22 - Tortura

506 59 7
                                        

Lorenzo Mazza

Eu não consigo pensar em absolutamente nada, minha mente parece travada nesse momento e apenas Jullian está nela. Perco totalmente as forças e tento não desistir e deixar minhas pernas cederem, me levando ao chão. Fecho meus olhos por um momento e respiro fundo, não posso vacilar logo agora. Ouço passos atrás de mim e me viro rapidamente com a esperança de que seja Jullian, mas vejo Luca e sua expressão não é das melhores.

— Renata está bem, não houve nada com ela nas últimas horas. — Ele diz ao chegar em minha frente e meu peito se aperta ao que eu confirmo minhas suspeitas.

— Jullian deveria estar aqui, mas não consigo contatá-lo — falo e ele rapidamente me entende.

— Sei que não quer a policia envolvida, mas preciso chamar reforços se quisermos pegar Andrea.

Solto um suspiro frustrado e pego meu celular do chão, assentindo para ele. Ligo para Matteo em seguida e explico rapidamente a situação. Nesse momento eu preciso de tudo o que estiver ao meu alcance para tirar meu homem das mãos daquele monstro.

— Há funcionários do hospital envolvido com ele, preciso de todas as câmeras de segurança e que não deixem o quarto de Renata desprotegido — falo a Luca quando encerro minha ligação e ele assente.

— Encontraram Ramiro desacordado no carro, ele já está sendo atendido.

— Ok! Estou indo para o galpão, qualquer novidade me avise.

[...]

Meus pés caminham de um lado a outro do escritório. O celular está em minha mão e olho para a tela do aparelho a cada segundo, esperando algum contato de Andrea. Sei que o intuito dele é me torturar e infelizmente está conseguindo. Desde o momento em que sai do hospital eu me sinto enlouquecendo. Eu me sinto a pior pessoa do mundo por não ter mantido a minha palavra de proteger Jullian. Era para ele estar seguro, não haveria mais sofrimento. Era para ele estar longe daquele que lhe causou tanta dor, mas eu não consegui cumprir a única coisa que o prometi.

— Don, me desculpa! — A voz de Kihara ecoa no silencio do escritório quando a mesma abre a porta com força, em um gesto apressado.

Olho para seu rosto e vejo a culpa estampada em seus olhos, mas agora não há muito o que ser feito.

— Você não estava em horário de serviço, não foi sua culpa — afirmo e sigo até minha cadeira, soltando meu corpo no estofado.

— Eu sei, mas...

— Não existe um "mas", o único responsável por tudo sou eu e agora só me resta trazer Jullian de volta.

O silêncio volta a se fazer presente após minha fala e sinto a atmosfera mais pesada. Mas não há como ser diferente.

São seis da manhã quando Luca me manda um arquivo contendo todas as imagens de segurança do hospital e ao seu redor. Matteo e Kihara se juntam a mim para analisar cada uma delas e traçar a rota feita por Andrea. E infelizmente me deparo com o momento em que meu namorado foi levado. Era nítido o desespero em sua face ao ver seu maior pesadelo. Como suspeitei, Andrea contou com a ajuda de funcionários do hospital para realizar o sequestro e sair sem chamar a atenção.

— Filho da puta!

Minha mão fechada acerta a mesa com fúria, ao mesmo tempo que as palavras deixam minha boca. E para aumentar a tensão, meu celular também apita com uma notificação de mensagem. Pego o aparelho e meu coração acelera ao ver o número desconhecido na tela. Abro a mensagem e fica claro que é um vídeo, o que faz um frio percorrer minha barriga antes que eu aperte o play. 

Beleza Oculta Onde histórias criam vida. Descubra agora