V. Apresentação.

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ANA JÚLIA COSTA

Após o jogo de handebol, onde minha equipe infelizmente perdeu para a França, Flávia e eu nos dirigimos diretamente para o ginásio onde acontecerá a final da ginástica artística. Flávia está visivelmente nervosa, mas mantém uma postura confiante. Eu, por outro lado, sinto meu coração acelerar só de pensar em vê-la se apresentar.

Ela logo sai do vestiário, com seu collant perfeito, da cor azul escura e alguns brilhantes. Seu corpo era estrutural e perfeito, cada mínimo detalhe parecia ter sido esculpido pelo mais perfeito artista. As outras garotas saíram logo atrás, mas eu só conseguia pensar atenção na Flávia.

Sentei na arquibancada, próximo a Marcela, que está animada e cheia de expectativa. Posto fotos da Flávia que estava se preparando e se aquecendo.
Ela sorri para mim, seus olhos brilhando com uma mistura de gratidão e nervosismo.

Depois de um movimento na barra, Flávia cai e na hora eu me levanto quase indo até ela.

- Ei, relaxa, acho que não foi nada - Marcela me puxa para sentar novamente e tenta me acalmar, mas eu sentia meu coração pulsando forte, como se eu tivesse corrido uma maratona.

Pronto, essa era a hora que eu teria um infarto na frente de milhares de pessoas!

- Não foi nada, Marcela? Olha o supercílio dela, tá sangrando! - eu falo desesperada.

Flávia se levanta com dificuldade, pressionando a mão contra o supercílio para estancar o sangramento. Eu observo, impotente, e principalmente preocupada, enquanto ela é conduzida pela equipe médica para uma avaliação rápida. Cada segundo parece uma eternidade.

Marcela tenta me distrair, falando sobre as competições e as chances do Brasil, mas minha atenção está completamente focada em Flávia. Quando ela retorna à arena, um pequeno curativo no supercílio e um olhar completamente determinado no rosto, eu finalmente respiro aliviada. Ela me lança um olhar que parece dizer "Estou bem" antes de subir novamente na barra.

Sua cara estava completamente focada, quase como se ela estivesse se apresentando na base do ódio.

A performance de Flávia, apesar da queda, é excepcional. Ela se move com uma graça e precisão que me deixam hipnotizada. Quando termina, a arena explode em aplausos, e eu me junto a eles, sentindo um orgulho imenso. Com certeza conseguiríamos um bronze pelo menos.

Com a apresentação de Flávia encerrada e o público ainda vibrando com aplausos, a próxima ginasta brasileira se prepara. Rebeca Andrade entra na arena com a postura confiante de quem já conquistou o mundo. Ela executa sua rotina com a maestria de sempre, desafiando a gravidade e arrancando suspiros da Marcela. Seus movimentos são precisos e sua presença, magnética.

- Tá de pau imaginário durasso - brinco com Marcela e ela me mostra o dedo do meio, rindo, ainda olhando para a namorada que parecia deslumbrante especialmente naquela noite.

Aplausos estrondosos acompanham sua saída da arena.

Jade Barbosa é a próxima, e sua expressão séria revela o foco total na tarefa à frente. Ela se posiciona na barra, respira fundo e começa sua apresentação. Cada movimento é carregado de força e graça, e Jade consegue transmitir uma sensação de leveza mesmo nas manobras mais complexas. Ela finaliza com um salto perfeito e uma aterrissagem firme, sendo aclamada pela multidão.

Júlia Soares sobe em seguida, e há um murmúrio de expectativa entre os espectadores. Conhecida por sua habilidade e técnica impecável, ela não decepciona. Seus movimentos são fluidos, e ela se desloca pela barra com uma confiança tranquila. A performance é impressionante, e os aplausos são ensurdecedores quando ela termina.

Por fim, Lorrane Oliveira assume a arena. Seu estilo único e sua energia contagiante cativam o público desde o primeiro momento. Ela combina força e flexibilidade em uma rotina deslumbrante, cada movimento meticulosamente executado. Quando ela termina, a plateia aplaude de pé, ciente de que testemunhou algo especial.

Com todas as apresentações concluídas, há um breve período de suspense enquanto os juízes deliberam. Marcela e eu mal conseguimos conter a ansiedade, trocando olhares nervosos e murmurando encorajamentos.

- Ai, meu Jesus santinho! A gente tem que ganhar alguma medalha - Marcela estava filmando a arena e logo aponta a câmera pra mim. - Faz uma promessa aí, Ana, pra gente ganhar - ela diz brincando.

- Se o Brasil ganhar uma medalha eu corto o cabelo! - eu prometo, e Marcela comemora com o celular na mão, voltando a filmar a arena.

- Deus tá vendo, viu? Se não cortar vai ser castigada!

- Já sou gay mesmo, uma coisa a mais não tem problema! - eu digo tentando cortar o clima de nervosismo.

- Isso é verdade, mas de qualquer modo vai ter que cumprir, senão eu corto teu cabelo enquanto você estiver dormindo!

- Ai, credo!

Finalmente, os resultados são anunciados. O time brasileiro ganha a medalha de bronze na ginástica por equipes! A arena explode em celebração dos brasileiros, e as ginastas se abraçam emocionadas. Flávia, Rebeca, Jade, Júlia e Lorrane sobem ao pódio juntas, cada uma exibindo um sorriso radiante.

Simone e sua equipe ficaram em primeiro lugar, ela olha pra mim e pisca e eu aceno com a cabeça, sorrindo.

No meio da multidão, vejo Flávia levantar a medalha de bronze, seus olhos brilhando de orgulho e emoção. Ela olha na minha direção, e eu sinto uma onda de felicidade e admiração. Ela conseguiu. Elas conseguiram.

Após a cerimônia, vou ao encontro das ginastas. Abraço Flávia, Rebeca, Jade, Júlia e Lorrane, parabenizando cada uma pelo incrível desempenho.

- Vocês foram maravilhosas! - digo, ainda extasiada. - Estou tão orgulhosa de vocês!

Flávia sorri e me abraça novamente, segurando a medalha entre nós.

Seus braços em volta do meu pescoço, sua respiração acelerada batendo em meu pescoço e minha mão em sua cintura, dando um leve aperto, parecia tão único e especial que não pude evitar o arrepio que passou pelo meu corpo.

- Isso é só o começo, Ana Júlia - ela diz, seus olhos brilhando com determinação. - Ainda temos muito mais a conquistar. Se Deus quiser vamos conseguir muito mais medalhas!

𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒, ᶠˡᵃᵛⁱᵃ ˢᵃʳᵃⁱᵛᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora