XXII. Família.

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ANA JÚLIA COSTA

O voo de volta ao Brasil parecia interminável. As horas se arrastavam, mas a ansiedade de rever minha família e apresentá-los a Flávia mantinha meu coração acelerado. Flávia estava ao meu lado, segurando minha mão, oferecendo apoio silencioso. Rebeca estava do outro lado, olhando pela janela do avião, junto de Marcela, mas com um sorriso tranquilo que mostrava que ela estava tão animada quanto eu para o reencontro.

Quando o avião finalmente aterrissou em solo brasileiro, um misto de emoções tomou conta de mim. Era bom estar em casa, mas também havia uma ponta de nervosismo. Como minha família reagiria ao conhecer Flávia? Eles sempre me apoiaram, mas apresentar alguém tão importante para mim ainda era algo novo.

No portão de desembarque, avistei minha família antes mesmo de sair da área de desembarque. Minha mãe, meu pai, e Isabela (minha irmã mais nova, de 16 anos) estavam ali, com sorrisos largos e olhos brilhando de emoção. Assim que me viram, correram em minha direção e na de Marcela, e o abraço coletivo que se seguiu foi caloroso e cheio de saudade.

- Ai, gente, cuidado, o tornozelo dela ainda está ferrado - diz Marcela.

- Ana Júlia! Marcela! - minha mãe exclamou, nos apertando contra ela. - Sentimos tanto a falta de vocês!

- Também senti falta de vocês - respondi, minha voz embargada pela emoção. Depois, me virei para Flávia e Rebeca, que estavam um pouco atrás de mim. - Mãe, pai, Isa... quero que conheçam Flávia, minha namorada.

- É, e a Rebeca vocês já estão cansados de ver - diz brincalhona e Rebeca lhe dá um tapa, mandando ela calar a boca, e assim ela faz, como a boa cadelinha que é. Só não julgo pois eu sou completamente apaixonada pela minha namorada. 

Flávia deu um passo à frente, um pouco tímida, mas com um sorriso acolhedor. Rebeca, sempre confiante, seguiu logo atrás.

- É um prazer finalmente conhecê-los - Flávia disse, apertando a mão dos meus pais com um sorriso caloroso.

- Não aguentava mais ouvir Marcela dizer que está com saudade dos senhores! - Rebeca acrescentou, abraçando minha mãe com a familiaridade de quem já se sente parte da família.

Minha mãe, sempre tão carinhosa, puxou Flávia e Rebeca para um abraço.

- Bem-vinda à nossa família! Estamos tão felizes por ter você aqui - disse ela, com lágrimas nos olhos. 

Isabela, com seu jeito brincalhão, deu um leve empurrão em Flávia.

- Então, essa é a famosa Flávia que a Ana não para de falar, hein? - ela piscou para mim, provocando um sorriso de Flávia. 

- Acho que a Ana exagerou um pouco... - Flávia respondeu, rindo, enquanto eu revirava os olhos.

- Nada disso! - Rebeca interferiu. - Ela só disse a verdade. E nós estamos felizes de estar aqui com vocês.

- E eu estou feliz em estar com 4 medalhistas olimpicas, sendo elas minhas filhas e minhas noras! - diz meu pai, sorrindo.

O restante do dia foi passado em casa, em meio a risadas, conversas animadas e muita comida.

Minha mãe fez questão de preparar todos os meus pratos favoritos e o de Marcela também, e a mesa estava cheia de aromas familiares que me faziam sentir realmente em casa.

Enquanto todos conversavam, Isabela puxou Flávia para um canto, e eu as observei de longe. Elas riam e conversavam como se já se conhecessem há anos. Rebeca estava com meu pai, compartilhando histórias sobre nossas aventuras esportivas, e a visão de todos juntos, em harmonia, fez meu coração se encher de felicidade.

À noite, quando todos estavam se preparando para dormir, Flávia e eu ficamos no jardim, sentadas lado a lado, sob as estrelas. Ela se inclinou contra mim, e eu envolvi meu braço em torno dela, puxando-a para mais perto.

- Eles te adoraram - eu disse, quebrando o silêncio.

- Eu também os adorei. Sua família é incrível, amor. E Rebeca se encaixa perfeitamente, como sempre - ela respondeu, olhando para mim com um sorriso carinhoso.

- Estou feliz que todas nós estejamos aqui. Isso significa o mundo para mim - respondi, sentindo uma onda de gratidão por tudo o que estava vivendo.

𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒, ᶠˡᵃᵛⁱᵃ ˢᵃʳᵃⁱᵛᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora