❚capítulo 3

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[9:08]

Perdida em meus pensamentos sombrios, mal percebo que o tempo passa. A diretora me chama de volta à realidade, pedindo para esperar no banco do lado de fora da escola.

O banco fica em uma pequena praça arborizada, com algumas flores coloridas e um caminho de pedras que leva até ele. Sento-me no centro do banco, cercada pelo verde das árvores e pelo canto suave dos pássaros.

A brisa fresca acaricia meu rosto enquanto aguardo, observando os alunos saindo da escola e seguindo seus caminhos. A sensação de estar sozinha, abandonada pelo mundo, é avassaladora.

Finalmente, avisto o carro da minha mãe se aproximando, e meu coração se enche de alívio ao vê-la.

Entro no carro, sentindo o olhar preocupado da minha mãe sobre mim. Evito encará-la, pois sei que se o fizesse, as lágrimas viriam. Não me sinto suficiente para os meus pais nem para ninguém, sempre vista como uma esquisita.

- Olha para mim, meu bebê - minha mãe diz, com carinho.

Eu olho para ela e tento suavizar a situação com um comentário.

- Mãe, eu não sou mais bebê - digo, tentando sorrir, mas meus olhos já estão marejados.

***

O carro começa a se mover, mas o silêncio entre nós é quase ensurdecedor. Minha mãe, sempre atenta aos meus sinais, percebe minha angústia e decide quebrar o gelo.

- O que aconteceu hoje, querida? - sua voz é suave, mas carregada de preocupação. - Só quero ouvir a sua versão, pois só confio nas suas palavras.

Sinto um nó se formar em minha garganta. Como posso decepcioná-la mais uma vez? Respiro fundo antes de responder.

- Eu... eu fui pega cabulando a aula hoje, mãe - confesso, sentindo um peso ainda maior em meus ombros. - A diretora estava certa...

Minha mãe franze o cenho, surpresa.

- Cabulando a aula? Por quê? - ela pergunta, mas sua voz ainda é gentil, cheia de compreensão.

Engulo em seco antes de explicar tudo. Descrevo o momento em que decidi esconder-me atrás da escola, minha tentativa de evitar Emily e a situação desagradável com o Sr. Silva.

- Desculpa, mãe. Eu não queria te envergonhar, nem ser inútil pra você. Juro que vou tentar ser útil a partir de agora - prometo, desviando o olhar da intensidade do seu olhar.

Minha mãe permanece em silêncio por alguns instantes, processando minhas palavras. Então, ela alcança minha mão e dá um beijinho na minha testa.

- Minha querida, você nunca seria inútil para mim. Eu só quero o seu bem, e acredito em você. Vamos resolver isso juntas, está bem?

Sua voz é reconfortante, e sinto as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto. Solto tudo que estava sentindo, desabando em choro nos braços dela. Choro como um bebê, e minha mãe me abraça com mais força, tentando me confortar.

- Vai ficar tudo bem, meu amor. - Ela sussurra, secando as lágrimas do meu rosto. - Que tal passarmos no Starbucks e pegar aquele café gelado que você ama?

Minha mãe olha para mim uma última vez, sua expressão carregada de preocupação. De repente, seus olhos se iluminam e ela parece ter uma ideia. Sem dizer uma palavra, ela liga o rádio e conecta seu pendrive. A música começa a tocar, e é a minha favorita, "Shut Up and Dance" da Walk the Moon.

- Vem, dança comigo! - Ela diz, com um sorriso contagiante.

Sorrio pela primeira vez desde que saí da escola. Sigo o ritmo da música, deixando-me levar pela batida contagiante. Por alguns minutos, esqueço todas as minhas preocupações e me divirto dançando com minha mãe.

A música enche o carro enquanto cantamos juntas, "Shut up and dance with me", e a sensação de liberdade me faz esquecer momentaneamente todos os problemas. Minha mãe, sempre encontrando uma maneira de me animar, é o anjo que eu mais preciso neste momento. E, mesmo que as coisas não estejam perfeitas, saber que ela está ao meu lado me dá esperança de que tudo vai ficar bem.

***

Durante toda a viagem, eu e minha mãe continuamos cantando animadamente, aproveitando cada momento juntas. Enquanto a estrada se estendia à nossa frente, a música preenchia o carro, criando uma atmosfera de leveza e felicidade. A alegria nos contagiava, e mesmo diante dos problemas do dia, encontramos conforto um na companhia do outro.

- "Shut up and dance with me!" - eu cantei.

- "Shut up and dance with me!" - minha mãe continuou, sorrindo.

- "Oh, c'mon, girl" - cantamos juntas.

- "Deep in her eyes" - comecei outra vez.

- "I think I see the future" - minha mãe completou.

- "I realize this is my last chance" - continuamos juntas.

- "She took my arm, I don't know how it happened" - continuei.

- "We took the floor and she said" - minha mãe seguiu.

- "Oh, don't you dare look back, just keep your eyes on me" - cantamos juntas.

- "I said, 'You're holding back'" - retomei.

- "She said, 'Shut up and dance with me!'" - minha mãe interrompeu.

- "This woman is my destiny" - continuamos juntas.

- "She said, 'Ooh-ooh-hoo, shut up and dance with me!'" - eu terminei a música.

A música nos acompanhou até chegarmos em casa, onde a felicidade do momento continuou a nos envolver. Mesmo com os desafios do dia, sabíamos que tínhamos um ao outro, e isso era suficiente para nos fazer sentir completas.

Notas do autor

Oi, pessoal! Aqui a autora do seu livro favorito, "O Castigo de Hades". Se você não tá entendendo, esse é só o capítulo 2. Sim, o capítulo 2 tem duas partes. É muito longo porque eu tive muitas ideias. Mas aproveita enquanto é tempo. Os momentos felizes não duram muito.

O CASTIGO DE HADESOnde histórias criam vida. Descubra agora