FLÁVIA SARAIVA
Na manhã seguinte, acordei ao lado de Ana Júlia. Ela estava descansando, o tornozelo já um pouco melhor, graças ao gelo e ao repouso. Mas hoje era um dia importante para Marcela, e nada impediria que fôssemos apoiar minha futura cunhada (amém) no jogo de vôlei contra a Polônia.
- Bom dia, princesa - Ana Júlia murmurou, abrindo os olhos devagar. Seu sorriso, mesmo sonolento, era radiante.
- Bom dia, linda - respondi, inclinando-me para beijá-la suavemente. - Como está se sentindo?
- Melhor, graças a você - ela respondeu, acariciando meu rosto. - Hoje é o dia da Marcela, não podemos perder.
Depois de nos arrumarmos, descemos para o café da manhã, onde encontramos o restante da delegação brasileira. A tensão no ar era perceptível, todos sabiam da importância do jogo para a seleção de vôlei, especialmente para Marcela, que tinha a responsabilidade de liderar o time.
O ginásio de vôlei estava lotado quando chegamos. A torcida brasileira era vibrante, as cores verde e amarelo dominando as arquibancadas. Ana Júlia, Rebeca e eu nos acomodamos na primeira fileira, próximas da quadra, onde poderíamos ver cada detalhe do jogo.
- Marcela vai arrasar - disse Ana Júlia, cheia de confiança.
- Ela sempre dá o melhor de si nesses momentos - diz Rebeca, orgulhosa da namorada.
- Sem dúvida - concordei, sentindo a excitação crescer enquanto o time brasileiro entrava em quadra.
O jogo começou e, desde o início, estava claro que seria uma batalha acirrada. A Polônia jogava com força e precisão, mas a seleção brasileira, liderada por Marcela, não deixava barato. Cada ponto era disputado com intensidade, e a tensão no ginásio aumentava a cada saque.
Marcela estava incrível. Com sua altura imponente e golpes poderosos, ela liderava o time com uma mistura de paixão e estratégia. Em um momento crucial, com o placar empatado, ela fez um bloqueio espetacular, que arrancou aplausos ensurdecedores da torcida.
- Isso, Marcela! - gritei, levantando-me junto com Ana Júlia. - Você é demais!
Ana Júlia sorriu orgulhosa, vibrando a cada jogada da irmã. O jogo seguiu em um ritmo frenético, com ambos os times lutando ponto a ponto. Mas, nos momentos decisivos, o Brasil mostrou sua força. Em um último ataque poderoso, Marcela finalizou o set com um ponto que garantiu a vitória brasileira.
O ginásio explodiu em comemoração. A torcida brasileira estava eufórica, e eu e Ana Júlia não conseguíamos conter nossa alegria. Abracei Ana Júlia forte, sentindo a energia da vitória ao nosso redor.
- Marcela foi incrível - disse ela, ainda ofegante de emoção. - Estou tão orgulhosa dela.
- E com razão - concordei. - Sua irmã é uma verdadeira campeã.
Depois do jogo, fomos até a quadra para encontrar Marcela. Ela estava suada, mas radiante, o sorriso em seu rosto mostrando a satisfação da vitória. Primeiro Rebeca a puxou para um beijo cheio de sentimentos, mostrando o quão orgulhosa ela estava, e depois, Ana Júlia a abraçou forte, parabenizando-a pelo desempenho incrível.
- Você foi sensacional, maninha - disse Ana Júlia, o orgulho transbordando em sua voz.
- Obrigada, Ana - respondeu Marcela, ainda respirando pesado. - Tive que dar o meu melhor - Rebeca começa a gravá-la, provavelmente para postar em seus stories. - Esse jogo foi para vocês, e para todo o Brasil - diz para a câmera e Rebeca dá um gritinho, puxando-a para um beijo.
Eu sorri, sentindo-me honrada por fazer parte daquele momento. Ver a conexão entre minha amiga e sua namorada, a força e o amor que compartilhavam, me fez perceber o quanto eu queria estar ao lado de Ana Júlia em todos os momentos, apoiando-a, como ela sempre fazia por mim.
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𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒, ᶠˡᵃᵛⁱᵃ ˢᵃʳᵃⁱᵛᵃ
FanfictionEm um emocionante e intenso cenário olímpico, Ana Júlia Costa, uma jovem goleira de 20 anos, intersexual, estreando na seleção brasileira de handebol, enfrenta a pressão e os desafios da competição enquanto lida com a preocupação por sua melhor amig...