Parecia estar brincando, mas havia uma profundidade naquilo que me deixou inquieta. E se ele estivesse certo? E se não voltássemos mais? A ideia me perturbava mais do que eu queria admitir. Eu balancei a cabeça, tentando afastar esses pensamentos sombrios. Precisava me concentrar no presente.

Iphicles olhou para mim, percebendo meu desconforto. Ele parecia sempre saber o que eu estava pensando, o que era um pouco irritante, mas também reconfortante. Ele consultou seu relógio e disse calmamente:

- Nosso voo sai às ἐνδεκάτη δέκα.

Eu franzi o cenho, completamente perdida.

- O quê? Tá doido? Que hora é essa?

Ele riu, balançando a cabeça.

- Desculpa, eu esqueci que você ainda não está acostumada com esses detalhes. Estamos em uma missão especial e a fundação dos semicristas tem seus próprios horários e transportes. Nosso voo é exclusivo para semicristas.

Eu tentei absorver essa informação, mas ainda estava cheia de dúvidas. Meus pensamentos vagavam, imaginando como seria essa missão, o que encontraríamos pela frente.

- Mas não é perigoso irmos sozinhos em um avião? E se Zeus atacasse? E se algum deus nos atacasse?

Iphicles balançou a cabeça, parecendo quase divertido com minha preocupação.

- O que mudaria se os mortais estivessem lá? Na verdade, seria ainda mais perigoso para eles. Semicristas, como nós, exalam uma energia especial que atrai monstros e pode chamar a atenção dos deuses. Mortais comuns não têm como se defender dessas ameaças. Além disso, humanos normais não conseguem ver os monstros. Eles estariam completamente vulneráveis. E os monstros exalam um cheiro muito forte, um cheiro que apenas os semicristas podem sentir. Então, andar nos mesmos transportes que as pessoas comuns colocaria todos em perigo. Não tem como dois semicristas proteger mais de vinte pessoas ao mesmo tempo.

Eu pensei sobre isso por um momento e finalmente concordei.

- É verdade... - murmurei. - Mas tenho uma pergunta... Por que você chama eles de mortais, sendo que somos mortais também? Somos semicristas, né? Também morremos.

Iphicles sorriu, como se estivesse esperando essa pergunta.

- Chamamos eles de mortais porque, embora também possamos morrer, nossa natureza é diferente. Nós, semicristas, temos habilidades especiais, uma conexão direta com os deuses, e um destino que muitas vezes nos coloca em situações além da compreensão humana. Mortais comuns vivem suas vidas sem essas interferências divinas. Eles não enfrentam monstros ou missões impossíveis. Nossa mortalidade é um pouco diferente da deles. Entendeu?

Eu absorvi suas palavras lentamente. Tinha muito mais naquela vida de semicristas do que eu jamais poderia imaginar. Cada nova informação parecia abrir um novo mundo de possibilidades e perigos.

Enquanto ele falava, eu olhava ao redor, vendo o movimento do aeroporto, pessoas indo e vindo sem ideia do mundo perigoso que existia à nossa volta. A sensação de estar à beira do desconhecido era avassaladora. Olhei para Iphicles e percebi que ele também tinha suas preocupações, mesmo que não deixasse transparecer.

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