❚05 - Quem Precisa de Uma Cabeça Quando Se Tem um lphicles?

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Aquela mulher... eu tenho certeza que eu já vi ela antes. É a mulher do meu sonho. O que está acontecendo? Por que ela está aqui? Será que estou ficando louca?

Meu coração batia tão rápido que parecia que ia saltar do meu peito. Cada respiração era um esforço, como se o ar tivesse sido sugado de dentro de mim. Não conseguia parar de tremer, minhas mãos suavam e minha garganta estava seca.

- Nêmesis, você está bem? - a voz da minha "mãe" me tirou dos meus pensamentos.

Eu pisquei algumas vezes, tentando me concentrar. Minha "mãe"... ou melhor, minha tia... estava ali, me olhando com preocupação.

- Ah, sim, eu tô bem. Só... um pouco tonta. - Minha voz falhou um pouco, eu estava tentando parecer tranquila, mas estava difícil.

Ela perguntou por que eu estava chorando. Foi só então que percebi que minhas bochechas estavam molhadas. Limpei rapidamente as lágrimas e forcei um sorriso.

Por que eu estava chorando? Nem eu sabia direito. Talvez por causa do choque, ou por descobrir que minha vida toda foi uma mentira.

12 anos... 12 anos de mentiras. Eu não conseguia acreditar.

Eu me odiava. Odiava o mundo por não me aceitar. Naquele momento, eu não queria encarar minha "mãe". Eu não queria acreditar que ela, que sempre achei que fosse minha mãe, não era quem eu pensava.

A confiança que eu tinha não era mais nada para mim. Me sentia como uma embarcação à deriva em um mar tempestuoso, sem porto seguro à vista.

Cada vez que olhava para a mulher na foto, as palavras cruéis dos meus colegas ecoavam na minha mente. "Desgraça", "maldição", "bruxa". Por quê? O que eu fiz para merecer isso?

Eu me perguntava se algum dia encontraria paz. Se algum dia seria aceita por quem eu sou. Mas até agora, só conheci o abismo da rejeição.

A dor no meu peito era insuportável. Cada batida do meu coração parecia um punhal afiado perfurando minha alma.

Eu só queria uma resposta. Uma razão para toda essa dor. Mas às vezes, a verdade pode ser mais cruel do que a mentira.

E assim, lágrimas silenciosas continuavam a rolar pelo meu rosto, testemunhas mudas do tormento que eu carregava dentro de mim.

De repente, sinto um toque no meu rosto. A mulher... minha tia... estava tentando enxugar minhas lágrimas e me abraçar.

- O que você acha que está fazendo? - empurrei-a, sentindo minha voz tremendo de raiva. - Sai de perto de mim.

Ela pareceu surpresa com minha reação, seus olhos se encheram de tristeza.

- Mas eu só quero ajudar... - sua voz estava cheia de preocupação.

- Você acha que a gente tá numa historinha de conto de fadas? - interrompi-a, minhas palavras saindo em um tom áspero. - É só você me falar que eu sou adotada? Que vai ficar tudo bem? Que eu vou te abraçar? Que nem as histórias do conto de fadas e vai ficar tudo bem? Não. Não é assim que o mundo funciona. Isso aqui é vida real. E a realidade tá batendo. De frente.

Greg, que estava ao lado dela, tentou intervir, mas eu não queria ouvir. Eu estava cansada de falsas promessas, de ilusões quebradas. Eu só queria a verdade, mesmo que doesse.

- Calma, filha... - Greg tentou acalmar, com uma expressão de preocupação.

- Calma, filha... - repeti suas palavras com escárnio. - Eu não sou sua filha. Sou um brinquedo para vocês. A bonequinha, a segunda opção de vocês... Já que você não pode ter filhos, né? Vocês me pegaram para ser a segunda opção. A única esperança de vocês para ter uma família.

O CASTIGO DE HADESOnde histórias criam vida. Descubra agora