026

396 66 4
                                    


POV S/N


A floresta ao nosso redor estava viva — o cheiro das folhas úmidas, o vento cortando as copas das árvores, e o som distante da vida selvagem que parecia se acalmar à nossa aproximação. Cada passo sobre a vegetação era silencioso e coordenado, como se fôssemos parte do próprio ambiente. Estávamos todos lá: Carlisle, Esme, Alice, Jasper, Emmett, Rosalie e eu. Edward havia ficado para trás, levando Bella para uma última visita à mãe, como se isso realmente importasse. Em pouco tempo, ela nem se lembraria mais da vida humana.

Não que isso fizesse diferença para mim. Meu foco estava na caçada. Victoria tinha sido vista perto da floresta ao entardecer, e não havia tempo a perder. Emmett estava eufórico, seus músculos praticamente vibrando enquanto andávamos pelo território denso. Ele não via a hora de alcançar a ruiva e terminar a caçada com suas próprias mãos. Eu, por outro lado, não estava interessada em liderar essa perseguição. Meu lado mais sombrio – aquele que apenas Rosalie e Carlisle conheciam – precisava ser contido. Revelar o que eu realmente era agora não estava nos planos.

Emmett deu um leve sorriso para mim, os olhos brilhando de excitação. "Tá pronta? Eu vou pegar aquela desgraçada."

Balancei a cabeça com um leve sorriso, sabendo que ele estava apenas buscando confirmação para se jogar de cabeça nisso. "Vai lá, Emmett. Mas não me faz passar vergonha."

Foi nesse momento que o cheiro dela ficou mais forte no ar — doce e metálico, como sangue misturado com névoa. Alice parou abruptamente, os olhos ficando vazios enquanto tentava ver algo além da interferência dos lobos. Mas era tarde demais: Victoria já estava em movimento.

"Lá!" Alice sibilou, apontando para o norte.

Emmett não esperou. Com um rugido de puro entusiasmo, ele disparou pela floresta, abrindo caminho pelas árvores como um furacão. Não consegui evitar um riso contido. Sempre o apressado. Não muito atrás dele, disparei também, o ar da noite fria batendo no meu rosto enquanto corríamos. Senti Rosalie dentro de mim, uma presença calma e constante, compartilhando minha empolgação e o prazer quase animal da perseguição. Era como se estivéssemos conectadas por algo mais forte que nossos corpos; nossas mentes eram uma extensão uma da outra.

Cada passo fazia o chão estremecer sob meus pés, e a floresta parecia responder à minha presença — os galhos sussurravam, as folhas se agitavam. Eu podia ouvir até o menor ruído a quilômetros de distância, mas, ao mesmo tempo, era como se tudo estivesse ao alcance da minha mão. O mundo inteiro respirando comigo.

Então, a adrenalina aumentou quando percebi onde estávamos. As árvores começaram a mudar, e o ar ficou mais pesado. A linha invisível que separava nossas terras das dos lobos se aproximava rapidamente. A lembrança do tratado entre nossa família e os Quileutes brilhou em minha mente. Merda. Estamos perto demais.

Victoria não parecia se importar. Ela pulava com graça e precisão entre as árvores, o casaco vermelho esvoaçando atrás dela como uma bandeira. De repente, ouvi o som grave de patas enormes batendo no solo. Meu corpo gelou por um instante: lobos.

Victoria aproveitava a fronteira como se fosse seu playground, alternando entre nosso território e o deles, tirando vantagem da nossa hesitação. Enquanto corria atrás de Emmett, a excitação dele era palpável, quase infantil. Para ele, a caçada era pura diversão, sem espaço para preocupações.

Emmett estava a segundos de alcançá-la. Eu podia ver suas mãos estendidas, prontas para agarrá-la. Mas Victoria, com um salto gracioso, passou pela linha da fronteira, mergulhando direto no território dos lobos.

103 ANOS SEM ELA - R.H (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora