XI. Samara.

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ANA JÚLIA COSTA

Acordei com o corpo de Flávia aconchegado ao meu. Os primeiros raios de sol entravam suavemente pela janela, iluminando seu rosto sereno. Um sorriso bobo surgiu nos meus lábios ao lembrar da noite passada. Era como um sonho. Ela era fofa até dormindo, meu Deus do céu!

Com cuidado, deslizei para fora da cama, tentando não acordar Flávia. Precisava de um tempo para pensar, organizar minhas emoções. Fui até a janela e observei Paris lá fora, já cheia de vida. A paixão que sentia por Flávia era intensa, e cada momento ao lado dela parecia mágico.

O coração acelerado quando estava perto dela, os sorrisos bobos que eu lançava só de pensar nela... porra! Eu estava apaixonada!

Se não for recíproco eu me mato!

Mentira, vai ser mais um motivo pra focar mais ainda na academia.

Só vi vantagens.

Depois de alguns minutos pensando besteira, decidi que precisava fazer algo especial para ela. Fui até o hall do hotel e peguei um café da manhã caprichado. O aroma do café e das panquecas rapidamente preencheu minhas narinas. Chego ao quarto, abrindo a porta com o cartão e vou até a cama. Não demorou muito para Flávia acordar, esfregando os olhinhos e sorrindo para mim.

- Bom dia, meu amor - ela disse, levantando e caminhando até mim, me dando um beijo suave.

- Bom dia, princesa - respondi, tentando aprofundar o beijo mas ela rejeita. - Oxe, tá me rejeitando por que?

- Eu não escovei os dentes ainda - ela diz e eu nego com a cabeça, agarrando sua cintura.

- Eu não ligo para isso, princesa - eu digo e ela sorri pra mim.

- Dormiu bem? - ela pergunta, curiosa.

- Com uma gozada daquelas, quem não dorme bem? - eu pergunto, fazendo ela corar.

- Verdade - ela diz e eu pego uma xícara de café, entregando-lhe. - Trouxe o café da manhã para nós.

Nos sentamos à cama e começamos a comer, conversando sobre coisas aleatórias e rindo de piadas.

- O que estava falando com a Biles que estava rindo tanto? - ela pergunta curiosa, mas sem ciúmes em sua voz.

- Eu falei que ela que puxou seu pé pra você cair na hora do solo - eu gargalho e ela segura o riso.

- Sério? - ela pergunta soltando o riso e eu afirmo com a cabeça.

- Deveria ter falado que ela pegou um pedaço de ferro e bateu na sua cabeça e você cortou o supercílio - digo e ela gargalha, jogando a cabeça pra trás.

A leveza daquela manhã só reforçava a profundidade do meu sentimento por ela. Era fácil, natural, como se estivéssemos feitas para estar juntas.

- O que acha de darmos uma volta pela cidade? - sugeri, depois que terminamos de comer. - Eu sei que a gente só faz isso, mas não tem muito o que fazer no quarto.

- Na verdade, tem sim - ela diz maliciosa.

- Flávia! - exclamo, escondendo meu rosto de vergonha.

- Adoraria passear com você - ela diz, seus olhos brilhando de diversão.

Após nos prepararmos, saímos para explorar Paris. Visitamos o Louvre, passeamos pelos Jardins de Luxemburgo e tiramos inúmeras fotos na Torre Eiffel. Cada momento era mais especial do que o anterior.

Durante nosso passeio, notei que várias pessoas nos reconheciam e algumas até vinham nos cumprimentar, outras tirar fotos. Eu estava ciente de que nossa aproximação havia atraído atenção, especialmente com as Olimpíadas em andamento. Algumas pessoas olhavam com aprovação, outras com curiosidade ou até mesmo com julgamento. Mas nada disso importava enquanto estivéssemos juntas.

No final do dia, voltamos para o hotel, exaustas, mas felizes. Nos jogamos na cama, rindo e revendo as fotos que tiramos.

- Você é a mulher mais linda do mundo! - digo após ver a foto que ela havia tirado no meu celular, sorrindo em frente a Torre Eiffel. Disfarçadamente eu coloco como fundo de tela do meu celular.

Ela me olha sorrindo, se aproximando de mim.

Enquanto olhávamos para uma selfie nossa no Jardim de Luxemburgo, Flávia virou-se para mim com um sorriso radiante.

- Hoje foi incrível, Ana Júlia, assim como qualquer dia que eu passe com você. Obrigada por tudo.

- O prazer foi todo meu, princesa - respondi, acariciando seu rosto. - Cada momento com você é um presente.

Ficamos ali, em silêncio, abraçadas e sentindo a conexão entre nós crescer ainda mais forte. Sabíamos que os próximos dias seriam desafiadores, mas estávamos prontas para enfrentar tudo juntas.

Rebeca chega ao lado de Marcela e nos olham com a sobrancelha arqueada.

Flávia me solta, assustada, saindo do meu abraço e sinto falta de seu pequeno corpo contra o meu.

- Misericórdia, Flávia, quase deu um mortal carpado pra trás - eu digo e ela revira os olhos, me dando um tapa no braço.

- Quando iam contar que estão juntas? - Marcela pergunta, direta.

- Ai, gente, só estamos deixando rolar - Flávia explica e eu assinto, voltando a abraçá-la.

- Aff, vou perder 100 reais - diz Marcela, reclamando.

- Ainda bem que eu não apostei - diz Rebeca, rindo da namorada.

- Apostaram o que, gente? - pergunta Flávia.

- Eu apostei que vocês demorariam 2 semanas para ficarem juntas, mas ficaram em 1! Nem eu e Rebeca fomos tão rápido assim.

- Não acredito que vocês apostaram - eu digo, negando a cabeça.

Conversamos por um tempo, até que eu e Marcela nos despedimos das meninas, indo cada uma para seu quarto.

Ao chegar lá, Samara estava me esperando, sentada na cama.

- Oi, Samara - digo e retiro meu moletom. Ela levanta, passando os braços pelo meu pescoço, tentando me beijar. Porém, gentilmente eu tiro seus braços do meu pescoço e desvio de seu beijo.

Ela me olha confusa, parecendo não entender meu comportamento.

- O que houve? Eu fiz alguma coisa? - ela pergunta preocupada.

Olhei para Samara, sentindo o peso da situação. Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas.

- Samara, você não fez nada de errado - comecei, segurando suas mãos. - Mas preciso ser honesta com você. Esses últimos dias têm sido intensos para mim, e eu acabei me apaixonando por outra pessoa.

Ela me olhou por um momento, processando o que eu havia dito. Uma mistura de tristeza e compreensão passou por seus olhos.

- É a Flávia, não é? - ela perguntou, a voz quase um sussurro.

Assenti, sentindo meu coração apertar ao ver a dor no rosto dela.

- Sim, é a Flávia. E eu sinto muito se isso te magoa, Samara. Eu realmente gosto de você, mas meus sentimentos por ela são muito fortes.

Ela suspirou, soltando minhas mãos e dando um passo para trás. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela tentou manter a compostura.

- Eu entendo, Ana Júlia. É claro que estou magoada, mas não posso forçar você a sentir algo que não sente. Só quero que você seja feliz.

Aproximei-me dela, sentindo um nó na garganta. Abracei-a, e ela retribuiu, segurando-me firme por um momento.

- Obrigada por entender, Samara. Você é uma pessoa incrível e merece alguém que possa te dar todo o amor que você merece.

Ela sorriu tristemente, afastando-se e enxugando as lágrimas.

- Vou precisar de um tempo, mas vamos continuar amigas, certo?

- Claro, Samara. Sempre.

Depois que ela saiu, sentei-me na cama, sentindo uma mistura de alívio e tristeza. Terminar as coisas com Samara era o certo a fazer, mas não era fácil magoar alguém que se importava comigo.

Capítulo não revisado.

𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒, ᶠˡᵃᵛⁱᵃ ˢᵃʳᵃⁱᵛᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora