III. Encontro.

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ANA JÚLIA COSTA

Após a vitória contra a Hungria, senti uma mistura de alívio e euforia. Nunca pensei que minha carreira na seleção brasileira iria iniciar assim, com tantas emoções. 

- Foi muito bem, hein, Julia! - diz Gabi, surgindo no vestiário e eu rapidamente vou abraçá-la.

- Como cê tá, amiga? A dor de cabeça passou? - eu pergunto preocupada, após nos separarmos do abraço.

- Ainda está doendo, provavelmente você vai ter que continuar jogando nas Olimpíadas como titular - ela diz, sorrindo. 

- E eu não sei se estou preparada para isso - sorrio nervosa. Gabi nega com a cabeça, me olhando com expressão raivosa.

- Não diga isso! Você foi incrível nas duas partidas que jogou! Vai se sair bem nas outras também. 

- Se você diz... - sou interrompida com um abraço por trás, naturalmente eu me viro, dando de cara com Samara. 

Eu e ela ficamos algumas vezes, mas era mais para tirar as tensões do jogo, nada de romance. Pelo menos da minha parte, não era. 

- Foi bem hoje, linda - ela diz sorrindo e eu olho para sua boca, não resistindo em dar-lhe um selinho. 

- Você também - digo. - Uma pena que Giulia se machucou, mas você é uma boa armadora também, sei que vai se sair muito bem em todos os próximos jogos - digo e ela sai do abraço, olhando para Gabi que sorria para nós.

- Sei muito bem que vocês querem se pegar, pombinhas, mas hoje tem a apresentação de ginástica artística do Brasil - diz Gabi e eu assinto, lembrando o quanto eu estava com a atenção dividida. 

Eu estava ansiosa para assistir à apresentação de Flávia na ginástica artística. Após o banho rápido e uma breve conversa com a equipe, me apressei para o ginásio onde as competições de ginástica estavam sendo realizadas.

O ambiente estava carregado de tensão e expectativa. As arquibancadas estavam lotadas, e a energia era palpável. Encontrei meu lugar na primeira fila, perto da área de competição. O lugar de Marcela que seria ao meu lado estava vazio. Assim que me sentei, vi Rebeca Andrade, ao lado de minha irmã, conversando com algumas pessoas da comissão técnica.

Minutos depois, as ginastas começaram a se preparar para suas apresentações, e Marcela veio para meu lado. Rebeca se apresentou primeiro com leveza e firmeza em seus movimentos, depois uma tal de Julia Soares se apresentou, quase caiu, mas conseguiu se equilibrar. Lorrane Oliveira também se apresentou e conseguiu se sair bem.

Fico ansiosa. Finalmente seria a hora de Flavia, a mulher na qual eu fiquei encantada desde que eu vi. 

Quando ela entrou em cena, parece que o ginásio ficou em silêncio. Ela estava radiante, com um sorriso confiante no rosto. Seus movimentos eram precisos, e ela parecia flutuar pelo ar com uma leveza inacreditável. Cada salto, cada giro, era executado com uma perfeição que me deixava hipnotizada.

Fiquei maravilhada com a graça e a força que Flávia demonstrava. Era impossível não sentir uma admiração crescente por ela. A apresentação foi impecável, e quando ela terminou, a arena explodiu em aplausos e gritos de incentivo. Eu me peguei aplaudindo de pé, com um sorriso enorme no rosto.

- Disfarça - diz Marcela, zombeteira. 

- Se manca! Só achei a apresentação dela muito boa - digo tentando disfarçar a admiração que já estava crescendo dentro de mim.

Após alguns momentos de tensão, os juízes anunciaram as notas, e o resultado foi claro: Brasil havia passado para a final. A emoção tomou conta do ginásio pelos brasileiros, e vi Rebeca correndo para abraçar Flavia e suas outras companheiras.

Assim que as celebrações terminaram, desci as escadas rapidamente e me aproximei de Flávia, que estava cercada por repórteres brasileiros. Esperei pacientemente até que ela tivesse um momento de folga. Quando nossos olhares se cruzaram, ela sorriu e se aproximou de mim.

- Parabéns, Flávia! Você foi definitivamente incrível! - eu disse, tentando esconder o nervosismo na minha voz.

- Obrigada, Ana Júlia! Fiquei sabendo que você arrasou no jogo contra a Hungria. Parabéns a você também! - ela respondeu, com um brilho intenso nos olhos. Eu definitivamente me perdi no seu olhar.

- F-foi uma vitória importante para nós - gaguejo mas me recomponho. - Estou tão feliz por você ter passado para a final. Você merece muito - ela me olha de um jeito estranho, então percebo o que havia falado. - Vocês merecem muito! - corrijo e ela sorri, fazendo eu me perder completamente olhando para sua boca. 

- Obrigada mesmo! E você, está pronta para os próximos desafios?

- Sempre - eu disse, tentando parecer confiante.

Havia algo especial em Flávia, algo que me fazia querer conhecê-la melhor. Quando finalmente nos despedimos, senti uma onda de empolgação.

Enquanto caminhava de volta para o hotel, não conseguia parar de pensar nela. Sabia que as próximos dias seriam desafiadores, tanto para mim quanto para ela.

E assim, com o coração leve e a mente cheia de expectativas, me preparei para os próximos desafios. A vitória contra a Hungria foi apenas o começo, e eu estava pronta para lutar com todas as minhas forças, tanto no esporte quanto na vida pessoal.

𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒, ᶠˡᵃᵛⁱᵃ ˢᵃʳᵃⁱᵛᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora