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Mais uma noite neste castelo, presa e sozinha. Às vezes, penso em desistir e acabar com tudo, mas algo me impede de concretizar esse pensamento. Já se passaram milênios e perdi as esperanças de encontrar minha companheira. Um barulho atrás da porta me tira desses pensamentos intrusivos; na verdade, sei quem está atrás desta porta.

— Mãe? Está ocupada? — pergunta Chelsea.

— Entre, querida. Você sabe que nunca estou ocupada para vocês. — digo, com alegria.

A porta se abre, revelando meus dois filhos entrando no meu quarto. Eles devem ter acabado de voltar de uma missão. Às vezes, esqueço o quanto Aro pode ser bárbaro com nossa espécie.

— Mãe, sentimos saudades! Chelsea sentiu mais, você tinha que ver o drama. — Felix diz com um sorriso provocador, olhando para sua irmã, que fecha a cara assim que ouve o que ele disse.

— Mentiroso! Como você pode mentir assim? Nem pisca para falar essas bobagens! Eu senti saudades, sim, mas quem fez o drama foi você, seu ogro. — Chelsea responde, furiosa.

— Crianças, chega disso! Também senti saudades dos meus pãezinhos de mel. Venham cá. — digo com um sorriso, abrindo os braços para que se aproximem. Sem perder tempo, eles vêm até mim, cheios de carinho.

— Vocês se alimentaram direitinho? E como foi a missão? Que saudade senti de vocês! — pergunto, feliz por tê-los de volta.

— Foi tranquilo. Jane e Alec foram com a gente. Só tínhamos que confirmar algumas informações sobre um clã. — Felix responde, cansado. Ele só está nos Volturi por causa de mim e da irmã. — E a senhora? Se alimentou? Heidi trouxe comida o suficiente? — pergunta, preocupado com meu bem-estar.

— Sim, me alimentei hoje. Heidi trouxe um lanche, algo do tipo Mc alguma coisa? Não sei, mas estava muito bom. — Respondo com um sorriso, nunca me canso de como ele se preocupa comigo e com a irmã, mesmo que negue.

— A senhora saiu? Foi ver a tia Didyme ou ficou aqui nesse quarto a semana toda? — Chelsea pergunta, já sabendo a resposta. Ela quer me ver feliz, mas nos últimos anos pareço cada vez mais infeliz, mesmo que eles me façam feliz, há uma parte que está faltando.

— Heidi veio aqui, conversou comigo e trouxe comida. Corin também veio ontem para ver se eu precisava de algo. Bem, Didyme vem todos os dias me importunar. — digo com um sorriso ao final. Didyme sempre foi uma felicidade para mim, e serei eternamente grata por sua presença.

— Sim, tia Didyme adora provocar a senhora, especialmente chamando-a de vovó! — Felix diz com um sorriso maior ao ver minha expressão. Ele nunca se cansa das provocações entre mim e a tia.

— Você gosta de me provocar, não é, "filhote"? — digo, séria, e vejo o sorriso dele desaparecer ao ouvir essa palavra. Felix detesta quando o chamo assim, pois soa como se ele fosse apenas um cachorrinho da mamãe.

— Eu não acredito! Mãe, não me chame assim! Eu não sou um cachorro. — Felix diz entre dentes. Sorrio ao ouvir o ranger dos dentes dele, e me questiono se sou uma péssima mãe por achar isso divertido.

— Vocês dois podem parar com isso? Às vezes, nem parece mãe e filho, mas sim duas crianças brigando. — Chelsea diz, já estressada com a cena na sua frente. — Felix, viemos aqui para conversar sobre algo sério, lembra? — Pergunta ela com seriedade. Felix, ao ver isso, muda sua postura e fica sério.

— Falar sobre o quê? Por que essas caras? Vão, falem logo. — Pergunto, preocupada, não gostando do rumo da conversa.

— Chelsea e eu ouvimos Marcus discutindo com Aro sobre a senhora. Parece que Aro está ameaçando Marcus para não contar algo. — Felix diz sério, olhando para mim. — Nunca vi Aro tão descontrolado como hoje. Ele ameaçou até matar a tia Didyme se Marcus contasse. — Felix termina com um suspiro, temendo pela vida da tia.

— Achamos que pode ser algo relacionado à sua companheira, mãe. O que mais poderia fazer Aro perder a cabeça, a não ser perder sua mestre e o poder que ele tem ao tê-la ao lado dele? — Chelsea diz com entusiasmo, feliz por trazer boas notícias para mim. Após tanto sofrimento neste castelo assombrado, ela merece um pouco de esperança.

— Sim, achamos que Marcus descobriu que a senhora tem laços com alguém e Aro deve ter tocado nele e descoberto antes que ele pudesse contar. Assim, o ameaçou da maneira mais covarde que sabe fazer. O tio Marcus respeita a senhora, mas ama a tia Didyme e não contou para preservar seu bem-estar. — Felix diz pesaroso, mas também feliz, pois finalmente teremos uma família completa com nossa outra mãe.

— Vocês têm certeza disso? Como chegaram a essa conclusão? Meu Deus, nunca imaginei que Aro pudesse fazer isso, mas pensando bem, ele é capaz de coisas piores. — digo, já sentindo meu corpo reagir à fúria. Sinto um fogo me consumindo. Nunca senti algo assim, sou poderosa, mas parece que algo primitivo está despertando em mim. Saber que minha companheira me espera faz isso dentro de mim se acender.

— Mãe? A senhora está bem? Bem, a lógica nos leva a essa conclusão, mas não temos certeza! — Felix diz, preocupado.

— Por isso viemos até aqui, para contar à senhora. — Chelsea fala cautelosamente, pois sabe que sou impulsiva às vezes. Ela não quer causar discórdia entre mim e meu "neto", por mais que deteste Aro.

— Vou matar aquele bastardo, destruir tudo neste castelo. — grito, com fúria nos olhos. Quero tirar tudo de Aro, assim como ele tirou minha companheira.

— Não, mamãe, a senhora não pode! Se acalme, pense primeiro. — Chelsea diz com medo. Ela sabe que sou capaz de destruir tudo, mas não quer isso. Apesar de não gostar de Aro, tem amigos na guarda e, principalmente, seu companheiro Afton.

— Sim, mãe! Escute a Chelsea. Temos que ser mais inteligentes. Pense na tia Didyme e nos outros que sempre estiveram ao nosso lado. Pense no companheiro de Chelsea. — Felix fala num sussurro, sabendo que sou capaz de ouvir todo o castelo.

— Tudo bem. — digo, menos furiosa, mas ainda sentindo o fogo me consumir. A sensação de algo querendo sair é intensa.

— Converse com o tio Marcus amanhã. Agora a senhora precisa criar um escudo em mim e na Chelsea. — Felix diz sério, embora não goste quando uso meus poderes neles, é necessário agora. — Não só agora, mas também sobre o que vimos de Aro e Marcus discutindo. Aro não deve saber que sabemos disso, e amanhã teremos uma reunião. Ele tocará em mim e na Chelsea, então é preciso ser feito. — Felix fala, aproximando-se de mim.

— Sim, tem que ser feito. — Chelsea fala com um suspiro, também se aproximando de mim. — E o que a senhora decidir, estaremos ao seu lado. Faça o que achar necessário, mas pense nos outros, certo? — Chelsea diz, deixando um beijo em minha testa.

— Vocês são meus tesouros, amo muito vocês dois e agradeço por estarem na minha vida. Quando vi vocês neste castelo, soube que seriam importantes para mim. Meus dois filhotes, meus amores! — digo, dando um beijo na testa de cada um e colocando o escudo neles. Quem tentar olhar suas mentes, não encontrará o que procura. Está feito. — Vão para seus quartos, amanhã conversaremos, meus queridos! — despeço-me deles com carinho e um aceno de cabeça.

103 ANOS SEM ELA - R.H (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora