VIII. Holanda.

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ANA JÚLIA COSTA

Na manhã seguinte ao nosso passeio por Paris, acordei revigorada, ainda embalada pelas lembranças da noite anterior com Flávia. O dia do jogo contra a Holanda chegou e a tensão estava no ar. A atmosfera no refeitório do hotel era de concentração, com as jogadoras focadas no que estava por vir.

Cristiano, nosso treinador, nos chamou para uma breve reunião antes do café da manhã. Ele estava mais sério do que o habitual, mas havia confiança em seu olhar.

- Hoje é o dia, meninas - começou ele, com a voz firme. - Estamos prontos, sabemos o que temos que fazer. Joguem com o coração, mas mantenham a cabeça no lugar. Nós podemos vencer a Holanda.

Sentamos em círculos, e Cristiano nos deu um tempo para falar o que quiséssemos. Gabi foi a primeira a se levantar.

- Eu só queria dizer que estou muito orgulhosa de todas vocês. A gente trabalhou duro para chegar até aqui, e hoje vamos mostrar do que somos capazes.

As palavras de Gabi foram seguidas por outras companheiras de equipe, cada uma expressando seu apoio e confiança. Quando chegou a minha vez, fiquei um pouco nervosa, mas sabia que precisava falar.

- Eu só queria dizer que estou muito feliz de fazer parte deste time - comecei, sentindo meus olhos marejarem. - Vamos dar nosso melhor hoje, jogar com paixão e determinação. E vamos ganhar esse jogo.

Houve uma rodada de aplausos e abraços, e eu sabia que estávamos prontas.

***

No ginásio, a energia era palpável. O jogo começou com intensidade total, a Holanda mostrando porque eram uma das favoritas. Mas estávamos preparadas e determinadas a não ceder facilmente.

Os primeiros minutos foram de pura adrenalina, com ataques rápidos e defesas firmes de ambos os lados. Eu estava focada, meus reflexos em alerta máximo. Cada defesa bem-sucedida era uma pequena vitória, cada gol que marcávamos era um passo mais perto da vitória.

No intervalo, o placar estava empatado. Sentamos no banco, respirando pesadamente e bebendo água, enquanto Cristiano ajustava nossa estratégia.

- Estamos indo bem, mas podemos fazer melhor - disse ele, gesticulando com entusiasmo. - Vamos usar mais os lados, explorar as fraquezas na defesa deles. Ana, você está indo muito bem. Continue focada.

Eu assenti, sentindo a responsabilidade e a confiança que ele depositava em mim. Nem eu confio em mim mesma, mas ok! O Brasil estava depositando essa confiança em mim desde que Gabi se machucou.

***

O segundo tempo foi ainda mais intenso. A torcida brasileira estava em peso, gritando e incentivando a cada jogada. Bruna e Samara fizeram um trabalho incrível em quebrar a defesa holandesa, enquanto eu defendia com unhas e dentes cada tentativa de gol adversária.

Nos minutos finais, o placar estava apertado, 23 a 22 para nós. A Holanda tentou um último ataque desesperado, mas eu consegui defender um chute crucial, e a bola foi rapidamente passada para Samara, que marcou o gol final. O ginásio explodiu em comemoração, as jogadoras se abraçando e gritando de alegria.

- Nós conseguimos! - gritei, sentindo uma onda de euforia e alívio.

Gabi me abraçou com força, lágrimas de felicidade em seus olhos.

- Você foi incrível, Ana! - disse ela, e eu sorri, sentindo o mesmo.

Após o jogo, enquanto celebrávamos nossa vitória, procurei por Flávia na multidão. Quando finalmente a encontrei, ela correu em minha direção, os olhos brilhando de orgulho e alegria.

- Você foi maravilhosa! - disse ela, me puxando para um abraço apertado. - Eu sabia que vocês iam conseguir.

- Obrigada, Cotoquinha - respondi, beijando-a rapidamente na testa. - Ter você aqui me deu ainda mais força.

***

Naquela noite, houve uma pequena celebração com a equipe, mas eu sabia que queria um momento mais especial com Flávia. Conseguimos escapar para outro passeio por Paris, desta vez com a vitória recente dando um brilho extra a tudo ao nosso redor.

Sentamos em um café charmoso, desfrutando da atmosfera mágica da cidade. Olhei para Flávia, sentindo uma onda de gratidão e felicidade.

- Acho que Paris é realmente a cidade do amor - disse ela, segurando minha mão.

- E da vitória - acrescentei, sorrindo. - Vamos fazer isso funcionar, Flávia. Tanto no esporte quanto entre nós.

Ela assentiu, seus olhos brilhando com a mesma determinação que eu sentia.

- Juntas, podemos tudo.

Capítulo não revisado.

𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒, ᶠˡᵃᵛⁱᵃ ˢᵃʳᵃⁱᵛᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora