Uma claridade invade meu quarto e me xingo por ter largado a cortina aberta dessa forma, mas me espreguiço antes de sair da cama e observar Bangkok pela janela do pequeno apartamento onde moro sozinha desde que completei 19 anos.
São seis e meia e as pessoas já estão no ritmo frenético que essa cidade exige, para minha felicidade o lugar onde tomo café é a 15 minutos de casa e o trabalho 25, então costumo ir andando com meus fones de onde prevalecem as melodias tristes escritas pela Rebecca.
Não sei bem quando meu amor por ela começou, mas já devem fazer quase seis anos que a escuto e lembro de ter escutado Too Good at Goodbyes interpretada pelo Sam Smith e ter ido atrás quando numa entrevista disse que a compunista de sua música tinha sido uma moça até então não muito conhecida, mas que estava fazendo isso desde 2015 e que seu nome era Rebecca Patricia.
Desde então fui atrás das músicas anteriores e acompanhando cada lançamento de letras das quais ela compôs sozinha ou em parceria com algum outro artista.
Não ver seu rosto atiça em mim uma vontade imensa de a conhecer, mas sei que ela morando em Londres e eu aqui, isso é praticamente impossível.
Todavia, deixe-me voltar para a realidade antes que me atrase.
Toda vez que passo para ir a galeria me deparo com uma floricultura e assim como amo arte, amo as tulipas sem me importar com qual cor tiverem, então decido parar para levar umas para minha sala no trabalho.
—Bom dia, poderia me dar cinco tulipas brancas, por favor? — Sorrio para a atendente que vem em minha direção.
—Claro, são para alguém?
—Quero apenas as levar para o trabalho.
—Oh desculpe, pensei que... — A voz dela some enquanto faz um pequeno buquê com o que pedi.
—Não se preocupe, aposto que geralmente as pessoas as pedem para algo especial. — Sorrio fraco. —Quanto fica?
—45 baht!
Tiro o dinheiro da carteira pagando a ela e pego as flores para sair da floricultura partindo para meu trabalho, afinal sou eu que abro a galeria ou a Nam nos atrasaria todos os dias, N'Noey mora muito longe então tirei essa missão dela.
Assim que piso meus pés dentro da galeria recebo uma notificação de postagem do instagram da Rebecca
Um sorriso brota em meus lábios quando recebo um like dela no meu comentário e meu coração se aquece, quero postar em todos os lugares, mas só há um que me sinto segura.
—Qual é desse sorriso idiota na cara, hein?
—Você nunca mais faça isso, sabia que posso te dar um soco na cara, Nam?
—Duvido muito Freen, você não bateria numa mosca para se proteger. — Minha amiga sorri fraco se jogando no meu sofá. — Becky finalmente deu condições para você?
—O que? Tá louca, já disse que ela não vai falar comigo nunca mais. — Bufo colocando as flores num vaso pequeno que tenho.
—Ela ainda não me disse se virá ou não, estou ficando ansiosa pois 80% deu certeza de que estará lá.
—Espero que não venha... — Deixo o comentário cair no vazio recebendo um olhar de Nam.
—Se ela seguiu mesmo a vida não tem que temer nada, certo? Você também seguiu, mas tem algo nessa história que não faz sentido, por que o medo de rever a Becky?
—Ela foi o primeiro amor da minha existência, aqueles castanhos me perseguem até hoje, não sei se ela ainda ama rosas como antes, se ainda escuta as mesmas músicas de ópera ou musical, só sei que a merda do meu coração ainda é cheio dela Nam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rhythm Of The Song
RomanceFreen Sarocha Chankimha é uma artista em ascensão no mundo da arte em Bangkok, Tailândia. Dona de uma galeria de arte na qual trabalha juntamente com suas melhores amigas, Nam e Noey, Freen produz obras e expõe obras de terceiros trazendo visilibida...