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Meus olhos ardem, a porra dos meus olhos ardem e não consigo me lembrar de quase nada da noite passada, pois passei dois dias inteiros acordada tentando produzir novas letras que expressassem tudo o que sinto desde aquele maldito dia, mas elas não pareciam fluir como em dias anteriores.

—Becky, preciso que saia desse estúdio ou vou colocar isso para baixo!

A voz de minha melhor amiga faz minha mente latejar, mas levanto abrindo a grande porta acolchoada de onde estou.

—Para de gritar!

—Nem estou gritando Becky e seus pais têm ligado preocupados desde que se enfurnou nesse lugar para escrever algo novo. — Ela se aproxima vagarosamente com os olhos fixos em mim. — Aposto que não saiu nada!

—Não mesmo, mas bebi mais cafeína do que poderia imaginar e capotei por alguma hora da madrugada passada.

—Precisa parar de fazer isso consigo mesma. — Ela senta ao meu lado com aquele sorriso de repreensão e compreensão ao mesmo tempo, não sei como faz, mas o faz. - Talvez precise escrever algo mais alegre?

—Desde que nos conhecemos quantas letras felizes me viu escrever? — Cruzo os braços erguendo a sobrancelha.

—Talvez isso vai te fazer ter inspirações suficientes.

Nai me entrega a edição tailandesa da Underlines com aquele rosto odioso na capa.

—Sério mesmo?

—Não é você que precisa de inspiração? Achei que cairia bem! — O sorriso sarcástico está de volta. — Bom proveito meu amor!

—Você é a pior pessoa desse mundo!

—E me ama tanto que moramos juntas desde a época da escola! — Ela sorri fraco. — Ligue para os seus pais!

—Depois farei isso.... — Caminho até meu quarto tirando cada peça do meu corpo até o banheiro. — Preciso muito de um banho!

—Eca Becky, tinha esquecido que ficou até sem tomar banho para tentar fazer algo.

Ligo a banheira em silêncio buscando meus sais de banho favoritos e colocando um pouco.

—Vai ficar me olhando ou vai banhar comigo?

—Dessa vez eu passo, tenho que ir trabalhar naquele arquivo importante. — Ela se vira para sair. —Te espero para o almoço, pedirei o seu favorito!

Sorrio fraco me colocando dentro da grande banheira de mármore que tenho.


Após o banho longo que precisava, falei com meus pais, pois eles estão vindo para cá ver a mim, Richie não se aguenta de saudades.

Mas falando sério, meu irmão precisa vir resolver uns negócios das empresas dele e todos resolveram me visitar juntamente com a Nai.

Volto ao estúdio e encaro a revista em cima da mesinha de centro, sento no grande sofá mordendo o lábio antes de a pegar para folhear até a matéria que fizeram.

Sarocha parece estar se dando bem na área das artes, mas o final da entrevista que me pega de jeito, pois como pode ela me pedir perdão por tudo o que me fez passar e achar que vai ser perdoada assim.

Nem se você se ajoelhasse na minha frente Freen Sarocha Chankimha.

—Preparada para almoçarmos?

—Porra Nai! — Largo a revista sobre a mesinha. — Não me assusta!

Rhythm Of The SongOnde histórias criam vida. Descubra agora