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POV S/N


Rosalie adormeceu no sofá da sala, com o rosto pálido e traços de cansaço gravados em sua expressão. Ela se encolhia levemente, como se até mesmo o sono fosse uma luta silenciosa. Por mais que eu quisesse negar, algo estava profundamente errado. Cada instinto meu gritava em alerta, mas eu não sabia onde buscar as respostas — até agora.

"Precisa olhar mais fundo, S/N." A voz de Iris surgiu na minha mente, tranquila e suave, mas com uma urgência que não deixava espaço para recusa. Ela nunca falava em vão.

Draguis e Atreus estavam calados, mas eu podia sentir suas presenças, como sombras vigilantes, observando cada pensamento meu com uma intensidade paciente. Eles sabiam. E eu estava prestes a descobrir.

Aproximei-me de Rosalie, ajoelhando ao seu lado, e estendi a mão sobre ela, hesitante. Toquei sua pele, sentindo o calor delicado que escapava de seu corpo. Ela sempre teve uma força indomável, uma energia vibrante que me fazia esquecer tudo ao redor. Mas agora, essa força parecia drenada.

Fechei os olhos, buscando o que Iris queria que eu enxergasse.

— Me mostre, Iris. O que eu estou perdendo? — murmurei, deixando minha mente se abrir ainda mais.

Ela está grávida, S/N, — Iris sussurrou com firmeza.

A palavra me atingiu como um golpe. Meus pensamentos se encheram de perguntas e dúvidas. Grávida? isso era realmente possível? Tentei digerir a notícia enquanto Iris e os outros me deixavam absorver essa revelação por completo. Então... por que o corpo dela estava reagindo assim?

— Como? — sussurrei, sentindo o peso da revelação me dominar.

Atreus riu em meio ao meu choque, uma risada sombria e encantadora. — Parece que você subestimou o que realmente é. Ou melhor, o que vocês duas são juntas.

A ideia se infiltrava lentamente, cada pedacinho se encaixando em um quebra-cabeça que eu jamais esperaria montar. Rosalie... estava grávida. De mim.

Draguis, sempre direto, interveio em meus pensamentos: — O corpo dela não está preparado. Ela está enfraquecendo, e nós não temos muito tempo.

A ansiedade cresceu dentro de mim. Eu estava tão paralisada que podia ouvir o coração de Rosalie batendo o mais fraco possível e lentamente, um lembrete suave e doloroso da fragilidade dela.

— Então, o que faço? — sussurrei para eles. — Como eu ajudo?

Foi Iris quem respondeu, com aquela calma quase etérea dela: — Você precisa olhar para o seu lado bruxa, S/N. Só com ele podemos manter Rosalie e os bebês seguros.

O pedido de Iris despertou algo que sempre mantive à distância. A magia sempre foi uma parte de mim que tentei conter, que evitei explorar.

Fechei os olhos, tentando controlar a onda de memórias dolorosas que surgiram em minha mente. Esse poder me trazia lembranças da minha mãe, do meu irmão, do quanto suas vidas foram marcadas por isso. Era uma parte de mim que sempre trouxe mais sofrimento do que qualquer outra coisa, mas Iris falava com a certeza de que essa era a única saída.

— Não é tão simples, Iris. Eu não quero reviver essa parte de mim... e não quero ter que encarar tudo isso agora. — Minha voz era um sussurro doloroso.

O silêncio que se seguiu foi perturbador. Até Draguis, com sua paciência sombria, parecia esperar em expectativa.

S/N, ela precisa disso. Você não pode se dar ao luxo de fugir de quem é agora, — Iris afirmou com um tom firme, mas não sem gentileza. — Eu entendo que olhar para o seu lado bruxa remete a lembranças dolorosas, mas Rosalie precisa de você, agora mais do que nunca. Sua conexão com ela fez possível o impossível, mas o corpo dela ainda é frágil para sustentar as vidas que agora carrega. A magia é a única maneira de proteger sua saúde e a dos bebês.

103 ANOS SEM ELA - R.H (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora