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Abro os olhos dando de frente com um rosto sereno ao meu lado, apenas suspiro alongando meu corpo da forma que dá para não a acordar antes de sair da cama e prestar atenção num som que vem de fora do chalé.

Acordes melódicos e melancólicos conhecidos por mim, mas que meu cérebro ainda não processou qual é, pego um robe e saio olhando para os lados encontrando Nai sentada no chalé dela com um ukulele em mãos, ela começa a cantar a letra e finalmente percebo qual é.

Break my bones, escrita pela Rebecca e cantada por Matt Hansen.

Meus olhos são fixos nela que toca com delicadeza e canta com uma suavidade que me deixa encantada, devo admitir que ela manda muito bem.

Quando percebo meus pés estão me levando até onde ela está tocando, Nai apenas sorri fraco quando percebe minha presença e continua fazendo seu pocket show da manhã com o restante da música.

Ao finalizar ela fecha os olhos respirando fundo.

—Sinto falta do campo, de uma cidade pequena.

Mantenho silêncio por um período curto.

—Você gosta da Rebecca?

—Quem? — Ela franze o cenho.

—Rebecca Patricia, a compunista da letra que acabou de cantar. — Sorrio fraco me abraçando sentindo uma corrente de vento.

—Ah essa Rebecca, você nem imagina o quanto. — Nai sorri de lado.

—Sabe tocar alguma outra?

—Pode pedir qualquer uma delas que conheço todas de cima a baixo, das mais antigas até as mais novas, como se tivesse participado do processo de criação de cada uma.

In the kitchen? — Sorrio fraco.

Nai se arruma e começa a tocar os acordes da música que pedi, soltando a voz suavemente como a Renee até explodir no refrão e uma vaga lembrança vem à minha mente.

A voz dela soa tão parecida com a da demo que saiu dessa música, quando ela alcança o refrão de novo tenho praticamente certeza de que é a mesma voz, tão clara e alcançando as notas tão facilmente.

—Posso te fazer uma outra pergunta? — Esfrego minhas mãos.

—Claro, Sarochita.

—Do que me chamou?

—É o costume, foi mal.

—Costume? — Franzo o cenho.

—O que queria me perguntar mesmo? — Nai sorri de lado.

—Ah sim, você já gravou alguma demo dessa música?

Ela me fita por uns segundos, parece decidir o que vai falar a seguir com bastante cautela.

—É, você é realmente uma fã da Rebecca.

—Então era mesmo você? — Sorrio sem ao menos acreditar. — Isso significa que conhece ela, certo?

—Pode se dizer que talvez, Becca é muito difícil de se deixar conhecer.

—Pelo visto a conhece mesmo, poderia conseguir um autógrafo para mim?

—Não sei Sarocha, isso tem suas implicações.

Ela coloca o ukulele ao seu lado umedecendo o lábio.

—Sabe, você não parece com quem andei escutando da Becky.

—Ela falou de mim para a namorada?

—Becky e eu não temos segredos, além de que antes de que ela fosse minha namorada, nós somos melhores amigas. — Nai me encara de uma forma que não sei explicar, mas me sinto intimidada. — Natural falarmos dos nossos passados, não acha?

Rhythm Of The SongOnde histórias criam vida. Descubra agora