៚ Alice Trindade
O dia passou rápido demais. Quando Gabriela chegou, arrumamos juntas o quarto que eu ficaria e ela focou nos mínimos detalhes de decoração. Inclusive quando voltou do shopping, tinha sacolas com diversas coisas para o meu quarto nos tons de rosa e lilás. Ela era tão incrível e atenciosa que eu me pergunto se mereço mesmo uma amizade assim.
Não encontrei mais com o Gv desde que chegamos, ele saiu novamente e sequer vi ele chegando. Agora eram uma e quarenta da madrugada e eu não conseguia dormir, pois só conseguia pensar se eu realmente tinha tomado a decisão certa ao aceitar isso, não posso negar, tenho um grande temor de Deus e não quero me perder no mundo.
Levantei da cama e fui no andar de baixo. Todas as luzes estavam apagadas, andei às cegas até a cozinha e acendi assim que cheguei no cômodo. Enchi um copo d'água e encostei no balcão, bebendo aos poucos o líquido gelado.
Será que eu deveria mesmo ter aceitado isso? Voltei a pensar.
Nunca trabalhei na minha vida e estou me jogando de cabeça no meio de um monte de traficantes impiedosos, pessoas que eu jurava odiar até poucos dias atrás.— Tá pensando no quê? — aquela voz rouca e grossa se pronunciou do outro lado da cozinha. Virei meu corpo de uma vez em sua direção, encontrando ele sem camisa mais uma vez.
Eu odiava o encontrar na madrugada e odiava ainda mais quando ele estava sem alguma peça de roupa.
— Você tá me perseguindo?
— Eu tava deitado no sofá — ele sorriu — Tu passou direto sem me ver.
Virei novamente na direção contrária dele e virei todo o resto da água de uma vez. Ao deixar o copo na pia, me assustei com um calor poucos centímetros atrás de mim.
Era Gv, atrás de mim. Tão perto que desordenou meus pensamentos.
— E aí, por que tá tão pensativa? — falou baixo.
— Isso que eu vou fazer é crime? — perguntei, minha voz saiu mais baixa do que eu desejava.
— Não é, Alice — afirmou — Agora, pelo amor de Deus, veste uma roupa quando tiver andando pela casa. Tu sabe que eu tenho uma quedinha por esse pijama.
Agradeço mentalmente por estar de costas para ele, porque não sei como está minha expressão nesse momento. Queria poder olhar para ele com nojo e o afastar de perto de mim, mas eu não faço isso porque talvez não seja o que eu realmente quero. E com certeza não estou com nojo.
— Por quê? — perguntei, fingindo uma falsa inocência.
De alguma forma, o perigo e tensão que ele emanava me atraía e me fazia querer chegar mais perto, como se esse homem fosse um mistério que preciso desvendar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No Morro do Alemão
RomanceQuando o quente e o frio se misturam, ocasiona um choque térmico. Então, o que mais poderia acontecer no encontro de duas almas tão diferentes? De um lado há Alice, uma menina doce e ingênua, tem seus princípios e segue o caminho de Deus no evangelh...