❚19 - O paga pau

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O jato pousou suavemente na pista, e meu coração começou a bater mais rápido à medida que nos aproximávamos do destino. Iphicles parecia tranquilo, mas eu não conseguia esconder minha ansiedade. Quando finalmente paramos, ele sorriu para mim.

— Chegamos, — disse ele, desatando o cinto e se levantando.

— Onde estamos? — perguntei, tentando olhar pela janela.

— Na ponta da América, bem longe de qualquer lugar. Estamos em Anchorage, Alasca, — respondeu ele enquanto abria a porta do jato. — Venha, temos alguém nos esperando.

Descemos do jato e fui recebida por uma brisa fresca. De pé, próximo ao avião, estava um garoto que imediatamente abriu um sorrisão ao nos ver. Para minha surpresa, Iphicles pareceu surpreso ao vê-lo ali.

— Nossa, não esperava te ver tão cedo, — disse Iphicles, correndo até ele e o abraçando. — Achei que a gente ia se encontrar no ponto marcado.

O garoto, sem perder tempo, agarrou a gola da camisa de Iphicles e começou a bombardear com perguntas.

— Como está a Isabel? Ela está bem? Ela tem se alimentado direito? Dormiu bem? — disparou, uma pergunta após a outra, sem sequer dar tempo para Iphicles responder.

Iphicles revirou os olhos e soltou um suspiro de tédio.

— Você é um verdadeiro pau mandado, Matteo, gado de mulher, — respondeu ele, impaciente.

Matteo apertou ainda mais a gola de Iphicles, continuando com suas perguntas, até que finalmente notou minha presença. Ele riu, aparentemente de nada, e soltou Iphicles.

— Ah, desculpa, eu me empolguei, — disse ele, se voltando para mim. — Eu sou Matteo Ricci, mas pode me chamar de Matt.

Matteo era peculiar. Ele estava usando uma camisa preta, uma bermuda jeans folgada com um cinto marrom, e para completar o visual, um chapéu de cowboy. Em um aeroporto. Ele parecia estar se divertindo bastante com o visual inusitado.

— E qual é a desse chapéu de cowboy? — perguntou Iphicles, rindo.

— Ah, perdi minha boina, e sem chapéu eu não fico, então peguei o único que encontrei, — respondeu Matt, ajustando o chapéu na cabeça com um sorriso travesso.

— E por que seu cabelo está tão bagunçado? Parece que não vê um pente há dias, — provocou Iphicles.

Matt fez uma cara de decepção exagerada e respondeu:

— O quê? Eu penteio esse cabelo todos os dias! Ele fica a mesma merda, — disse ele, passando a mão pelos cabelos e tentando alisá-los.

— Vamos, vou levar vocês para o meu cafofo, onde vocês vão dormir, — disse Matt, pegando minha mala.

Pegamos nossas malas e seguimos Matt. Estacionada próxima à pista estava uma van preta, uma Mercedes-Benz Sprinter. Matt abriu a porta e nos ajudou a colocar as malas dentro.

— Entrem, — disse ele, segurando a porta aberta para mim.

Sentei-me no banco de trás enquanto Iphicles e Matt se sentaram na frente. O motor roncou suavemente quando Matt deu a partida, e logo estávamos em movimento.

Matt, como de costume, começou a brincar sobre a viagem e a missão. Ele parecia ser incapaz de levar qualquer coisa a sério, mas isso não diminuía sua presença reconfortante.

— Vou te contar uma coisa, Nemesis, — disse Matt, enquanto dirigia. — O pior que pode acontecer é a gente morrer, mas eu não vou deixar isso acontecer. Não posso morrer sem casar com a Isabel!

O CASTIGO DE HADESOnde histórias criam vida. Descubra agora