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៚ Alice Trindade

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Alice Trindade

Quando acordei na manhã seguinte, minha mãe ainda não queria falar comigo. Sempre eu estava em um cômodo ela saía dele, fingia que eu não existia mais naquela casa e assim permaneceu até o resto da semana. Fiz as pazes com Gabriela na escola e isso não interferiu em nada na nossa amizade, mas não contei pra ela sobre a visita de Gv na minha casa no meio da madrugada.

Continuei seguindo a minha rotina e até mais esforçada que antes, na tentativa de não a chatear ainda mais. Me forcei a esquecer a existência de Gv e tudo que aconteceu naquela noite, bloqueei seu número de telefone para não correr o risco de chegar alguma mensagem sua novamente.

No entanto, parecia que nenhum dos meus esforços eram suficientes para a minha mãe. Quanto mais eu tentava, mais distante de mim ficava. Num desses dias que tentei confrontar isso, ela gritou na minha cara que prefere fingir que não sou mais sua filha porque estava envergonhada demais pra me olhar. Sei que ela não gosta de mentiras, mas isso já estava passando dos limites.

Hoje era sábado, dia de baile do morro, aquele dia que odiávamos. Saí do quarto para jantar e quando cheguei na cozinha, ela pegou o prato e saiu com pressa para a mesa, como se eu fosse contagiosa. Meu Deus, qual a necessidade disso?

Ignorei essa atitude e fui até o fogão para pegar um pouco de sopa, no entanto, não tinha comida pra mim.

Suspirei pesado e procurei não surtar por isso. Peguei o único pão que sobrava e coloquei uma fatia de queijo nele, enchi um copo de suco tang e sentei na outra ponta da mesa, distante dela.

— Daqui a pouco vai rebolar a bunda nesses bailes, se perdeu mesmo... — ela começou — Se você soubesse tamanha vergonha que estou sentindo de você, nem ficaria perto de mim.

— E você quer que eu faça o quê? — rebati, sem medo — Já te pedi desculpas tantas vezes que perdi as contas.

— Tá reclamando? Você acha que tem quantos anos? — seu tom de voz aumentou — Acha que é a dona do próprio nariz? Você mora debaixo do meu teto, então sou eu quem mando em você.

— Mãe, eu tenho dezessete anos, não dez. Eu já estou bem grandinha pra decidir o que é bom e ruim para mim — tentei manter a calma, mas tudo que eu falava era levado para o lado ruim.

— Então você acha que virar uma putinha e se envolver com drogas é o melhor pra você?

— Não, mãe! Meu Deus, eu não to fazendo nada disso — expliquei — Só quero poder tomar minhas próprias decisões sem ter que me preocupar se você vai ou não gostar. Quero ter liberdade para escolher minhas amizades e poder ir ali na esquina sem precisar da sua permissão. Eu cresci, a senhora precisa entender isso.

No Morro do Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora