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៚ Alice Trindade

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Alice Trindade

São exatamente uma e trinta e quatro da manhã agora. Eu adoraria estar dormindo, mas os barulhos de tiros estão me impedindo de fazer isso.

Eu já deveria estar acostumada, é o que a mãe mais diz, ela nem sequer acorda com esses barulhos mais, tem um sono pesado como pedra. Afinal, é só mais um dia normal no Rio de Janeiro. Mas ainda assim, me incomodava e tirava completamente o meu sono.

Me remexi de um lado para o outro e coloquei a cabeça embaixo do travesseiro, mas nada adiantava. Os tiros cessaram por alguns segundos apenas para me dar uma falsa felicidade de que tinham desistido de se matar, mas voltaram.

Bufei irritada mas o susto foi muito maior quando uma mão bateu na minha janela. Arregalei os olhos ao observar isso pela luz do poste do lado de fora, minha cortina estava aberta, entretanto, a janela de vidro estava trancada. Continuei encarando a mão, esperando por algo. Achei que fosse apenas qualquer traficante se escondendo, mas reconheci aquele rosto quando ele levantou e apareceu do outro lado da janela, mesmo que o vidro deixasse tudo um pouco distorcido, era totalmente possível perceber que era ele. Gv.

Ele olhou de um lado para o outro e deu duas batidas fracas na janela. Meu lado racional gritou para que eu não levantasse, mas mesmo assim, me desvencilhei do meu edredom e corri até a janela, destrancando e abrindo um pouco.

— O que aconteceu? — perguntei, quase sussurrando.

— Levei um tiro e perdi minha arma — ele declarou — Abre essa porra, tão atrás de mim.

— É a polícia?

— Polícia o caralho, antes fosse. É a favela rival porque matei um deles — ele não esperou pela minha permissão e abriu mais a janela. Me afastei assustada e ele pulou rapidamente para dentro, com uma facilidade admirável. Gv se apressou em trancar a janela novamente e fechou as cortinas.

Arregalei os olhos sem saber o que fazer. Temia que minha mãe acordasse, então tranquei a minha porta. Talvez, caso ela acorde, não se importe com a porta trancada depois da nossa briga de hoje.

— Gv? — quando voltei a olhar para trás, ele estava sentado no chão e tirando a calça, fiquei desnorteada.

— O tiro foi na perna — ele me avisou, provavelmente já imaginava o meu desespero interior.

— Merda. Você quer ajuda? — mesmo com receio, me abaixei ao lado dele.

— Não. A bala já saiu, só tenho que parar o sangramento.

Então como se já não bastasse, ele tirou a camisa. Uma guerra se iniciou dentro de mim com o desejo de olhar e a tentativa de não fazer isso, Gv estava só de cueca na minha frente, pelo amor de Deus. Senhor, me salve daqui.

Foquei meus olhos na sua perna no momento que ele grunhiu de dor ao apertar a camisa em volta do local do tiro.

— Toma, bebe um pouco de água — Corri até a cabeceira da cama e peguei minha garrafinha de água. Voltei até ele e sentei no chão, entregando a ele. Ele sorriu ao ver que era da princesa Ariel.

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