❚06 -Vale a Pena Arriscar?

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- Desculpa por isso - ele disse, antes de me acertar com o cabo da espada. A dor explodiu na minha cabeça, e eu vi tudo escurecer. Sua expressão era de angústia, como se ele não quisesse fazer aquilo. E então, apaguei.

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Minha cabeça doía. Abri os olhos devagar e percebi que estava deitada em uma cama. O lugar era estranho, parecia um hospital antigo. Havia várias camas ao meu redor, todas com uma distância considerável entre elas. As paredes eram brancas e tinham imagens esculpidas de deuses gregos. As duas entradas do local não tinham portas, eram abertas, deixando entrar uma brisa fresca. Parecia um templo antigo, muito bonito.

Sentei-me lentamente, ainda tonta. Minha cabeça estava latejando como se alguém tivesse usado um martelo nela. Olhei ao redor, tentando entender onde estava. Havia algumas pessoas nas outras camas, mas elas pareciam estar dormindo ou desacordadas.

Quando meu olhar parou em uma figura no canto da sala, eu congelei.

- Aquilo é um sátiro? - Pernas de bode, chifres e tudo. Ele tinha cabelos ondulados, meio castanhos, com uma mecha branca que atravessava seu cabelo. Parecia bem entusiasmado, gesticulando animadamente enquanto conversava com uma garota que parecia ter a minha idade. Mas ambos estavam longe demais para que eu ouvisse o que diziam.

Comecei a ficar chocada. Aquilo era um sátiro mesmo? Onde eu estou? Não, não, aquilo não pode ser um sátiro. Ele deve estar usando algum tipo de fantasia. Meus pensamentos estavam uma bagunça quando a brisa fresca da entrada trouxe um som de passos. Iphicles entrou, carregando um copo com um líquido estranho, meio marrom, e o colocou na cabeceira ao lado da minha cama.

- Finalmente acordou - ele disse, colocando o copo na cabeceira.

- O que é isso? - perguntei, olhando para o copo.

- Algo para você melhorar. Você dormiu por quatro dias. Hoje é sexta-feira, dia 14 de abril.

Quatro dias? Como assim?

- Quatro dias? - minha voz saiu mais alta do que eu esperava. - Como isso é possível?

- Você estava exausta e ferida - ele respondeu, tentando me acalmar. - Precisava descansar.

Minha mente estava uma confusão. Quatro dias fora de ação? Tantas coisas poderiam ter acontecido nesse tempo. Quando estava prestes a fazer mais perguntas, uma lembrança me atingiu com força.

- Foi você! - exclamei, puxando-o pela gola da camisa. - Foi você que me acertou. É por isso que fiquei desacordada por quatro dias!

Ele não resistiu, apenas me olhou com uma expressão calma. Soltei a gola da camisa dele e olhei ao redor. Todos estavam vestidos com roupas gregas ou trajes de treinamento. No meio da minha confusão, um pensamento irreverente passou pela minha cabeça: "Por que todo mundo tá brega desse jeito?"

- Onde a gente tá? - perguntei, começando a sentir o pânico subir. - Quero ir pra casa. Cadê meus pais?

As perguntas saíam da minha boca em uma torrente. Ele levantou uma sobrancelha e, por um momento, tive que suprimir uma risada. "Nossa, ele sabe imitar igualzinho a MC Mirella", pensei, mas rapidamente voltei a prestar atenção.

- Eu salvei a sua vida. Você devia estar me agradecendo de joelhos! - disse ele, com um tom mais firme. - Mas vamos começar de novo. Sou Iphicles, filho de Hércules.

Eu não consegui segurar a risada. Hércules? Sério? Ele olhou para mim, confuso.

- Do que você tá rindo? - perguntou, claramente não entendendo.

O CASTIGO DE HADESOnde histórias criam vida. Descubra agora